O que a mídia e o mainstream da indústria editorial chamou de boom literário latino-americano das décadas de 70/80 é contestado pelo grande Cortázar. Não contesta o fenômeno, mas o nome do fenômeno.
A meu ver, modestamente, a literatura latino-americana desse período foi um elemento essencial para cimentar consciências e fazer com que nos olhássemos no espelho da nossa cultura, ainda que com todas as suas distintas nuances regionais e nacionais. O fenômeno literário em série foi um mosaico com nexo literário e cultural muito importante. Arrisco a dizer que esse movimento literário - quase espontâneo - foi o precursor dos novos cenários políticos que vivemos na América Latina já há alguns anos, agora no plano político mesmo, com afirmação de estratégias próprias, identificação de nossas próprias utopias e busca de um destino autônomo no contexto global. Há muita estrada a percorrer, mas a caminhada já se iniciou faz tempo, e o gatilho - penso eu - foi o da literatura, sem desprezar toda a acumulação de lutas sociais pretéritas (e que a própria literatura local incorpora). Acredite se quiser.
2 comentários:
A mão do anjo levantando o hábito da Teresa é a coisa mais sexy que já vi nos últimos meses.
Bj.
Ju
É para mirar o coração, Ju.
Cristóvão, acho que houve muitos focos de efervescência na expressão artística naquela época, principalmente porque estavam proibidos os outros modos de expressar-se que não através das artes. A música foi também um importante motor. A literatura, porém, por ser geradora de percepções e entendimentos mais organizados e racionais da estrutura e momentos sociais, entre outras coisas, talvez tenha desempenhado mesmo esse papel principal. Que sei eu?
Abraços.
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