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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A religião como delírio de massa e retrocesso civilizacional











Imagens da "Semana Santa" católica

1) Um homem carregando uma vela e um feixe de cacto nas costas, toma parte em procissão dos penitentes durante a Semana Santa em Taxco, no México, quinta-feira, 01 de abril de 2010. Alexandre Meneghini/AP

2) Os membros da Legião Espanhola, da extrema direita e à qual pertenceu o ditador Francisco Franco, durante uma procissão de Páscoa em 01 de abril de 2010 em Málaga, sul da Espanha. Jorge Guerrero/AFP

3) Um peregrino cristão imita Jesus Cristo durante uma procissão de Sexta-Feira Santa em Jerusalém, 02 de abril de 2010. Um fotógrafo amador registra o "espetáculo do sofrimento". Sebastian Scheiner/AP

4) Penitentes cristão seguem uma tradição do século 13, na cidade de Verbicaro, sul da Itália. Eles batem nas pernas com um cardillo (cortiça com cacos de vidro na ponta), enquanto caminham pelas ruas, em demonstração de fé e obediência à Deus. Alessandro Bianchi/Reuters

5) Uma menina vestida como um anjo aguarda uma procissão dos penitentes durante a Semana Santa em Taxco, no México, quinta-feira, 01 de abril, 2010. Alexandre Meneghini/AP

6) Jovens peregrinos cristãos ortodoxos carregam crucifixos durante procissões da Sexta-Feira Santa enquanto esperam para entrar na Igreja do Santo Sepulcro, na cidade velha de Jerusalém, 02 de abril de 2010. Todras Whitehill/AP

7) Filipina católica Mary-Jane Mamangun é pregado numa cruz como uma reencenação da crucificação de Cristo, na aldeia de San Juan, ao norte de Manila, nas Filipinas, em 02 de abril de 2010. Getty Images

8) Um penitente caminha com as correntes da fraternidade Vera, durante procissão da Santa Semana, em San Vicente de la Sonsierra, 330 quilômetros ao norte de Madrid, Espanha, em 01 de abril de 2010. Cesar Manso/AFP

9) Fiéis católicos oram na frente de Mãe Maria em uma igreja durante a Semana Santa em Larantuka na Ilha das Flores, Indonésia, em 01 de abril de 2010. Beawiharta/Reuters

10) Um paroquiano cristão reza reverente durante procissão do "Jesus Nazareno del Rescate", em Cidade da Guatemala, Guatemala, em 31 de março de 2010. Johann Ordoñez/AFP

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Sigmund Freud (1856-1939) foi muito duro com a religião, particularmente em três escritos de sua vasta obra intelectual: "Totem e tabu" (1913), "O futuro de uma ilusão" (1927) e "O mal-estar na civilização" (1930).

Para o criador da psicanálise, a religião usa a técnica de depreciar o valor da vida terrena. Para tanto, não hesita em deformar o quadro do mundo real de maneira delirante, o que implica em intimidar a razão e inibir a inteligência dos indivíduos, forçando-os a se prostrarem em um estado permanente de infantilismo psicológico.

Freud não admite que se submeta as crianças ao que chama de "empanturramento da devoção". E pergunta: "Como podemos esperar que pessoas que estão sob domínio de proibições de pensamento atinjam o ideal psicológico, o primado da inteligência?"

As imagens acima, todas captadas por ocasião da chamada "Semana Santa" da fé católica apostólica romana, são impressionantes. Elas revelam um misto de violência contra as crianças (vejam a menina vestida de "anjo"), espetáculos de sofrimento voluntário ("desprezo pela vida", como dizia Freud), fé cega baseada na renúncia incondicional da razão, alienação da consciência, servidão da vida mental, delírio de massa e retorno à práticas primitivas, especialmente àquelas do pensamento mágico, anteriores mesmo a idade das religiões monoteístas. Já se vê, pois, que muito das práticas pagãs combatidas pelas religiões modernas (judaísmo, cristianismo e islamismo), hoje, fazem parte dos ritos e liturgias cotidianos destas.

As fotografias acima, tiradas em várias partes do mundo, atestam o primitivismo a que a religião submete seus devotados seguidores, como que impondo-lhes uma nova idade das trevas.

As imagens não mentem.

Clique nas imagens para ampliá-las, são impressionantes.

26 comentários:

Noiram disse...

