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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

“Muito complicado”


“Por conta de...”

Fere-me mais que os tímpanos, o cérebro mesmo, quando ouço os operadores do PIG – os chamados “comunicadores” – dizendo ou escrevendo “por conta de...” ou “a situação está muito complicada”.

Para mim, isso é pior que arranhar a unha na lousa. Apago o rádio, desligo a tevê, amasso o jornal.

Analfabetismo tem limite.

23 comentários:

Cappacete disse...

Qual o erro em "a situação está muito complicada"? Ai, ai, ai...

Anônimo disse...

Não seria mais adequado dizer: Fere-me mais que os tímpanos. Fere-me o cérebro mesmo,... Da forma que está escrito da margem para se entender que os tímpanos podem ter a propiedade de ferir.

Anônimo disse...

anÕnimo metido, tua frase está cheia de erros (nem vou explicá-los). Mas o pior deles é de interpretação de texto.
Será que ninguém entendeu que não é problema de português, e sim de indigência intelectual?

Anônimo disse...

"Justiça acata denúncia contra Dantas por financiamento do “valerioduto”

Foi hoje.

Essa denúncia contra Dantas passa batida nos blogues de esquerda né? Não entendo por que...

Dantas só é vilão quando não está com o PT. O problema é que ele está com o PT há anos.

Vera Pereira disse...

"Essa denúncia contra Dantas passa batida nos blogues de esquerda né? Não entendo por que..."

Podia me indicar em qual blog "de esquerda" essa notícia passou batido?
Pelo menos nos que eu leio, está lá.

Anônimo disse...

O André F. saiu bonito na foto hein????????
Bûrro é assim que se escreve André?

Anônimo disse...

É bom não tentar explcar mesmo professor anônimo. Esta tua vírgula antes do e "..., e sim de indigência..." está mais por fora que o dinheiro "não contabilizado" do PT.

Anônimo disse...

explcar...

Carlos Eduardo da Maia disse...

É o mesmo que dizer tudo e não dizer nada.

Anônimo disse...

AnÖnimo com trema. Quanta besteira do professsor.

LIBBERACCE disse...

TÚ TÁ AÍ DANADINHO!!

daniela disse...

Valho-me de um texto que tive o privilégio de conhecer no final dos anos 80 e peço aos "professores" que, se não a mim, escutem o que L. F. Veríssimo escreve a respeito de nossa língua.
Obrigada!

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão!"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com gramática.) A gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a gramática é a estrutura da língua, mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho também o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.

Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.

Anônimo disse...

Falou "Daniela da maia".

Cropsiva disse...

A posição da Daniela não tem nada de "direita"...Pq Daniela "da maia"???? Que bobagem é essa???? E o texto do Verissimo, é correto. Perfeito e o que tem de mais progressista na discussão LINGUISTICA! O resto é masturbação intelectual, de grupos que precisam se afirmar para pertencerem a "certa elite intelectual". É patética e deprimente essa postura, que não é nova, do blogueiro.

Cropsiva disse...

Conheço alguns ótimos escritores, e posso dizer que TODOS não são ótimos gramáticos. Aliás, muitos nem bons. Não precisam disso, principalmente pq sabem escrever! E uma coisa não exclui a outra. Como escreveu o Veríssimo,e essa frase resume tudo, "linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com gramática.) A gramática é o esqueleto da língua."

Anônimo disse...

Falou Cropsiva da maia.

Anônimo disse...

Os Maia são uma grande família, seu subdesenvolvido fanatico!

Cropsiva disse...

Rapaz, eu sou de esquerda não confunda alhos com bugalhos...eu critico é a postura elitista e academicista que o blogueiro cotidianamente assume aqui! É critica ao Serra q n~~ao se formou em economia (apesar das minhas muitas diferenças, reconheço ele como bom intelectual, e economista), a Yeda que nunca produziu nada na acadimia...ao Ivar Pavan que não absorveu a axiologia da Rev. Russa (definida pelo douto Cristof), por isso é um boçal, etc, etc, etc. Critique POLITICAMENTE TODOS!!! Agora essa postura não contribui em nada para a esquerda, só para a propagação de mais e mais preconceitos. Fora que ´um atentado ao´s critérios de classe...

Anônimo disse...

O André F. vai ficar balançando a orelha sem dizer nada?

Anônimo disse...

O André F. vai te catar!

André F. disse...

Agora que a DESGOVERNADORA sai de férias,seus defensores tinham o dever de acompanha-la...

janguinho disse...

Padre Ary agora se assina Cropsiva?

André F. disse...

(Daniela): Perfeito!Um texto é vivo...e às vezes é até imperioso grafar incorretamente,visando dar clareza à idéia que se quer expressar...Comunicar também é botar a imaginação em movimento...Grande Veríssimo...

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