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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

domingo, 1 de junho de 2008


Pau Casals i Defilló

Mundialmente conhecido como Pablo Casals (1876-1973), regente e violoncelista catalão, un català, como dizem com raro orgulho em Barcelona.

Pau foi republicano durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39). Lutou contra o franquismo e todas as formas do fascismo. Foi vítima de uma tentativa de suborno por parte do nazismo hitleriano, no sentido de fazê-lo “virar a casaca mediante pecúnia” (vilania comum naqueles tempos, retratado pelo filme Mephisto do diretor István Szabó, de 1971).

Resistiu bravamente e ainda militou na resistência nazi-fascista na Europa ao proteger ativistas que fugiam tanto de Franco quanto de Hitler.

Modesto, uma vez explicou assim o seu ativismo:

"Não sou político, sou simplesmente um artista. Mas a questão é definir a arte como um passatempo fora do contexto da vida diária dos homens, ou como um meio para preservar o significado original da existência humana. A política não é tarefa dos artistas, mas, na minha opinião, temos a obrigação de tomar uma clara posição, qualquer que seja o sacrifício que isso acarrete, se a dignidade do homem estiver em jogo."

Hoje quando se fala de Yo-Yo Ma como o grande nome do violoncelo, não é possível esquecer Pau Casals, o mestre dos mestres no cello e um ser humano completo. Um exemplo total.

Ouça o catalão aqui.

Trata-se de um filme de 1954, de 9 minutos, e dado como sumido por muitos anos. Pau interpreta Bach. Imperdível!


2 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Os dois grande cellista do século XX, foram vítimas do fascismo: Paul Casals e Mstislav Rostropovitch (este último do fascismo de esquerda).

Anônimo disse...

É curiosa essa relação entre o gênio artístico e a postura do sujeito no mundo – certo, isso é uma obviedade... Chamou a minha atenção o texto sobre Casals porque moro em Barcelona e se respira esse "orgulho" catalão (que muitas vezes toma ares bastante discriminatórios). Mas o curioso mesmo é quando a coisa não “encaixa”. Recentemente li pela primeira vez Camilo José Cela, galego que não só lutou pelo fascismo na Guerra Civil, como foi censor depois da sua vitória. Pois os dois livros que li (A Colméia e Mazurca Para Dos Muertos) não só são obras geniais, como também têm um conteúdo que eu classificaria como bastante antifranquista, sendo que o primeiro foi censurado aqui e teve que ser publicado na Argentina. Se alguém tiver mais informações ou idéias, por favor...

Roberto Cataldo Costa – porto-alegrense, atualmente em Barcelona

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