Cabeça-Trololó

Leio o seguinte, num diário do PIG guasca:

A governadora Yeda Crusius está atuando em várias frentes para administrar a crise que atingiu o Piratini. Além de criar o gabinete de transição – com integrantes dos partidos aliados –, para garantir comprometimento e participação nas decisões, a tucana decidiu assumir pessoalmente postura de reação à denúncias do vice Paulo Afonso Feijó sobre o Banrisul e também em outras estatais. Na tentativa de conter a enxurrada de acusações, visitou o procurador-geral de Justiça, Mauro Renner, e pediu urgência nas análises em andamento.

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Todo esse teatro – gabinete de transição (a quê mesmo?), assumir pessoalmente a reação à crise, prazo para nomear novos secretários – é para ganhar tempo e disputar a cena aberta com a CPI e as picantes gravações de Paulo Feijó.

Algum pequeno gênio da comunicação deve ter soprado no ouvido bom de dona Yeda para que ela modificasse a sua postura face ao crescente rumor da crise. O sujeito deve ter dito:

- Caia na real, governadora, a senhora pode perder a cabeça. Tome iniciativas. Ocupe a cena. Fale. Brigue, se for preciso. Lute. Não se acomode. Quem sabe faz a hora.... blablablablablá.

A cabeça-trololó levou ao pé da letra, o conselho do gênio. E tratou de posar para o primeiro fotógrafo disponível no momento, fazendo gestos de boxeur no ringue. E pior: dizendo as maiores parvoíces, energizadas por um pensamento em rajadas, que se engalfinha com a realidade factual, com a lógica formal e dialética e contra todos os nexos conhecidos.

Mas numa coisa a governadora Yeda está se especializando, em bordões. Alguns são deliciosos:

Que culpa tenho de ser alta, bonita e inteligente?

Fui criada como mulher.

Hum, hum, o governo não tem mamãe!

Não posso ir a hotéis.

Se eu morasse num dois-quartos, onde ficaria a minha altivez?

Podemos perder uma governadora, mas vamos ganhar uma razoável humorista.