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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ao contrário do Brasil, Uruguai caiu de pé




A idiotia midiática que - com certeza - massacra o telespectador/ouvinte/leitor

Apesar de sofrer uma derrota esportiva, o selecionado do Uruguai obteve uma vitória moral, face a outros selecionados nacionais. Refiro-me diretamente ao time brasileiro comandado por Dunga, com mandato emitido pela CBF, que parece ser uma monarquia, já que está sob domínio de João Havelange e seus parentes e afilhados há quase seis décadas.

O Uruguai - perdoem o lugar-comum - caiu de pé. O Brasil caiu de quatro patas, e se comportando de forma reprovável, com jogadores em visível desequilíbrio psíquico e o treinador esmurrando postes de metal, ao vivo, em pleno desenrolar da partida com a Holanda. Um espetáculo de selvageria que envergonha a todos os brasileiros civilizados.

Os 45 minutos finais do jogo terminal com os holandeses foi como uma síntese dos quatro anos de preparação do time da CBF: mau futebol e desordem mental. O onze brasileiro parecia um bando de furiosos e esquecidos. Esqueceram que se trata de uma mera prática esportiva, mas sobretudo esqueceram os clichês que falam do caráter brasileiro - cordialidade, bom humor, malemolência e picardia - e se transformaram em cães hidrófobos com sede de sangue e vingança. Em nome de quê mesmo?

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A mídia brasuca, sempre pronta a provocar uma falsa disputa, para bem além do futebol, entre brasileiros e argentinos, esqueceu de registrar: o selecionado da Argentina foi recebido no aeroporto de Ezeiza, na periferia de Buenos Aires, por cerca de 15 mil torcedores e em plena luz do dia.

Já o selecionado brasileiro - o "time da CBF", como faço questão de frisar - não foi recebido por nenhum torcedor quando o avião pousou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, segunda-feira passada. O horário programado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi o das 5 horas da manhã, justamente para que ninguém se sentisse estimulado a comparecer ao desembarque dos derrotados na África do Sul.

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A quantidade de tolices que os jornalistas esportivos despejam no ouvido dos telespectadores é uma coisa desumana. Não se trata de exigir que tais jornalistas sejam lordes cultos e espirituosos, mas apenas que não sejam obtusos e ignorantes. Alguns deles deixam transparecer o que eu chamo de orgulho do idiota, o sujeito que por ser estúpido se julga normalizado na gelatina marrom da vulgaridade.

"Com certeza" - como eles dizem, depois que aboliram em definitivo o advérbio ou substantivo "sim". O idiota up to date jamais diz "sim". Ele cacareja "com certeza". É mais chique, mais inteligente, funcional e "muderno".

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Os jornalistas-com-certeza que cobrem a copa de futebol da África do Sul pronunciam qualquer nome ou vocábulo estrangeiro com audível acento anglo-estadunidense. O sobrenome alemão Weber, para ilustrar, que se pronuncia Vêber, para a mídia-com-certeza se transforma em Uéber, num evidente cacoete fonético anglófilo. Eles conseguem "inglesificar" (perdão pelo neologismo) até os nomes espanhóis, franceses, italianos. Saiu do português, o resto tudo é inglês ou estadunidense, com certeza.

8 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro,

Não repita então o jornalismo esportivo. Me diga qual foi a seleção brasileira que perdeu e foi recebida com festa??? Raro acontecer. Não gosto de Dunga, mais dizer que o time não lutou é uma falsidade. Quem não lutou nada foi a Argentina contra a Alemanha. Agora, nosso time tinha claras limitações.

Gilmar da Rosa disse...

Com certeza Cristóvão. Hehehehe. Com parrilla é melhor.

Carlos Eduardo da Maia disse...

O Brasil jogou muito bem nos 45 minutos iniciais, foi soberano, não perdia divididas, não deixou a Holanda jogar. E no segundo tempo foi aquela catástrofe, faltou garra, camiseta, empenho, dedicação e preparo. Mas o retrospecto de Dunga na frente da canarinha foi magnífico, quase estupendo. Mas isso parece não importar mais, porque no Brasil, diferente do que ocorre na Argentina, somos obrigados a trazermos o caneco, porque simplesmente somos arrogantes.

Anônimo disse...

Mas essa prática de caes hidrofobos com sede de sangue e vingança ja se incorporou ao futebol brasileiro ha muito tempo, acredito que desde de 1982 o último suspiro do futebol arte brasileiro. Aqui no Rio Grande do Sul tem torcedor de certa agremiação que se orgulha de pertencer a um exercito, de serem "guerreiros", e tratar os outros como raças inferiores. Algo de fascista nesse comportamento não? Quanto aos que cairam, na minha opinião somente o Uruguai jogou com dignidade e caiu de pé. Brasil(de fato jogou bem o primeiro tempo mas pareciam meio descontrolados apesar do placar a favor) e Argentina não, os argentinos sim pareciam arrogantes(eu estava torcendo pelo Maradona, até pra calar a boca de certos jornalistas mas....)

Anônimo disse...

"Está com nós" dunga é o retrato da mediocridade tosca que assola o futebeol da CBF e a mídia patrioteira.

armando do prado

Hélio Sassen Paz disse...

Preciso discordar de ti quando generalizas em relação ao jornalismo esportivo: já ouviste falar na ESPN Brasil?

[]'s,
Hélio

goí disse...

Essa do sotaque me intriga. Acho que o correto seria aportuguesar todos os nomes, assim como fazem os hispano-falantes.

Até hj não entendo pq o Galvão chamava o piloto alemão de F1 de "Maicou Chumaquer".

A profissão do cara é narrar um jogo. Se nem um nome correto ele consegue falar, o que podemos esperar do sujeito?

Mateus H. Weber disse...

é doído escutar os nomes alemães e poloneses na televisão.

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