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sexta-feira, 6 de junho de 2008

São necessários três planetas para suprir consumo da elite brasileira

No Dia Mundial do Meio Ambiente, ontem, a organização não-governamental WWF-Brasil divulgou pesquisa em que alerta: se toda a população mundial adotasse padrão de consumo semelhante ao das classes A e B brasileiras, seriam necessários três planetas para suprir todos os recursos utilizados. A informação é da Folha, de hoje.

De acordo com a pesquisa, a elite brasileira tem hábitos insustentáveis ambientalmente e exercem uma má influência ao servir como modelo de aspiração de consumo para as classes emergentes. "Afinal, todos querem ter e consumir como as classes A e B", afirma Irineu Tamaio, coordenador do programa Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF.

Intitulado "Tendências e Hábitos do Consumo dos Brasileiros", o trabalho, realizado em parceria com o Ibope, tem o objetivo de despertar a sociedade e fazê-la pensar em mudanças nos hábitos e padrões de consumo, afirma o WWF.

O Ibope realizou a pesquisa em 142 municípios de todas as unidades da Federação, no período entre os dias 13 e 18 de maio. Foram entrevistadas 2.002 pessoas. A margem de erro, segundo o instituto, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Uma parcela de 13% dos entrevistados diz que o carro é o único meio de transporte. E as classes A e B gastam mais tempo no banho, também - mais de 20 minutos, para 13%, segundo o levantamento do WWF. Samuel Barreto, coordenador do programa Água para a Vida do WWF, afirma que, se esse tempo fosse reduzido pela metade, poderia ser economizada água suficiente para abastecer, por um dia, uma cidade com mais de seis milhões de habitantes (o município de São Paulo tem 11 milhões).

"Isso, em uma projeção baixa, com um gasto por minuto de três litros de água por pessoa", disse. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que cada habitante use 200 litros de água para higiene pessoal, o que não inclui apenas o banho. "As ações individuais, se comparadas em escala, têm impacto ambiental muito grande", completou.

O WWF, contudo, fez questão de ressaltar que não é contra o consumo em si, que ajuda a aquecer a economia. "É preciso mudar o hábito. A informação é muito importante, pois pequenas mudanças são essenciais para se chegar a um padrão sustentável", afirmou Denise Hamú, secretária-geral da organização.

Segundo ela, é preciso investir nas mudanças dos hábitos da população, principalmente quando se analisa padrão de consumo - cada vez mais crescente - dos quatro principais países emergentes: Brasil, China, Rússia e Índia.

"Se continuarmos com esse modelo, chegaremos ao colapso", resumiu Irineu Tamaio.

Se toda a população mundial consumisse como a média dos cidadãos dos Estados Unidos, país que mais consome e que ocupa o topo da lista de nações insustentáveis do ponto de vista do consumo, seriam necessários cinco planetas. Os EUA são, de longe, o maior emissor per capita de gases do efeito estufa. Em contrapartida, se todos adotassem o padrão da Somália, na África, sobrariam recursos naturais e não seria necessário nem ao menos um planeta - o índice seria de 0,22.


7 comentários:

Anônimo disse...

rafuagem endinheirada, como diz o olavo de carvalho. tudo "gente de bem".

Anônimo disse...

Pois é. E quem vai educar essa elite? Ou melhor, essa elite é "educável"?

Nesse quesito, estou mais próximo do princípio bolchevique,segundo o qual "a violência da luta de classes é inevitável numa sociedade baseada no capital". O que senão a violência revolucionária, parará essa elite irresponsável socialmente, politicamente e humanamente?

armando

Anônimo disse...

O capitalismo é a permanente tentativa de conciliar o inconciliável.

Como mudar hábitos e desejos de consumo sem acabarmos com o consumismo crescente, inerente ao sistema?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Nossa, Armando, quanto ranço e ressentimento....
O Brasil do futuro não tem que se espelhar na elite brasileira de hoje. Não é isso o que o Brasil tem que almejar. O Brasil tem que seguir a linguagem do desenvolvimento dos países socialmente desenvolvidos. Por que a classe média européia, australiana, neo zelandesa, japonesa, canadense e americana anda de ônibus, metrô, trêm e bicicleta? Porque é seguro, porque as pessoas respeitam, porque existe educação etc... A classe média brasileira evita andar de transporte público no Brasil, porque ele é ruim, ineficiente, perigoso, apertado, incômodo. E é exatamente isso que o Brasil tem que melhorar. O Brasil tem que melhorar a qualidade de vida das pequenas cidades do interior. Hoje uma senhora me disse que esteve em Rosário do Sul e quis comprar um livro e não existe naquela cidade nenhuma livraria. Quantas cidades do interior brasileiro tem cinemas, escolas boas, bons hospitais? Muito poucas. O Brasil não tem que seguir a linguagem das nossas elites de hoje, mas a linguagem dos países socialmente desenvolvidos que conquistaram cidadanias e respeito ao meio ambiente. É isso.

Anônimo disse...

Lamento informar a quem de direito, mas não é verdade que a classe média dos países desenvolvidos comporte-se dessa maneira, os números mostram isso. Quanto aos EUA é absurda a informação, eles consomem 30% dos recursos sendo 5% da população.
O nível de vida deles não pode ser ampliado ao mundo inteiro por uma impossibilidade física. Pensem só na China e Índia e esqueçam o resto do mundo. 2,5 bilhões de americanos consumindo desvairadamente...

Anônimo disse...

elite uma ova!!!! rafuagem endinheirada, isso sim!!! de elite essa cambada só tem $$$, no mais é uma gente ignorante e rastaquera!!!

Anônimo disse...

Maia, nos países "socialmente desenvolvidos", com certeza a reforma agrária já aconteceu faz um tempo, as oportunidades de acesso a educação, saúde, trabalho, etc são distribuídas de maneira mais justa. As Yedinhas da vida de lá ( se existem) não chegam a governar um estado como o Rio Grande e a tucanalhada que aqui existe e "afana" lá se existe é em gaiolas.
Se nesse país so existe coisas ruins como tu menciona é porque ao longo desses anos de existência foi (des) governado por tipos como tu, mentalidade burguesa atrasada que não quer a ascenção dos excluídos para daí sim formarmos uma nação desenvolvida e sustentável.

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