Uma avaliação de conjuntura hoje deve considerar pelo menos três grandes fenômenos que se alimentam, mutuamente, entre outros. Primeiro, a crise da esquerda mundial, que já vem desde o final da década de 80. Segundo, o sentido refluxo do movimento social no Brasil. Terceiro, a crise terminal do PT, especialmente a partir da chegada do lulismo ao governo central e da aguda crise ética de 2005.
O Partido dos Trabalhadores está sendo vencido pelas suas próprias contradições internas, em face disso, não consegue intervir nas questões mais singelas da conjuntura. Os exemplos são numerosos. Podemos citar aleatoriamente – aqui no RS – a reunião dos representantes dos trabalhadores do grupo multinacional Gerdau, que ano passado fizeram importante simpósio para tratar da defesa dos seus direitos trabalhistas tão desrespeitados pela política de pessoal do mega grupo metalúrgico. O PT-RS sequer tirou uma nota de solidariedade à luta legítima daqueles trabalhadores. Ou a tão necessária intervenção no debate com a mídia despótica brasileira.
Os exemplos são copiosos.
Um verdadeiro intelectual orgânico chama para si e vanguardeia a luta pelo desmascaramento da impostura da direita e propõe formas estratégicas de combate permanente ao conservadorismo golpista e recalcitrante.
No entanto, o PT – como partido – mantém-se solenemente mudo face ao acirramento da luta de classes expresso pelas oligarquias midiáticas do País. Que o Palácio do Planalto não queira fazer esse enfrentamento, até se compreende, haja vista a realidade a qual se submeteu o lulismo, mas que o PT, como num mecanismo de correia de transmissão, caia na afasia e na inação é mais que inexplicável, é inadmissível. Salvo que esteja se exonerando das suas velhas qualidades e virtudes históricas para aceitar a condição de vir a ser o mais novo partido da ordem eleitoral e da velha tradição liberal brasileira.
Neste sentido, concluindo que o PT marcha a passos decididos para constituir-se num partido meramente eleitoral, como tantos outros, é que se faz necessário a reflexão sobre o caminho a seguir na era pós-PT.
Este blog, nascido em abril de 2006, é um pouco o resultado desta perplexidade das esquerdas – eleitorais e não-eleitorais. Para tanto, estamos examinando e debatendo o Movimento Consulta Popular, uma organização política não-partidária (no sentido burocrático-cartorial), que reúne militantes individuais e orgânicos de movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais e – por que não – do próprio PT, bem como de outras organizações de esquerda que buscam um novo instrumento estratégico de luta - um novo intelectual orgânico a la Gramsci – capaz de construir um autêntico projeto popular para o Brasil.
No portal do Movimento Consulta Popular podemos encontrar textos e documentos que justificam a necessidade de um novo instrumento orgânico de lutas, não contra o PT, mas a favor de um Brasil soberano e de uma cidadania autônoma, consciente e participativa.
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6 comentários:
Um verdadeiro "intelectual orgânico" pode também ingressar a fundo nos labirintos da paranóia e da esquizofrenia. O Lulismo é o próprio PT que virou social-democrata (para o bem do Brasil), mas certas pessoas insistem em não querer enxergar.
Já senti que no Brasil quando o sujeito se acanalha politicamente, os cientistas sociais de araque não tendo mais com que rotulá-lo passam a chamar o neocanalha de "social-democrata".
Entendi, Juarez, agora a canalhice tem lado. Os canalhas ou são de centro esquerda, de centro ou de direita. A esquerda nunca é canalha. Vivendo e aprendendo.
É isso aí, Cristóvão! Tenho analisado essa alternativa também, com seriedade. É lastimável que o PT tenha convergido por esse caminho, tão nefasto e danoso a nossa sociedade (é só analisar as palavras do Maia elogiando a guinada do PT para a SD). Mas fecham-se janelas ao mesmo tempo em que abrem-se portas. O Movimento Consulta Popular tende a ser uma boa alternativa aos órfãos da esquerda, arejada, coerente e atual. Vamos em frente que no Brasil tem gente!!
Maia, no caso da esquerda, vira ex-gauche...
A vida comprova.
Aliás, o canalha-mor, Carlos Lacerda dizia: "ser comunista na juventude é sinal de inteligência, na velhice burrice". Onde estão os canalhas (os maiores, os provados na canalhice)?
Faço elogio sim, Leandro, pela guinada do PT à social democracia. Isso faz lembrar o grande discurso que o líder do PSDB fez na tribuna da Câmara logo depois que o PT aprovou a necessária reforma da previdência. Bem-vindo PT ao campo das reformas. Esse é o caminho, essa é a linguagem para um Brasil melhor e possível. Que se façam os pactos e as reformas necessárias para este país ir além. Como diz o Buzz Lightyear: ao infinito e além.
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