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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A mentalidade berzoínica que assola o PT

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, pôs fim de forma sumária a uma rebelião que ameaçava se instalar no partido contra privatizações como a da Companhia Vale do Rio Doce. Em discurso fechado aos delegados de sua tendência, a Construindo um Novo Brasil, ele descartou a realização de um plebiscito sobre a legalidade da venda da estatal, há dez anos, com o argumento de que isso seria uma afronta ao governo. A informação foi dada na Folha de hoje. Berzoini não desmentiu.

"Hoje somos o partido do presidente da República. O partido não deve institucionalmente se envolver com esse assunto. Vai criar problemas entre o partido e o Lula", disse Berzoini. O plebiscito teria a oposição da equipe econômica e provavelmente do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois despertaria velhos fantasmas e dúvidas sobre o respeito do PT a contratos e regras de mercado. A tese do plebiscito sobre a Vale surgiu em tendências "radicais" do PT, mas se espalhou pelo partido, a ponto de ter algum respaldo inclusive entre membros da direção afinada com o Planalto.

....

Quando Berzoini diz que “o partido não deve institucionalmente se envolver com esse assunto”, logo nos assalta a seguinte pergunta, que pula de dentro da meiga afirmação berzoínica:

- Com o quê então o Partido deve se envolver, cara pálida?

A vigorar essa mentalidade berzoínica, o PT teria que cerrar as portas, hibernar no longo inverno do poder planaltino e somente acordar quando o lulismo fizer parte dos compêndios de história do ensino fundamental.

Nada pessoal, mas Berzoini simboliza e representa o melhor figurino da vanguarda do atraso. Patético!

13 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Impressionante como o PT gosta de ficar discutindo o sexo dos anjos. O ranço ideológico ainda pulsa. Quer fazer um plebiscito ? que se faça sobre o aborto, sobre a menoridade penal e outros assuntos muito mais importantes do que este. A Vale é privada, é uma empresa nacional, emprega bem, paga muito mais imposto do que na época em que era estatal e o mundo segue, o mundo gira. O Estado não consegue administrar nem mesmo a prisão de Fernandinho Beira Mar e quer administrar a Vale. Para que? Para colocar a militância ali dentro para fazer picaretagem, como se fez no mensalão (com dinheiro das estatais) e na CGTEE?

Anônimo disse...

O Maia esqueceu de completar como, por exemplo, o que se fez no gabinete da Yeda com os selos.

Anônimo disse...

O mais impressionante do argumento do Maia é que ele tem convicção, certeza, que suas afirmações não são ideológicas, mas resultado de uma reflexão racional.

Anônimo disse...

Que tal admitir a privatização mediante o resgate do preço justo?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Anônimo, é evidente que minhas considerações são ideológicas. O que critico é o ranço ideológico. Será que vale a pena reestatizar a Vale? Na Justiça Federal se discute o valor da avaliação (Essa é a discussão sempre corrente em licitações) e quem vai decidir isso vai ser a Justiça. Será que vale a pena ao governo do PT entrar nessa briga? Berzoini está certíssimo em não levar o assunto adiante. Deixa a Justiça decidir. Se a Justiça anular vamos privatizar a Vale de novo, porque não tem nenhum sentido o Estado brasileiro ficar gerindo uma empresa como a Vale. É bom para o cabide de emprego da politicagem e para a picaretagem do mensalão. Melhor, muito melhor a Vale privada do que estatal. Alguém aqui tem saudades do monopólio estatal das teles?

Anônimo disse...

Eu tenho, era muito melhor brigar com a CRT aqui na esquina da Borges do que ligar para o Call Center da Brasil Telecom em Goiânia. Se você deseja falar sobre ... tecle 5 ... senão tecle 6 ... e assim vai. Um inferno. Vai a Bento o pergunta para os gringos o que eles acham da RGE. Terás uma surpresa. Ou pergunta para o arrozeiros de Uruguaiana o que acham da Rio Grande AES SUL.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Nesse aspecto eu também concordo contigo anônimo, o serviço de atendimento da antiga CRT era melhor. Mas no geral, o sistema privado democratizou a telefonia. NO sistema estatal a telefonia era utilizada apenas pela elite. E monopólio é o fim da picada.

