Vinte anos de poder
O segundo turno presidencial de 2010 já começou. Os dois candidatos mais fortes estão no mesmo partido. O governo não tem candidato de destaque. Lula é popular, mas não tem sucessor nem está preocupado
A disputa no PSDB parece hoje decidida. O fato de Aécio Neves ter colocado a banda na rua nos últimos tempos significa que ele próprio avalia não ter mais chance de ser o indicado do partido para disputar a Presidência.
As ações concertadas de Aécio com Geraldo Alckmin acabam quando o interesse dos paulistas fala mais alto. E aos tucanos paulistas interessa abrir a vaga de candidato a governador, posição que ocupam desde 1994. Para isso, Serra tem de ser o candidato a presidente.
No PSDB, Aécio está restrito a Tasso Jereissati, o que significa que está completamente isolado.
Na relação com o PT, além do prefeito de Belo Horizonte, conseguiu atrair apenas Aloizio Mercadante, outro isolado. O DEM não dá um único passo na sua direção, ao mesmo tempo em que chega a ameaçar até uma aliança com Ciro Gomes.
O DEM está condenado ao PSDB. A Serra, portanto. Dos quatro grandes partidos sobra apenas o PMDB, como sempre.
Apesar de toda a movimentação para ocupar a posição de vice em alguma (qualquer uma) das candidaturas, o histórico fala contra. A candidatura de Rita Camata como vice de Serra em 2002 foi um desastre de grandes proporções. Um candidato a vice não é suficiente para unir o PMDB.
Nas atuais circunstâncias, Aécio não tem nada a perder indo para o PMDB, mesmo com o "risco Itamar". Itamar Franco foi para o PMDB com a promessa de ser o candidato a presidente em 1998.
Foi preterido. Mas se elegeu governador de Minas. Dentro do PSDB, não conseguindo ser candidato a presidente, restará a Aécio apenas a candidatura ao Senado. Indo para o PMDB, Aécio pode ter exatamente a mesma coisa e ainda tem a chance de conseguir a indicação para a eleição presidencial.
Todas as articulações que faz Aécio apontam nesse sentido. Deve se encontrar hoje com Ciro Gomes. Mas, neste caso, tratam de aliança em primeiro turno mesmo: Ciro seria o melhor candidato a vice a que Aécio poderia pretender. E pode trazer apoios importantes do atual bloco governista para o segundo turno. Sergio Motta, falecido ex-ministro das Comunicações de FHC, disse que o PSDB governaria o país por 20 anos. Talvez hoje acrescentasse: em qualquer partido e aliança disponível.
Artigo de Marcos Nobre, professor do Departamento de Filosofia da Unicamp, publicado hoje na Folha.
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Comentário, meu. É visível que o presidente Lula joga com pau de dois bicos, no caso da sua sucessão. Como eleitor privilegiado, de um lado, apresenta o nome de Rousseff, de outro, tenta viabilizar o de Aécio Neves, de preferência filiado ao PMDB, já que Serra é de fato o preferido dos tucanos. A candidatura de seu coração – lembremo-nos que Lula é o homem cordial brasileiro, por excelência – é a ministra-chefe da Casa Civil, mas como levantar seus níveis de popularidade é tarefa hercúlea para um exército de Hércules, o presidente vai cevando o neto de Tancredo em articulação tão cerebral e confusa quanto o destino que nos aguarda. Nesta altura, Lula se acha Getúlio Vargas, e todos os seus movimentos de agora, visam o retorno ao Planalto, em 2014. “Nos braços do povo” – como Getúlio em 1951.
Só que a profecia (ou seria maldição?) de Sérgio Motta para 20 anos é conservadora. De 1995, primeiro governo tucano, até 2018, lá se vão 23 anos.
Coisas da vida.
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4 comentários:
A base economica (veja os lucros bancários, a fiesp e todo o resto)do PT, do PSDB, e do PMDB paulista são as mesmas.São os interesses paulistas acima de partidos politicos (como foi no café, lembra? PRP e "aquela coisa" republicana. Acreditar que o governo Lula vai fazer alguma coisa, já não é mais inocencia. Tem que examinar a cueca do sujeito para ver se não tem dinheiro dentro.
Também acho: vai ser entre Serra e Dilma. Dois candidatos de esquerda. E quem será o candidato da direita?
Da direita?
Serra e Dilma, também!
Eles são como as próprias mãos, cada um tem a sua direita e a sua esquerda.
O discurso é que muda conforme a platéia.
Concordo, anônimo.
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