O grupo RBS (que apoiou o golpe de 1964) chama em editorial a operação de “reestatização branca”. Zeagá considera o “negócio ao mesmo tempo bilionário, suspeito e sem sentido”, essa operação comercial da Petrobrás (aqui neste blog continuaremos grafar Petrobrás com acento conforme a boa gramática ensina, o acento agudo foi retirado na gestão tucana de FHC, por razões puramente mercadológicas; o tucanato entreguista, inclusive, queria trocar o nome da estatal para Petrobrax, lembram?).
Mas não demonstram por que motivo o negócio é “suspeito”. Se Zeagá suspeita que algo seja “suspeito”, tem o dever de fazer uma denúncia formal às autoridades e à CVM.
O curioso é que Zeagá tem duas leituras para o mesmo tema das empresas estatais. Por exemplo, o Banrisul – um banco estatal – abandona claramente sua tradição de banco social e adentra no maravilhoso mundo das bolsas de valores – esse capitalismo-cassino – e quanto a isso nada é suspeito. Sim, porque a condição especulativa das bolsas é absolutamente incompatível com a indução social de créditos para a geração de emprego e renda. O caminho do Banrisul, orientado por uma lógica puramente especulativo-financeira, é um caminho sem volta, mesmo que a instituição permaneça nominalmente estatal e pública. Investidores de bolsas não querem saber de empresa que cumpra papel social, querem unicamente um ambiente acolhedor e prolífico para as suas economias de “ganancia”, como diz o espanhol.
Já a Petrobrás, uma estatal ao nível de excelência, não pode orientar-se pela lógica (produtiva) de mercado, tem que ser um gigante ineficiente, pesado, burro, e apatetado. Se se comportar como uma empresa moderna e ágil está praticando uma “suspeita reestatização branca”.
O grupo RBS (que apoiou o golpe militar de 1964 e prepara um pega-ratão bonitaço para o presidente Lula) deveria ouvir melhor a opinião de um dos seus gurus espirituais e negociais como o multinacional empresário Jorge Gerdau Johannpeter, cujo grupo metalúrgico está investindo pesado na Venezuela, inclusive em associações com empresas estatais do bravo país bolivariano. Gerdau, quando resolveu investir na Venezuela, certamente nunca refletiu sobre a cor da exitosa estatização chavista, se ela é branca, vermelha ou amarela.
Outro neoliberal que causa estranheza pelo mesmo motivo é o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. Segundo a jornalista Denise Nunes, no Correio de hoje, Grubisich reiterou ontem que não aceita a posição da Petrobrás como controladora da petroquímica Suzano, apenas como “minoritária relevante”. Já na Venezuela de Hugo Chávez, onde tem dois grandes projetos, lembra a jornalista, a Braskem topou sociedade de 50% com a bolivariana estatal Pequivem.
Já se vê que estamos cada vez mais rodeados de neoliberais de araque.
Coisas da vida.
13 comentários:
A questão que está em jogo é o possível monopólio estatal da Petrobrás que deve ser evitado. Monopólio público ou privado é sempre danoso a todos e tem de ser combatido. Endosso integralmente a preocupação da ZH. A questão da capitalização do Banrisul (apenas a burrice ou má fé pode entender que isso significa privatização) é outra discussão e não tem nenhuma pertinência com esse assunto.
A RBS também deve estar preocupadíssima com o oligopólio privado na mídia, por óbvia coerência.
O problema dos neoliberiais de araque é a incapacidade de entender que uma empresa pública pode ser bem administrada, eficiente e lucrativa.
Guimas, concordo contigo, uma empresa pública pode ser bem administrada, eficiente,lucrativa e transparente (neste último ponto, a Petrobrás tem seus defeitos). Mas para que isso ocorra a empresa pública tem de estar blindada dos políticos de plantão e de ocasião. Uma empresa pública deve ser gerida responsavelmente, longe do empreguismo da militância simpatizante e do populismo abocanhador de votos.
Falta completar, Maia, e do tucanismo predador, voraz e entreguista.
Acho q a capitalização do Banrisul é privatização branca. Segundo Maia, parafraseando seu guru Aod Cunha, sou burro ou estou de má fé?
Maia não repita chãvões de seus gurus q só desqualificam qlquer discussão. Vc é melhor tentando apresentar argumentos, se bem q são sempre os mesmos...Estado eficiente blablabla. Seria esta a direita mediocre? Para se pensar...
E por fim. Tu não trabalha não Maia???? Haja tempo para ficar postando...
Sugiro a leitura o artigo "O neoliberalismo à brasileira" do prof. Ricardo Luiz Chagas Amorim. Trecho selecionado para o Maia: "A repetição constante de discursos e reportagens sobre a "ineficiência do Estado" e seu "elevado custo" transmutou o mantra em verdade".
Conclui que o neoliberalismo da era dos Fernandos (collor e Cardoso) consolidaram "um novo padrão de capitalização no país, crescentemente financeiro e menos produtivo".
armando
...o chefe do maia, é a yeda crusius, que faz vistas grossas para o fato dele não trabalhar.
O neoliberalismo de Cardoso é o mesmo neoliberalismo de Lula. A política econômica é a mesma. Estado ineficiente é estado mal gerido. E, infelizmente, a realidade brasileira (vejam o que é a saúde, o SUS, a educação, a segurança, o caos aéreo etc..) é de serviço público ineficiente. Mas acredito sim em serviço público eficiente. Serviço Público e ineficiência não são sinônimos.
esqueci de dizer que o artigo do prof. Ricardo, está na Folha de hoje. Desculpem-me.
Aos 'ANÔNIMOS': gente, sobre a assinatura da IDENTIDADE aqui no blog é simples: depois que vc postar o seu comentário, clica onde diz 'outro', escreva seu nome e o que mais quiser(cidade, estado, e-mail) no espaço onde diz, 'NOME DO USUÁRIO'(ao clicar ali, ele muda e fica somente 'NOME'), depois clica no espaço em laranja onde diz 'PUBLICAR COMENTÁRIO'. Mais facinho que roubar doce de criancinha(risos). espero ter ajudado aos 'anônimos'. Beijos. Verinha
boa, Verinha. afinal isso aqui não é reunião do A.A.
(que eu saiba)
Não é reunião do AA, Joice, e pode-se beber. Eu deixo.
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