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quinta-feira, 27 de março de 2008




Blogueiros desmascaram golpismo argentino

Achei muito estranho este novo panelaço em Buenos Aires. Quem acompanha a história recente do país, sabe que, por mais problemas que haja na gestão dos Kirchnner, eles literalmente "salvaram" a pátria, fazendo o país crescer a taxas chinesas e o desemprego retornar a patamares razoáveis. Além disso, a vitória de Cristina Kirchnner, há somente alguns meses, foi esmagadora. Como não aconteceu nada de muito grave desde então, porque cargas d'água os argentinos iriam fazer "cacerolazo"? Na época de Menen ou De La Rua, explicava-se: a economia estava descendo ladeira abaixo e o desemprego explodindo, mas agora? Tudo bem ser crítico ao governo Kirchnner, mas daí partir para a gritaria?

Desconfiei e hoje fui a caça de blogs argentinos. Dito e feito. Os blogueiros políticos estão perplexos com o que houve. A mídia fazia convocação a cada 15 minutos e repetia que era "espontâneo". Tudo para desgastar Cristina, que sofre com uma oposição de direita raivosa sediada nas redações dos grandes jornais e canais de tv.

Confira esse blogueiro argentino aqui. E esse aqui também.

O impressionante é a pressa e quase ansiedade com que a mídia brasileira repercute o que diz a mídia argentina, mostrando que, na América Latina, formou-se uma verdadeira irmandade midiática reacionária, que opera no continente de Norte a Sul.

Pescado do blog Óleo do Diabo, menos as imagens dos diários do PIG argentino e brasileiro (ZH), que, como se pode constatar, atuam em combinação.


8 comentários:

Anônimo disse...

É uma rede que se auto-alimenta, auto-sustenta e se socorre.

Anônimo disse...

E essa irmandade midiática reacionária tem um sítio na internet. Como diz o WU, não estamos delirando...

http://www.gda.com/Quienes_Somos/index.php

Anônimo disse...

Só pra completar, eles são bem claros:

"Once periódicos. Once países. Una sola fuente."

"Cada uno de nuestros diarios juega un papel clave al informar e influir en la opinión pública en sus respectivos mercados. Sus lectores son individuos altamente educados, con recursos financieros y alto poder de decisión."

http://www.gda.com/Quienes_Somos/index.php

Anônimo disse...

O PIG é internacional. Canalhice viceja em todos os recantos onde o povo tenta andar com as próprias pernas.

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Do ponto de vista político, a situação é muito interessante. O que está acontecendo na Argentina hoje é a demonstração cabal de que o papel do Estado e de um governo não é alimentar conflitos e antagonismos sociais, mas procurar solucioná-los. O governo tem que procurar, SEMPRE, a convergência, a negociação. Está ocorrendo lá - e de forma um tanto autoritária -uma taxação deveras excessiva sobre produtos agrícolas que é o motor da economia Argentina, é por meio dela que aquele país se desenvolve, faz circular capital e gera divisas e receitas. Cristina Kirschner foi extremamente infeliz ao dizer que não negocia com esse setor e recebeu da classe média das grandes cidades a resposta, o panelaço. E a Argentina não é uma Venezuela. A Argentina é, ainda, um país classe média, apesar de ter empobrecido nos últimos anos. Os jornais Clarin e La Nación apenas estão expressando -- e têm todo esse direito -- esse sentimento de contrariedade a uma política que impõe taxações, alimenta antagonismos e se recusa a negociar.

Anônimo disse...

Não se trata de direito de jornais expressarem críticas, mas de interesses desses periódicos afinados com os da "Federação Terra e Casa", os fascistas terratenientes de lá, em minar um poder eleito por maioria esmagadora. Aqui, a CPI dos cartões, lá a questão de manifestações "espontâneas", ambos buscando o que não conseguiram nas urnas.

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, quando candidata a Cristina nunca falou em fazer essas retenções no setor agrícola que é o responsável pelo bummm econômico argentino. E Cristina e suas declarações incosequentes conseguiu alimentar uma oposição que estava adormecida e que tem intima ligação com os setores classe média que estão sim fazendo manifestações espontâneas pelas grandes cidades. Começou bem o governo Cristina...

Anônimo disse...

Eu estava na Argentina em janeiro deste ano, quando rolava o solta/não solta das reféns das Farc. A crítica da imprensa argentina quanto à participação do Kirschner no grupo de observadores da negociação me lembrava tudo aquilo a que estamos acostumados a ver por aqui. Chamavam-no de idiota para cima. Tratavam a operação como um fiasco, comandado por Chávez, o ditador fanfarrão. Até a discriminação sofrida por "los pinguinos", como são apelidados o casal Kirschner, por serem do "provinciano" sul patagônico, me lembrava o preconceito da mídia brasileira por Lula ser nordestino e não ter um curso superior, etc. A estratégia é a mesma, lá e cá. A coisa ficou engraçada mesmo foi quando as Farc libertaram as duas prisioneiras e a Cristina Kirschner foi para a tv e citou nominalmente os dois principais jornais do país, leu textualmente as críticas que o governo havia recebido e tripudiou em cima do que havia sido publicado por eles a respeito do episódio, esfregando em sua cara a vitória da negociação à qual a mídia havia sido contrária. Cristina, literalmente, sapateou sobre o "Pig" deles. Confesso que tive, ao mesmo tempo, orgulho (como sul-americano) e inveja (como brasileiro).
Resumindo, o golpismo é, pelo mínimo, sul-americano. Se não for mundial. Teríamos que ver direitinho essa história do Tibete e mais algumas.

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