A natureza é contínua, e o espírito, descontínuo
O que significa o “perspectivismo amazônico” do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro (conforme ele próprio explica na excelente entrevista abaixo indicada)?
”Fiz um trabalho teórico que não é só meu, é dos meus alunos também. Faço uma experiência filosófica que no fundo é muito simples. Temos uma antropologia ocidental, montada para estudar os outros povos, certo? O que aconteceria se vocês imaginassem uma antropologia feita do lado de lá, ou seja, do ponto de vista indígena? Foi isso que me levou a entender que, para os índios, a natureza é contínua, e o espírito, descontínuo.
Os índios entendem assim: há uma natureza comum e o que varia é a cultura, a maneira como me apresento. Daí a preocupação de se distinguir pela caracterização dos corpos. E as onças, como se vêem? Como gente. Só que elas não nos vêem como gente, mas como porcos selvagens. Por isso nos comem. Enfim, para os indígenas, cada ser é um centro de perspectivas no universo. Se eles fizessem ciência, certamente seria muito diferente da nossa, que de tão inquestionável nos direciona a Deus, ao absoluto, a algo que não podemos refutar, só temos de obedecer. Os índios não acreditam na idéia de crer, são indiferentes a ela, por isso nos parecem tão pouco confiáveis (risos).
No sermão do Espírito Santo, padre Antonio Vieira diz que seria mais fácil evangelizar um chinês ou um indiano do que o selvagem brasileiro. Os primeiros seriam como estátuas de mármore, que dão trabalho para fazer, mas a forma não muda. O índio brasileiro, em compensação, seria como a estátua de murta. Quando você pensa que ela está pronta, lá vem um galho novo revirando a forma.”
8 comentários:
Outro dia na feira do Bom Fim em Porto Alegre, comprei um artesanato de uma índia e que custava 15 reais. Dei uma nota de 50 e a índia não entendia, não sabia que troco dar. Tentava contar com os dedos e o resultado não saia. Tive que trocar os 50 e dar os 15 bem contadinho. Ela ficou tri agradecida. Por isso concordo integralmente com Viveiros de Castro. O índio brasileiro faz parte de um outro mundo, de um outro contexto, de uma outra cultura, de uma outra ciência. E é realmente uma imensa violência impôr a eles a nossa cultura, o nosso contexto, a ciência do homem branco "civilizado". Eis ai o choque de civilizações. Interessante é que o índio norte-americano sabe contar, tem espírito empreendedor. Em diversas reservas indígenas norte-americana os índios administram cassinos e o fruto dessa preciosa graninha serve para pagar as contas e melhorar a qualidade de vida de toda a tribo.
Eu acho muito engraçado este Maia, volta e meia ele fala em reducionismo, que para ele nada mais é que uma palavra de defesa, para desqualificar o outro. Senão vejam...
Ele diz:
Interessante é que o índio norte-americano sabe contar, tem espírito empreendedor"
Parece que são todos os indios americanos e que aqui nenhum sabe contar.
No Brasil teve até indio deputado que por lá nunca vai existir. nem em filme.
O envolvimento do jogo organizado, ou crime organizado, é bem um exemplo do empreendedorismo que a direita neoliberal prega.
Que o dinheirinho que entra (Lei da Oferta & Procura dos EUA: quando o dinheiro roubado entra em casa, é sempre bemvindo) realmente dá para pagar as contas, ah! isto dá!
Agora melhorar a qualidade de vida já não é para todos, já que nem vou avaliar o que julgas por qualidade de vida.
Claudio Dode
Não estou generalizando, Cláudio, apenas constatando. Là nos EUA os índios são donos de casino aqui os índios vendem o mesmo artesanato de sempre e moram em barracas de lonas de plástico.
Pois é o Maia,
Mas já pensastes que eles moram em barracas de lona porque membros do Agronegócio terroristas roubam suas terras.
Pense nisso.
E ter Cassino não é mérito para ninguém.
Claudio Dode
Meio iluminista esta "nova perspectiva antropológica", não? Antropólogo adora ficar de lero.
Natureza contínua é a vovozinha. Coisa mais atrasada, essa. A natureza é finita, destrói-se, ninguém consegue entender isso, diabos?!! Troço mais terceira internacional, eu, hein.
Natureza contínua é a vovozinha. Coisa mais atrasada, essa. A natureza é finita, destrói-se, ninguém consegue entender isso, diabos?!! Troço mais terceira internacional, eu, hein.
kkkkkkkkkk
desse jeito minha véia vc mostra duas coisas, que é uma branquela fdp e que é um etnocêntrica fudida.
não vê que o Viveiros está interpretando, lendo a cultura e a cosmologia dos índios?
ele não está endossando o que os índios pensam. e depois vc está entendendo errado. o "contínuo" neste caso não é sinônimo de infinito, nem biologicamente, nem geologicamente, nem cosmologicamente.
larga de mão dessa cabeça de pizarro, veste a mentalidade do cabeza de vaca.
reginaldo cavalcanti
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