A usina de verdades está a mil

Nenhum espírito crítico e consciente deste País desconhece que há uma articulação político-operacional entre os grandes mídias corporativos brasucas. Para tanto, eles organizaram uma central de pautas, que hoje obedece ao comando do jornalista global Ali Kamel - um jornalista sem-fronteiras (de qualquer natureza). Os grandes temas veiculados em todas as redes de televisão no horário nobre do (sub) jornalismo televisivo são industriados na usina de “verdades” de Kamel e sua equipe.

Um parêntese: segundo pesquisa recém-divulgada pelo Pew Research Center, de Washington (EUA) a televisão é a fonte primária de informação para 76% dos brasileiros, como informa o responsável jornalista Luiz Carlos Azenha (aqui).

Desde domingo no programa global Fantástico, a central de pautas vem requentando dois assuntos que estavam congelados: o novelesco caso Renan Calheiros, e os escândalos do ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, codinome do ex-bancário José Orcírio Miranda dos Santos.

Segunda-feira e ontem os noticiários televisivos foram pródigos no tempo dedicado a estes dois “novíssimos” casos de moralidade pública. No assunto Renan, a novidade foi levantada pelo indigesto semanário Veja. No assunto Orcírio, a notícia se justificaria, segundo os pauteiros sem-fronteiras, pelo fato de que membros do Ministério Público estadual estariam com provas suplementares para apontar irregularidades nas duas gestões do ex-governador mato-grossense-do-sul.

Comentários deste blogueiro: dois assuntos absolutamente laterais na conjuntura, aimportância dessas notícias para o grosso da população é quase nula. Como já tratamos aqui, o tema Renan é a famosa “briga de branco”. Isso não diz respeito ao interesse da população, para estar pautado no horário nobre da tevê. Diz respeito apenas aos interesses pessoais de três ou quatro senadores fernandistas-cardosistas, inclusive o “pulcro” Pedro Simon, para aproveitarem dar um golpe de mão no mau cheiroso senador das Alagoas, e de refilão atingir o presidente Lula no sentido de desgastá-lo perante a opinião pública (eu jamais saberei o que é isso).

O assunto Orcírio (vulgo Zeca do PT) também se inscreve naquilo que ficará conhecido nos futuros compêndios de história da escola fundamental como “as grandes jornadas difamatórias e golpistas contra um presidente da República ex-operário, ex-sindicalista, ex-combativo, depois conciliado com as elites, mas ainda assim nunca tolerado pelos brancos, letrados e bem-nascidos”. Até os jacarés do pantanal sabem das práticas heterodoxas de Orcírio no Executivo do seu Estado. Isso não é novidade para ninguém. Reavivar esse tema é querer provocar mais uma crise artificial originada nos laboratórios de “verdades” da mídia corporativa.

Renan e Orcírio são dois sujeitos que eu me recusaria até em cumprimentá-los, com receio de contrair alguma deformidade ético-moral adquirida, entretanto, fazer cavalo de batalha sobre suas condutas com a intenção de provocar mais uma crise institucional, convenhamos, é bizantino.