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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007



TV pública deve se constituir numa estratégia de subversão

Este é o papel de uma emissora pública de rádio e televisão, produzir e difundir conteúdos que jamais seriam divulgados pela mídia corporativa, por motivos óbvios. Se não cumprir minimamente com uma agenda polifônica e polissêmica de destruição do consenso neoliberal, de nada adiantam os esforços ora empreendidos. Uma empresa midiática nunca irá cuspir para cima, ou cortar o galho no qual está pendurada. Por isso a luta pela democratização da mídia é um embate relativo, provisório e sempre incompleto, que precisa ir muito além do que está sendo proposto. Neste sentido, a elogiável mobilização dos sem-mídia deve ser entendido apenas como um programa mínimo, de curtíssimo e médio prazo.

Cada vez mais as mídias corporativas tornam-se unidimensionais e veiculam o chamado pensamento único, cuja matriz ideológica é ditada pelo interesse hegemônico do capital financeiro e os think tanks da sociedade da mercadoria e do consumo. No momento em que o Brasil discute esses temas, a propósito da implantação de uma tevê pública autônoma da lei do valor, as experiências de outras emissoras públicas pelo mundo servem de inspiração e incentivo. É o caso da BBC, que apesar de estar no centro de governos neoliberais, consegue lograr êxito na produção de alguns conteúdos que escapam ao lugar-comum da mídia corporativa de nossos dias.

Um exemplo ilustrativo é esse documentário da BBC (chamado The Century of the Self) , em quatro partes, que explica os mecanismos do controle psicológico de massas em favor da pretensa superioridade das opções individualistas – de modo a obter um apassivamento alienante dos indivíduos, transformando cada um por si em “máquinas felizes” (e submissas) na democracia formal mitigada.

Os episódios até há pouco tempo disponíveis na íntegra no YouTube foram retirados, já que a BBC invocou direitos. Mas pequenos trechos continuam disponíveis aqui (em inglês):

Episódio 1 - "Happiness Machines"

Episódio 2 - "Engendrando Consensos"

Episódio 3 - "Existe um Polícia dentro de cada Cabeça que precisa ser Destruído"

Episódio 4 - "Oito Pessoas bebericando Vinho (ou Cerveja)"


3 comentários:

Anônimo disse...

Mas, com Tereza "Globo" Cruvinell, vai ser difícil esse espírito republicano.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Uma tv pública pode (poder é diferente de dever) ter espírito de subversão, mas não deve ser essa sua linha editorial. A BBC realmente é um exemplo magnífico de tv pública que deve mostrar sim os podres do grande capital e do poder, mas não pode ser instrumento de apologia de ideologias e religiões. Não é papel de uma tv pública, por exemplo, alimentar os antagonismos sociais e fomentar "lutas de classes". Uma tv pública, como disse o Armando, deve ser republicana e nunca bolivariana. Uma coisa que me irrita no Jornal Nacional é o exacerbado espaço para a religião católica e para o fanatismo religioso do povo nordestino. Isso uma tv pública não deveria fazer.

Claudinha disse...

O Min. Franklin Martins, em audiência pública do dia 26/10 na AL, afirmou que o Gov. Lula "inicia" o processo de implantação da TVP. Tb vejo com desassossego a indicação presidencial de duas jornalistas sem experiência em TV e de um político do pps para cargos-chaves, bem como o tal conselho de notáveis sem vínculo com movimentos sociais. De qualquer maneira, ainda que nasça estatal, a promessa de programação de qualidade, multicultural, já é um alento. Veremos.

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