Suicídio indígena só pode ser combatido com respeito às culturas locais
O poder público precisa adotar políticas de saúde indígena mais adequadas às culturas diferenciadas de cada comunidade para combater o suicídio entre os índios. A avaliação é da antropóloga Regina Erthal, consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), durante a 1ª Conferência Internacional de Saúde Mental e Indígena, que vai até amanhã (25),
“O suicídio entre os índios deve ser visto de maneira mais cuidadosa. Hoje temos equipes da Funasa com grande rotatividade de pessoal e sem formação necessária para enfrentar a complexidade do problema”, avaliou Erthal. Durante o seminário, ela apresentou um levantamento sobre o suicídio nas aldeias do Alto Rio Solimões, no Amazonas, que comprovou que o problema atinge principalmente os jovens.
Segundo a antropóloga, 103 índios da comunidade Tikuna, no Alto Rio Solimões, suicidaram-se entre 2000 e 2005. Desse total, 54 (mais de 50%) tinham entre 15 e 19 anos. Na região, próxima à fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, vivem cerca de 28 mil índios em 143 aldeias espalhadas por 214 mil quilômetros quadrados. As principais terras indígenas foram demarcadas a partir de 1993.
De acordo com Erthal, os suicídios na região devem-se a conflitos familiares e às diferenças políticas na comunidade. Fatores econômicos e a escassez de recursos naturais também contribuem para intensificar problema. “O quadro é agravado ainda pela depredação da floresta e pelas disputas de terras”, disse Erthal. Para ela, a fiscalização mais rigorosa contra a exploração ilegal de madeira e de minérios também representa um meio de reduzir os índices.
Nenhum comentário:
Postar um comentário