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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

E o partido de vanguarda, onde está?

Quando se constatou a inevitabilidade da vitória do tucanato aqui no Rio Grande do Sul, através da professora neoliberal Yeda Crusius, muitos observadores – inclusive este blog – previram o advento de um tempo de grandes mobilizações de corporações, de sindicatos e de movimentos sociais.

Agora este tempo chegou. As mobilizações organizadas crescem a cada semana no Estado. Resultam do temor pelas ameaças de subtração de direitos, pela ameaça de alienação de patrimônio público, pelo descumprimento das funções mínimas do Estado, como saúde e educação, pela manutenção de incentivos e renúncia fiscal que implicam prejuízo grave ao Tesouro, pelo descontrole do Estado para com práticas predatórias ao meio ambiente, pelo desmonte da máquina pública, pela anomia administrativa, etc, etc.

De parte das entidades que estão se mobilizando, entretanto, falta uma coordenação geral unitária que organize todos os movimentos contra o Piratini de forma mais concentrada, racional, orgânica, com palavras de ordem unitárias, e em regime de convergência de energias políticas. Por exemplo: é necessária uma discussão sobre o ponto final das mobilizações, por enquanto a manifestação final é defronte ao Palácio Piratini. Mas é preciso cogitar de levá-la para a frente da sede da RBS, na avenida Ipiranga esquina com a Érico Veríssimo; afinal, a RBS é o partido real e efetivo que está no poder, é o núcleo orgânico deste poder e através de seus inúmeros veículos (jornal, rádio e tevê) pauta o debate político dizendo o que é certo e o que é errado na província de São Pedro. Dona Yeda é apenas uma marionete neste jogo de luzes e sombras do bloco no poder guasca.

Nesta hora, pois, é que falta um partido político de vanguarda, confiável e legítimo que dê a linha política unitária do movimento antineoliberal no Estado.

Mas onde está este Partido? Ele existe? Não existe? Se existe só cartorialmente, estará ele debaixo da cama?

19 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

De fato, a RBS hipnotiza e hipnotizou o povo do RS. A RBS come criancinhas. Se Yeda fosse neoliberal o vice Paulo Feij� estaria tri atuante.

Omar disse...

Parece não haver interesse em uma coordenação unificada. Muitas lideranças que poderiam propor isso estão mais interessadas na agenda eleitoral. A unificação de movimentos conforme descrito no texto parece ser entendida como processo diluidor do vetor eleitoral, considerado prioritário pela maioria das agremiações políticas. Caberia, talvez, ao movimento sindical tentar essa façanha.

Anônimo disse...

Bom-dia!

O Partido somos nós, o povo, como diz lá no verso de Lenin, porque se formos depender de homens políticos, eles estão partidos. Vivemos tempos de homens partidos.

PS. Como eu disse no ínício da semana, o presidente Lula estará aqui hoje à tarde durante algumas horas, para liberação de pesados recursos do PAC que serão investidos em saneamento, coisa que há mais de dez anos não é feita por estas bandas. Li que o governo estadual já pensa em lançar ações da companhia Corsan na bolsa, com a intenção de capitalizá-la. Isso está correto?

Anônimo disse...

Quanto é será que pagam para esse tal Maia? Com certeza está em patamar acima dos 15 pilas diários dos porta-bandeiras da direita. Te cuida Maia... o rapa tá vem aí...

Anônimo disse...

Para os neoliberais, com o discurso de Estado eficiente, encobre na verdade o "laissez faire, laissez passer", desde que ganhem e lucrem. Mas, quando aperta, como na recente crise imobiliário nos EUA, aí exigem que o Estado que querem mínimo e invisível, apareça e salve a lavoura. O mesmo serve para os empresários que batem à porta do BNDES pedindo socorro. O mesmo serve para os empresários que diariamente fazem fila às portas do Ministério do Desenvolvimento e da Fazenda. Estado mínimo mas presente e atuante nos seus interesses. Hipócritas.

Anônimo disse...

No momento não há partido!O PT ,em sua fração regional possui (ou possuia?) correntes sociais democratas, poderia ter este papel, mas se encolheu, seus dirigentes estão algo rechonchudos e lépidos na disputa por cargos ou se movimentam apenas em períodos eleitorais, em que pese as exceções. Ser vanguarda não é defeito - é virtude, pois nada se modifica se o partido não for além do senso comum.Ser cativo de pesquisas ou da opinião de pretensos jornalistas ou de editoriais é ser prisioneiro do atraso liberal vigente. E nem é necessário ser marxista leninista para estabelecer uma certa direção moral-intelectual com o propósito de radicalizar a democracia como bem mostram ,inclusive, exemplos regionais de organização como o velho PRR. Que tristeza relembrar velhissimas lições!

Anônimo disse...

Muito bem lembrado, Monteiro.

Anônimo disse...

Adendo; relembrando, PRR: Partido Republicano Rio-grandense dirigido pelo saudoso Júlio de Castilhos odiado até hoje pelos liberais guascas que não se cansam de denegri-lo, pois bem sabem o que siginifica ser firme em projetos políticos emancipatórios.Óbvio que devemso guardar o contexto das lutas no RS, mas há um fio de conduta intolerável aos liberais de sempre.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Estado eficiente é o que funciona e, sobretudo, para quem necessita de serviço público, a população de baixa renda. A Europa passou da barbárie à civilização aprendendo exatamente essa linguagem que o Brasil insiste em não querer aprender.

Anônimo disse...

Professor monteiro, ser vanguarda não é defeito, nem virtude. É dever. O PT já foi vanguarda. Hoje não está nem na retaguarda. O PT hoje está debaixo da cama, como bem disse Feil.

Anônimo disse...

