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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sexta-feira, 7 de março de 2008


Governo Yeda, poder, Estado mínimo, corrupção, etc.

Recebo agora um e-mail do leitor Danilo. Ele acha que eu exagero quando atribuo demasiada força à jornalista Rosane de Oliveira, por exemplo. E diz que há uma bancada conservadora na Assembléia, onde a governadora tucana tem maioria dos votos, e aí reside a força dela, etc. Danilo duvida que a RBS tenha tanta influência assim e concorda que Yeda está assustada com o que pode sair da CPI do Detran.

Muito bem.

Danilo, sinto informar-te que o poder nem sempre está onde o colocamos. O poder é fluído, não-estático. A Assembléia – o poder legislativo – é um poder formal, ideal e presumido. As coisas não funcionam exatamente como quer a literatura do Direito. As coisas funcionam como a realidade social impõe. Há dois dias, quem detinha mais poder no RS eram as mulheres agricultoras da Via Campesina, que fizeram um ato de bravura nas terras (ilegais) da papeleira Stora Enso. Por que você acha que a Brigada Militar agiu com tanta presteza e violência lá em Rosário? É preciso abortar o poder popular, a qualquer custo. É preciso que ele seja impedido de se criar e desenvolver.

A jornalista Rosane tem muito mais poder que os deputados trapalhões Marcio Biolchi e Adilson Troca, juntos. Com esses “quadros”, dona Yeda não passa o outono, que dirá o inverno. Acredite, meu prezado Danilo, a linha política quem dá é a RBS, ora é um, ora é outro, Lasier, Memélia, etc. Esses deputados são só aritmética de voto. Ponto. Ou você acha que o Troca participa de alguma reunião estratégica? Ele é comunicado, depois, sobre como proceder dali pra frente.

Se a operacionalidade do governo Yeda não vai bem – e não vai, mesmo – isso não é relevante. O relevante, o que importa, é a cancha livre e asfaltada para os operadores econômicos do grande capital fazerem as suas realizações e seus business. Exemplo: as papeleiras nacionais e estrangeiras têm que operarem – a qualquer custo – na busca de realização dos seus capitais. O Estado têm que encolher para permitir a entrada de OSCIPS e quetais a fim de estabelecer uma lógica dinheirista no setor público. Claro, uma decorrência inevitável disso será a corrupção (como no Detran), mas isso também é irrelevante para o pensamento neoliberal. Aliás, eles insistem em afirmar que estão desta forma combatendo a corrupção. Como alguém já disse, a corrupção não se combate pelo encolhimento do Estado, mas sim pelo encolhimento das possibilidades que o dinheiro tem de influenciar o processo democrático de definição das regras e da sua aplicação.

Danilo, esse assunto é vasto e dá samba. Voltaremos a ele, aqui no blog. Obrigado pela provocação.


9 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Se Yeda fosse neoliberal o vice Feijó estaria plenamente na ativa. Não está. O governo Yeda, apesar de alguns equívocos como a tentativa idiota de aumentar impostos, é o governo que mais está fazendo para resolver o grave e crônico problema financeiro do EStado. Nenhum outro governo se empenhou tanto para resolver este assunto do que o da Yeda. Os governos incompetentes que passaram por aqui insistem em manter sua agenda do atraso e da incompetência. Yeda tem que revolucionar, foi eleita para mexer nas estruturas do Estado, resolver seus crônicos problemas e isso envolve e contraria interesses daqueles que querem manter o status quo. Por isso ela tem que ter coragem de ir adiante e fazer as reformas que prometeu fazer. Que controle os gastos, faça as gestões necessárias para melhorar a qualidade do serviço público e, sobretudo, na área da educação, inclusive sim com a racionalização das turmas. Criticam Yeda por fazer mudanças na educação, como se essa andasse muito bem no RS. Tem sim que fazer essas mudanças. Está certa Yeda em fazer as relocações de turmas. Isso até pode gerar alguma injustiça, mas é necessário, porque tem muito professor que não dá aula e se encosta nos serviços burocráticos. Yeda está contrariando interesses do status quo e isso é muiiiito bom.

Anônimo disse...

Vejo que essa nulidade de governadora, tem um bravo defensor aqui. Claro, nada me surpreende. Hitler, ainda em 1.942 era bravamente defendido por ninguém menos que Roosevelt, pois ele (Hitler) significava o "freio ao comunismo. Noves fora, se Hitler tinha o defensor que tinha, por que a fraca (des)governadora também não merece um defensor como o caro Maia?

armando

Anônimo disse...

Em tempo: a Yeda daqui, até agora não deu um pio sobre o apagão que S.Paulo sofreu nesta semana, mercê da incompetência do (des)governo tucano.

E mais: a cidade com seu povo se afunda no trânsito poluidor e catastrófico. E o prefeito, títere da Yeda daqui, disse hoje que não tem o que fazer.

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, o que Yeda tem a ver com Hitler?

Anônimo disse...

a verve autoritária é a mesma...

Anônimo disse...

cada um tem o defensor q merece...

Anônimo disse...

Impressiona que ainda, nos dias de hoje, alguém ponha em dúvida o papel dos meios de comunicação na formação da opinião e da subjetividade. Inegavelmente, o poder político, no RS, passa pela sala do sr. Nelson Sirotsky. É público e notório o fato de que ele presidiu uma reunião com empresários e políticos de direita por ocasião da última eleição para o governo do estado, onde foi discutida a estratégia para chegar ao Piratini. Além disso, não faltam exemplos do quanto os articulistas da RBS pautam o governo da Yeda. Basta ver a descompostura que a Rosane de Oliveira passou na governadora como está bem apontado pelo Feil na postagem sobre o assunto mais abaixo.
Se o raciocínio de que a mídia não tem esse poder de fogo, todas as grandes corporações mundiais que gastam milhões de dólares para veicular propaganda, através da mídia, devem estar equivocadas!
Tenho, para mim, que o papel da mídia é até mais importante na formação da subjetividade, do que na construção, ou no relato da própria realidade. Estamos cercados de exemplos: o perigo comunista no BR pré-64, a guerra fria, o incidente do golfo de Tonkin, as armas de destruição em massa do Iraque, a "narco-guerrilha" da Colômbia, a demonização do Chávez e do Evo, a constante ridicularização do Lula, etc. Tais exemplos são construções nitidamente midiáticas e fazem parte de uma estratégia vinculada diretamente ao Depto. Estado dos EUA. Só pessoas muito ingênuas se recusam a aceitar esse fato.
A nossa batalha, como blogueiros, para quebrar esses "paradigmas", é árdua.

Eugênio

Anônimo disse...

O Problema é que o SirotskY cheira, e a Yeda fede.

Claudio Dode

Anônimo disse...

O maia tem a mãe na Zona? ainda?

Claudio Dode

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