Tendo em vista o post proposto, vem indagação à mente quanto ao parto do menino Jesus.
É sabido que sua mãe era virgem, portanto, a ruptura do hímen se deu de fora pra dentro, foi cesárea ou em um estalo de dedos de seu pai?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Acho religião o fim da picada. Sou um dos 8% de agnósticos brasileiros e com muito orgulho. Mas hoje em dia, como diz o filósofo Luc Ferry, o ministro da educação da França que proibiu os simbolos religiosos em escolas públicas, existem hoje dois males: a religião e a ideologia. A mais generosa delas, o comunismo, não funcionou em lugar algum quando implantada. Ao contrário, transformou seus ideólogos em monstros sanguinários e genocidas frios.
Disse ele:
"ideologias fizeram as sociedades e os indivíduos sacrificar-se por ideais inúteis. O sociólogo alemão Max Weber costumava dizer que era possível encontrar os valores tradicionais do sacrifício no código do mar. Segundo esse código, o comandante de um navio deve morrer com sua embarcação naufragada, mesmo quando os passageiros e a tripulação se salvam. Para continuar a metáfora, eu diria que hoje ninguém mais está disposto a morrer pelo casco do navio, mas somente pelos passageiros que ele abriga. Isso é um grande progresso. Não tenho nenhuma saudade dos extremistas religiosos ou nacionalistas que provocaram a morte de 50 milhões de pessoas na II Guerra."
Resumo da ópera, religião é ideologia e ideologia é religião.

Anônimo disse...

Uma outra coisa sem cabimento que eu não consegui entender é a concepção da virgem. Como conceber sem intercurso sexual?

Anônimo disse...

Eu prefiro o "dolce far niente".
Se estamos sempre errados, o que custa tomar um vinho: o sangue de cristo. Se já estamos no inferno o que custa dar um abraço no diabo.

Cazé disse...

Religião não é pra entender, é pra rechaçar e denunciar os seus efeitos idiotizantes nas pessoas.

severo disse...

Muito bom, Feil.

carlos disse...

excelente, feil!

Jordi disse...

O que quer o governo francês é um absurdo, proibir que indivíduos portem símbolos religiosos (na verdade, lenços muçulmanos nas escolas - ninguém proibiu as menininhas francesas de portar seus crucifixos). No Brasil, o Plano Nacional de Direitos Humanos, que segundo Serra ameaça a liberdade no país, defendia a retirada de símbolos religiosos excludentes, porque únicos das PAREDES dos locais públicos (tribunais,por exemplo). Mas o PSDB, a FSP, a CNBB, etc, acharam ruim e o governo se acovardou.

Fico imaginando um judeu chegando para ser julgado sob um crucifixo.

Só um senão ao post: cuidado com esses conceitos positivistas de que 'as imagens não mentem'

Anônimo disse...

Como assim "as imagens não mentem" ?
Dá para confiar, cientificamente, em imagens, em aparências ?

Anônimo disse...

Hummm... Sei não, eu particularmente não vejo nada demais em vestir a menina de anjo, isso incomodou vocês? Nada a ver com pedofilia isso. Claro que se deixar crucificar é bem mais chocante, mas pelo menos foi uma decisão do fiel, não do padre, azar de quem se dá o trabalho de assistir à tal palhaçada. Achei toda essa crítica meio fanática também, você citou o Totem e Tabu pra que, não entendi o freud citado só por citar.... A igreja e a religião trazem muitos males junto com outros vários benefícios que você esqueceu de mencionar. Não vejo hoje em dia a religião como a principal causa de guerras ou de divisão entre os povos, o problema é bem outro. A religião já foi o principal problema um dia. Acho que proibir o uso de símbolos religiosos é muito mais perigoso, acho que cada um tem o direito de acreditar no que quiser. A gente fica aqui discutindo religião enquanto o motivo das guerras são os recursos naturais.

Juan disse...

Feil, vc tem que censurar ou cortar um idiota ou uma idiota como o anônimo das 18:14.

Se a pessoa não sabe nada de nada, pq. fica falando coisa a toa.

O q. me irrita na internet é essa multidão de gente tonta que fica metendo o bedelho onde não conhece lhufas.

zecão disse...

Juan, é por isso que tem milhares que tiram grau zero em Redação no vestibular. Eles viajam no tema dos textos, entendem coisas que nem está referida, que dirá mencionada com todas as letras. Os idiotas tem a cabeça feita pela Grobo. Garanto que acreditam tudo que veem na TV.

Anônimo disse...

Mas olha só a carola tresloucada do da maia vem dizer que é agnostico, que é contra as religioes e as "ideologias".Somente os idiotas não tem ideologia, pois "pensam" pela cabeça dos outros,são manipulados. E essas baboseiras religiosas do deus mercado que o senhor da maia propaga por aqui? Ou a defesa fervorosa que o senhor da maia faz da máfia demotucana?É o quê? Todo o impostor intelectual tenta colocar no mesmo nível a ciência(as ideologias científicas)e a religião,são apenas constructos intelectuis dizem eles. É mesmo curioso como quase todo o direitista nega ser de direita e diz ser contra as "ideologias".

Anônimo disse...

