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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A participação de empresários na repressão e na corrupção


História sonegada

A abertura ou não dos arquivos sobre a repressão à insurgência armada durante a ditadura militar se resume numa questão: se alguém tem o direito de sonegar à nação sua própria História. Os debates sobre a conveniência de se remexer esse passado viscoso e sobre as razões e as causas de cada lado são secundários. A discussão real é sobre quem são os donos da nossa História. É se, 25 anos depois do fim da ditadura, os militares têm sobre a nossa memória o mesmo poder arbitrário que tiveram durante 20 anos sobre a nossa vida cívica.

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Não é só a nossa história em comum que está sendo sonegada. A história individual dos mortos pela repressão também. Aos parentes são negados não apenas seus restos, como a formal cortesia de uma biografia completa. Uma reivindicação que nada tem a ver com revanchismo, que só pede uma deferência à simples necessidade das famílias reaverem seus corpos e saberem seu fim. Impedir que isso aconteça para não melindrar noções corporativas de honra ou imunidade é uma forma de prepotência que, 25 anos depois, não tem mais desculpa.

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Revelações como as que o Estadão está publicando sobre a guerrilha no Araguaia servem como um começo para o resgate da nossa memória tutelada. Não precisa mexer na Lei da Anistia. É mais importante para a nação saber a verdade do que punir os culpados. E já que se liberou a História e se busca a verdade com novo ânimo, por que não aproveitar e investigar alguns pontos cegos daqueles tempos, como a participação de setores do empresariado em coisas como o Comando de Caça aos Comunistas e a Operação Bandeirantes, agindo como corpos auxiliares da repressão urbana, não raro com entusiasmo maior do que o dos militares ou da polícia política – como costuma acontecer quando diletantes fazem o trabalho de profissionais? Algum correspondente civil ao major Curió deve ter em seus arquivos o relato da guerra naquela outra selva.

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Mas sei não, há uma tradição brasileira de poupar o patriciado quando ele se desencaminha. Quando descobriram que todos os negócios com o novo governo Collor teriam que passar pela empresa do P.C. Farias, não foram poucos e não foram pequenos os empresários nacionais que aderiram ao esquema sem fazer perguntas. Nas investigações sobre a corrupção que acabou derrubando Collor, seus nomes desapareceram. E, neste caso, não foram os militares que esconderam a verdade.

Artigo de Luis Fernando Veríssimo, publicado hoje em vários jornais brasileiros.

Fotos: o empresário de comunicação Roberto Marinho, apoiador e beneficiário do golpe civil-militar de 1964, sempre enganchado no poder oligárquico-ditatorial, seja com ACM, seja com o general João Figueiredo.

9 comentários:

el barto disse...

que o INFERNO lhes seja quente, dupla de canalhas!!

el barto disse...

ou melhor, trio de canalhas.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Já li em zilhões de blogs de certa esquerda posts semelhantes a esse. Mas nenhum deles (por que será?) faz referência a Gilmar Mendes, porque é ele que abriu o debate sobre essa discussão e que está defendendo a abertura dos arquivos da história. Disse Gilmar Mendes:
Se de fato esses documentos existem, eles devem ser mostrados (...)Tem que haver abertura [dos arquivos]. Os documentos existentes devem ser apresentados". Mas os Blogs de uma certa esquerda -- que tem uma impressionante neurose bipolar -- fazem questão de ligar Gilmar Mendes ao lado "malvado" da nossa história.

Anônimo disse...

RUFAM OS TAMBORES DA MÍDIA
25 de Junho de 2009

O editorial do jornal O Globo de 24/06/2009 parece saído de amareladas folhas do nosso passado, em estilo e nos seus propósitos. Ele condensa um arrazoado de valores conservadores contra o atual governo no que toca sua tentativa, ainda tímida, de tentar um contraponto às “verdades “do oligopólio midiático.

É uma lição sobre o que pensa um setor que contraria princípios básicos da democracia. Uma demonstração de arbítrio e intolerância, com sérias ameaças. Leiam e reflitam. Segue a “obra” com meus comentários:

Para cooptar
O Globo - 24/06/2009
No primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o pendor dirigista e intervencionista de grupos que o acompanham levou o governo a tentar uma operação legislativa para limitar o trabalho da imprensa.

Vem daí o projeto de lei de criação do Conselho Federal de Jornalismo, um organismo paraestatal destinado a tolher redações. A reação foi grande, o Congresso criticou, e Lula, com acerto, voltou atrás.

Mentira! No primeiro mandato de Lula os barões da mídia correram com seus chapéus na esperança dos habituais empréstimos via BNDES para seus falidos negócios.

A torneira fechou, começaram a campanha contra o governo. O Conselho não era proposta do governo, mas dos jornalistas, representados por seus sindicatos e sua federação nacional.

Nunca foi objetivo tolher redações, mas assegurar um jornalismo ético, sem desvios de interesses. As empresas teriam assento na entidade, poderiam fazer valer seus votos. A publicidade tem órgão que regula suas atividades, o Conar, ninguém imagina que ele possa tolher as agências.

Inclusive, as Organizações Globo a ele recorrem com frequência. Advogados, médicos, engenheiros também têm seus organismos de regulamentação. A reação partiu apenas do próprio oligopólio da mídia que, em feroz campanha em seus veículos, derrubou a proposta em poucos dias, garantindo o jornalismo que conhecemos, marcado pela venalidade.

E continua o desmacaramento...

ver completo no Blog Abundacanalha

Anônimo disse...

O Gilmar mendes se disse alguma coisa parecida foi com muito desconforto, até mesmo com a preocupação de não dividir a sua estimada extrema direita.

Este tal de Maia é meio "loco", ou torcedor do Max López.

Oscar T. disse...

Na foto de cima, quem está atrás, no meio dos dois, não é o Marchezan?
Artigo do LFV está perfeito!

André F. disse...

O.T.:...Deve ser sim!!Uma SUÍÇA de argentino tangueiro;e na de baixo é o FHC??...hehehe

Anônimo disse...

Até parece que o Gilmar Mendes vai fazer alguma coisa decente...

Neste negócio de repressão o Mendes está do outro lado, e o outro Mendes também.

Se ele fizesse alguma coisa, digamos, com o mesmo empenho com que os Mendes perseguem o movimento social, a coisa já tinha andado.

Democracia para os Mendes e os Maias são questões de privilégios a manter e adquirir.

Claudio Dode

Anônimo disse...

vá se catar seu dode

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