Não Maia, a Europa passou da barbárie para a social-democracia (versão light do socialismo) e acertou o papel do Estado junto a quem precisa: o povo. Veja a França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, etc. Onde não houve essa passagem - Portugal e Espanha, o Estado continuou servindo os privilegiados.

Carlos Eduardo da Maia disse...

E os dirigentes do PT estão sendo indiciados - neste exato momento pelo STF -- por corrupção, formação de quadrilha, tráfico de influências, peculado, desvio de dinheiro público e as estatais estão envolvidas. E o silêncio dos blogs de esquerda é absoluto.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, a Europa seguiu uma linguagem de desenvolvimento. E isso é um aprendizado. Portugal e Espanha estão indo pelo mesmo caminho. O progresso econômico e social dos paíse da península ibérica é imenso nos últimos anos. E por que isso? Porque houve investimento público e privado, o capital circula, se fez reformas políticas e econômicas para isso acontecer. E o Brasil, ao invés de seguir o mesmo curso, o mesmo caminho, engatinha e se perde no lenga lenga ideológico do anacronismo e o governo do PT é muito sonolento, muito lento, muita discussão e pouca ação.

Anônimo disse...

Cristóvão,

Lê meus posts sobre MIDIATIZAÇÃO e o último sobre o porquê da Manu merecer meu voto.

O espaço público em um ambiente urbano onde o automóvel e as perimetrais esvaziam as aglomerações humanas em favor do fluxo (fluxo de veículos, fluxo de mercadorias, fluxo de idéias, fluxo de informação - fluxo é o termo da moda) transforma o espaço da mídia (sobretudo da televisão) em espaço público.

Não importa se é de esquerda ou de direita, pois todo motorista é midiatizado e tem o seu carango para ir e vir e vive estressado quando o trânsito não anda: tudo o que atrapalha o fluxo é malquisto.

Pode ser a obra parada na periferia (Baltazar, entre POA e Alvorada); a manifestação do MST na RS 174; o Cansei no Parcão ou 10 caminhões de bombeiro pra resgatar o gatinho da dona Marocas que subiu na única árvore adulta que existe na praça da Encol, não importa: tudo o que interrompe o fluxo é antipático.

E, como a quantidade de notícias é grande (mas a informação é pequena, ou por causa do Pensamento Único da Mídia, ou porque, simplesmente, não oferece novidade alguma), a comunicação mediada passou a ser o espaço público da atualidade.

A esquerda, mesmo sem ser dona dos meios de produção midiática, precisa saber se apropriar dos raríssimos espaços que obtém nesse meio para ser impactante, ágil e leve em poucas palavras e sem dar trela para os repórteres e comentaristas, ao mesmo tempo em que deve tomar conta da internet.

[]'s,
Hélio

Anônimo disse...

Feil, belo post, foi direto a fonte, o PRBS é a abelha rainha desta fabrica do concenso e manipulações na regiao SUL.

Anônimo disse...

Maia,
É impressão minha ou tu achas que foi com livre fluxo de capitais q França, Suécia, Noruega...chegaram ao seu estágio? Não ves q sistematicamente oq se observa é uma regressão do seu padrão de vida. Fruto de que??? Resultado de que??? Essa é uma longa discussão, o pq destes países terem conseguiddo um excelente padrõa de desenvolviemtno social (padrão fordista de acumulação, pressão do comunismo internacional, modelo fechado, etc...)mas dizer que é fruto das políticas (que pelas suas posições entendo como liberalizantes) para livre mobilidade de capitais é, parafraseando vc mesmo (e o Aod) ou burrice, ou má fé. Ou como vc gostaria de chamar, mediocridade ou desonestidade intelectual.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Boringa, o Estado é fundamental. Serviço público é fundamental. É unica forma de se fazer um país funcionar. O Estado francês, sueco e norueguês funcionam. É exatamente ai que temos de chegar. E existe uma linguagem, uma receita para isso. E essa linguagem não é a da discórdia, da divergência e nem mesmo da divisão. Espanha e Portugal estão indo pelo mesmo caminho. O Chile que cresceu muito este ano também. É só o Brasil seguir essa receita. Não defendo Estado mínimo, mas eficiente. Não defendo livre fluxo de capital, mas um controle estatal responsável e transparente sobre a atividade privada que também deve participar e colaborar para a construção de um Brasil melhor e mais justo. O resto, o resto é pura burrice e anacronismo ideológico. Um materialismo histórico que virou determinismo idealista.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Ao Hélio Paz, interessante teu comentário. A esquerda não se deu conta que seu discurso não cativa as pessoas que vão de um lado para o outro da cidade. Não cativa, porque é um discurso defasado, lento, que parou na história. O que, afinal, a esquerda defende, além de criticar? Qual, afinal, o modelo a seguir? O que a esquerda sugere para o RS vencer os desafios da crise financeira? Até meu cão, o Trosco, sabe que o discurso da esquerda anda mais perdido do que São Bernardo em bang bang. Por isso, que as pessoas se irritam quando a meia dúzia do MST, essa minoria participativa, fica trancando o trânsito nas cidades, porque todo mundo sabe que isso não adianta nada. A cidade moderna é complexa, é difusa, é multifacetária, é plural, é cheia de tribos e opções. Esse é o mundo pós-moderno que acabou com aquele maniqueísmo, aquele dualismo, aquela divisão restrita da sociedade entre exploradores e explorados que havia no século XIX e parte do século XX. O mundo mudou. Estamos embutidos num globo que necessita e -- muiiiito -- ser mais humanitário, mais igualitário, mais fraterno. Mas que caminho seguir?

Anônimo disse...

Já que a metrópole pós-moderna é cheia de "tribos" ao invés de classes, pq o maio não pega seu banquinho e sai de fininho para a dele????

Tem que aguentar cada uma...

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