Mas olha só a carola tresloucada do da maia vem dizer que é agnostico, que é contra as religioes e as "ideologias".Somente os idiotas não tem ideologia, pois "pensam" pela cabeça dos outros,são manipulados. E essas baboseiras religiosas do deus mercado que o senhor da maia propaga por aqui? Ou a defesa fervorosa que o senhor da maia faz da máfia demotucana?É o quê? Todo o impostor intelectual tenta colocar no mesmo nível a ciência(as ideologias científicas)e a religião,são apenas constructos intelectuis dizem eles. É mesmo curioso como quase todo o direitista nega ser de direita e diz ser contra as "ideologias".

Anônimo disse...

"Resumo da ópera, religião é ideologia e ideologia é religião": é um pouco isso mesmo --- "aparência socialmente necessária"... Será que o Maia anda estudando?... rs

Lucas Jerzy Portela disse...

Nem toda religião tem desprezo pela vida, infantiliza, ou é hierárquica.


o candomblé não é. E isso pode contaminar outras religiões: na Bahia, especialmente em Salvador e no Reconcavo, o clima de tolerancia vem do fato de que a tradição yorubá se infiltrou em tudo - inclusive nos rituais católicos: aqui na Pascoa se come caruru, mesmo nas familias mais aristocraticas.

Alias, a aristocracia Bahiana dos anos 40 aos 70 foi formada num secto do candomblé ketu: o Conselho de Obás de Mãe Senhora.

É por isso que Jorge Amado podia dizer que era ateu, anti-religioso, mas filho de Oxossi...

Gustavo Guglielmi disse...

Lucas não confunda seitas afro com as religiões monoteístas. As seitas pertencem ao mundo mágico pré-religioso. As seitas não tem dogmas, leis sagradas, pecados, punições terríveis, autoridades sagradas e tudo o mais que as religiões tem e fazem cumprir.
Não confunda as coisas. São bem distintas as religiões dogmáticas monoteístas dos cultos mágicos dos povos afro e pré-colombianos.
Isso é um assunto complexo e não se pode apenas opinar, tem que estudar muito e se cercar dos estudiosos que já exploraram esse cipoal de conteúdos míticos-religiosos. Freud foi um deles, Max Weber e recentemente tem inúmeros pesquisadores e antropólogos estudando o fenômeno das religiões.

René Amaral disse...

Prefiro a visão Jungiana da religião, é algo instintivo, atávico, temos que lidar com ela, a religião, e com ele, o instinto religioso. Até ateus são vítimas, quando abraçam o ateísmo, é com fervor e fé religiosas!!!!

Gaspar disse...

Não diga bobagem René. Jung nunca disse que a religião é instintiva. Freud destruiu essa visão absurda no Mal-estar da Civilização.
Gente, vamos parar de chute, isso aqui não é futebol de várzea.

Anônimo disse...

Não seria o contrário, não se estaria tomando o resultado pela causa ?
As religiões existem devido a infantilidade e a necessidade de depreciar a vida advém da necessidade de se eleger e se estimular os "corinhos" que estão dispostos a tirar as castanhas do fogo para os demais.
As religões não estimulariam nada, mas seriam decorrência.
Tire essas religiões em vigor e novas idiotices mais rasteiras apareceram em seu lugar, idiotices religiosas que ainda careceriam de séculos de refinamento e filtragem.

Lucas Jerzy Portela disse...

Gustavo,


o camdbolé da Nação Ketu está longe de ser uma "seita afro". É uma tradição cuja hierarquia (sim, há) é fundamentalmente bahiana.

E é, de origem, monoteista.


Repito: de origem, e não por aquisição sincrética. A civilização yorubá já era monoteista no Benin Daomé no século XIII! Quem diz isso é Pierre Verger.

Só há um deus no candomblé: Olorum, que jamais é incorporado e não rege ori (cabeça) de ninguém. Os orixás são corretamente traduzidos como santos.

alexandre disse...

parece filme do Jodorowsky. no entanto é a realidade. nada mais surrealista .

Anônimo disse...

Tudo é religião. Até a ciência é uma forma de religião.

Anônimo disse...

Se é que existe religião hipotética... rsss

Anônimo disse...

Fanatismo é prejudicial... tanto de um lado quanto de outro. Sou ateu, mas fiquei de cabelo em pé ao ver alguns comentários... O princípio básico de todo fanatismo é a ignorância, assim antes de se declarar agnóstico ou qualquer coisa que valha procure conhecer a fundo os conceitos de fé e o que cada religião usa como argumento.

Anônimo disse...

Pessoal:
Com todo respeito, quem diz que ciencia é uma forma de religião não entende nada de ciência. Está dizendo besteira.
Quem acha que uma religião é diferente da outra ainda não percebeu que "seita" é o nome que os religiosos dão para a religião dos outros. O catolicismo é, também, uma seita que está no mesmo nível das que pregam existência de fadas e gnomos. E do Papai Noel.

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