Anônimo disse...

Caro Maia, o que democratizou a telefonia não foi a privatização, e sim a tecnologia. Quando foi privatizada, a CRT já tinha sua rede pronta para a transformação em sinal digital, que multiplicou cada linha existente em no mínimo 10.
E se tu tivesse vida militante saberia que a Justiça também precisa ler o contexto. Se avalia um caso da grandeza desse absurdo que foi a doação da Vale (pelo FHC, diga-se de passagem), mas não tem "bafo na nuca" da população, o bafo do mercado é que orienta suas decisões.
Tu fala em impostos... Impostos que a VRD poderia pagar não representam frações do que ela gera, e exporta a preços módicos para seus parceiros no mundo global. Além do quê (não te assusta com o que vou falar): Papai Noel não existe, e a Vale não é nacional.
Tem sim que reestsatizar, ou desprivatizar

Carlos Eduardo da Maia disse...

Para ter acesso á tecnologia tem de ter grana, capital, tem de ter boa administração, administrar custos, racionalizar despesas. Tem de ser uma empresa rápida no gatilho e uma estatal está atrelada às exigências da licitação para contratar etc. A CRT estava longe de ter uma boa tecnologia na época. E Britto fez muito bem, foi a melhor coisa que ele fez na administração dele, em privatizar a CRT, porque esse dinheiro entrou no Estado (A GM veio por causa dele e a Ford ....bem, essa a gente sabe o que aconteceu) e se não fosse assim, a CRT iria entrar no leilão de todo o sistema Telebrás. Nessa época, em 97, lembro que visitei a Argentina e o Chile e ambos os países já tinham tecnologia da ex estatal telefónica de Espanha (privatizada pelo PSOE) e não era necessário aguardar dias para conseguir uma linha. Na época da CRT estatal, a gente esperava, esperava e nada acontecia.

Anônimo disse...

A grana de da privatização da CRT, construida com o esforço de uma geração de gaúchos e fragilizada por uma política anti-inflacionária que deprimia as tarefas, foi repassada para uma dos maiores multinacionais do mundo. É dose!!! A CRT hoje poderia ser base para recompor as finanças do Estado, fazendo parte do sistema previdenciário, como a COPEL no Paraná que não foi privatizada.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Foi passada para a Telefónica de Espanha que foi obrigada, por força da lei, a passar para o grupo Brasil Telecom, por valor inferior ao adquirido na privatização. A grana da privatização da CRT foi emprestada ( e não doada) para a GM que construiu sua fábrica em Gravataí e fez circular e muito capital naquela cidade, alimentando o PIB, os impostos e a renda daquele município, como já se divulgou inclusive neste Blog. Não havia como a CRT não ser privatizada, se Britto não fizesse ( e fez muiiiito bem) ela iria ser licitada junto com todo o sistema Telebrás. Foi ótimo para o Brasil a privatização das teles que terminou com a farra do monopólio estatal que tinha como objetivo principal o empreguismo e depois o serviço.

Anônimo disse...

Por que devemos financiar a mais-valia dos ricos? Somos tão incompetentes que não conseguimos gerar nossos próprios postos de trabalho?

Carlos Eduardo da Maia disse...

O Estado é patrão do servidor público e dos CCs indicados pelo dono do poder. O Estado não somos nós. O Estado não é o povo. Mas tem de servir ao povo de forma eficiente, o que não ocorre no Brasil de hoje e não ocorreu no Brasil de ontem. Que no Brasil de amanhã o Estado sirva ao povo -- de forma eficiente, transparente e justa.

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