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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 9 de abril de 2008


PIG é o nome da mídia

Assim como existe um mercado de automóveis, um mercado de terras, um mercado de moedas, etc., existe um mercado de palavras – o mercado lingüístico como se referia Pierre Bourdieu.

As palavras são apropriadas pelas pessoas, pelos grupos sociais, pelos interesses econômicos e assim por diante. Elas servem para dar nome a objetos, situações, estados naturais, sociais e culturais. As palavras são apropriadas, capturadas, como um bem material qualquer, só que constituem um bem simbólico. Cassirer diz que o homem é um animal simbólico. E é.

As palavras são símbolos, representações, de algo concreto ou abstrato que nós usamos para nos expressar na relação social.

Estou lembrando disso, para ressaltar a notável expressividade do nome PIG (Partido da Imprensa Golpista), que teria sido cunhado pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE), mas divulgado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e a blogosfera de esquerda.

Por que Partido? Porque a mídia oligárquica representa o papel de intelectual orgânico das forças sociais conservadoras do Brasil, mais até do que os próprios Partidos cartoriais tradicionais, porque têm mais capacidade de difusão das idéias e reações dos setores oligárquicos, pensa e propaga politicamente seus interesses e agita a cena pública com dinamismo e capacidade de disputa.

Por que Golpista? Porque todos – em bloco – não hesitaram em apoiar de forma uníssona e sem vacilações o golpe civil-militar de 1964, bem como todos os movimentos autoritários e anti-democráticos havidos no Brasil entre 1930 e 1964, e ainda hoje, depois da redemocratização formal do País, depois de 1985, procuram sempre combater as forças populares e criar situações artificiais de instabilidade política que buscam o abrigo escuro do autoritarismo.

A rigor, o PIG tem nostalgia do seu passado de ouro: as poucas famílias detentoras da propriedade da grande mídia tupinambá (e que pautam por capilaridade todo o resto do sistema midiático brasileiro) não conseguem esquecer o regime escravocrata, as relações sociais da corte e do Império dirigido pela nobre família Bragança. A República, para o PIG, já constitui insolência nauseante, que dirá um governo híbrido como o de Lula, dirigido por castas ignaras e ascensionais que não conhecem o seu devido lugar na hierarquia sociológica do velho mandonismo de classe.

Por isso, o nome PIG é ótimo, expressa com rigor e clareza um conceito de classe para a mídia oligárquica. Para a esquerda blogueira forma um capital lingüístico de grande valor de mercado. É uma fala que comunica com competência e legitimidade de significados. Um capital cultural inestimável e uma apropriação através do discurso que resulta num ato político de imenso simbolismo.

Por isso, e muito mais, PIG é o nome da mídia.


18 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

PIG é uma invenção da paranóia. Talvez a hiper extrema direita tenha admitido, num certo momento, tirar do poder o Lula, assim como quis fazer Tarso Genro em relação ao FHC, em famoso artigo. Mas não existe esse interesse monolítico da grande mídia ( e sou leitor e assinante dela) em derrubar o Lula e o governo do PT. A grande mídia é apenas vigilante e assim tem que ser e está certa também em apontar as incríveis e grandes contradições ( e alguém aqui duvida disso?) entre o discurso do PT quando oposição (super hiper golpista e intransigente) e quando governo. PIG não existe.

Anônimo disse...

Esse seu argumento, Maia, valeria para uma imprensa livre, ainda que nos quadros neoliberais, não para uma mídia de 4 donos exclusivos e hereditários (Civita, Mesquita, Marinho e Frias). Neste caso, fala mais alto os interesses num modelo que vem desde os anos 50: Estado fraco e pequeno e cotrole dos "meios de produção" e das mentes e corações. Nos anos 50, o PIG de então, com o espírito de porco do Lacerda (porta-voz do PIG daquela época), levaram Getúlio ao suicídio. Nos anos 60, conseguiram a "redentora". Hoje, querem "domesticar" o poder que lhes fugiu do controle, ainda que continuem como grandes beneficiários. A história não nos deixa enganar, o PIG, foi, é e continuará a ser golpista e voltada para seus interesses históricos, políticos e econômicos.

armando

Anônimo disse...

Yo no creo en brujas, pero que las hay las hay.


jorge

Anônimo disse...

Essa colocação do Maia é muito interessante, porque no terreno da paranóia não há discurso, uma vez taxado de louco, você fica fora do jogo, e é pela ausência de discurso que caracterizamos a extrema direita. Basta dar uma espiada nos comentários do blog da Veja, só palavrão e xingamento, é vazio na essência. Analisando o comentário da extrema direita, que no caso deste blog é vigiado pelo Maia (olha a paranóia de perseguição ai Maia, vc é um mero frequentador do contra não é...), a gente consegue tirar muito mais das intenções do PIG do que fazendo uma análise direta da Mídia Golpista. Essa de rotular de louco, incapaz, ultrapassado, é só pra quem não conhece história.
Muda o disco Maia, que o time dos loucos está cada vez maior, melhor, mais informado e sem medo!!! Lula tende a 99% de aprovação!!!

Anônimo disse...

que beleza de síntese, Feil!


Callado

Baiacurs disse...

Como assim não existe interesse da mídia em derrubar o Lula? Claro que sim, basta observar o retrospecto que o artigo sugere, me parece que esse sujeito vem aqui opinar mas nem lê o artigo que está comentando!

Além de representar as oligarquias que se beneficiaram (e continuam, com o Lula), o PIG é golpista por tradição, mais do que por ideologia.

O PIG criou Collor, e o derrubou quando este adquiriu vida própria.
O PIG deu um segundo mandato ao FHC, por acordo, fechando os olhos durante a "vigilância"(Maia), para os descalabros do tucanato.

O PIG é golpista só pelo poder... já detém todas as concessões, não vai conquistar mais nada, seja com Lula, Dirceu, Serra...

O PIG prefere correr o risco de ficar desacreditado frente ao público, do que dar o braço a torcer!

E quanto a paranóia, bueno, essa fica por conta da "hiper extrema direita" (mais uma vez, palavras do Maia), que continua temendo a ameaça vermelha. Nem precisa ser tão hiper assim, basta serem descendentes dessa turma, que já se cagam de medo de socialismo.

Se o Lula fizer mais alguma concessão ao povo, ainda que eleitoreira, esses aí são capazes de convocar a Marcha da Família com Deus pela Liberdade...

Anônimo disse...

o mais correto seria "PIG é a alcunha da mídia", afinal de contas, bandido...

Anônimo disse...

Gente vcs não entenderam ainda que o Maia é PAGO para tentar desestabilizar e infectar uma série de blogs com característucas de crítica ao poder instituído?

E se não for, pobre desse cidadão...

Anônimo disse...

Foulcault, explicou muito bem essa história de rotular de louco, e qual o interesse.

armando

Carlos Eduardo da Maia disse...

Inventaram que a grande mídia é golpista por causa do esquema do mensalão. A Veja colocou em sua página um vergonhoso contrato de financiamento entre o PT e as empresas de Marcos Valério, beneficiadas por prestarem serviços a estatais nomeadas por petistas. Isso é fato, isso é verdade, isso não é golpe. E quem acha que isso é golpe pode entrar sim no clube da paranóia. A verdade verdadeira é que certa esquerda não gosta de crítica, não gosta de ser criticada, porque se acha dona do monopólio do bem e não é. E monoliticamente se criou a expressão PIG para formar uma cortina de fumaça e esconder as falcatruas ( e muitas delas existem sim) dos governos de esquerda. Mas tem gente que acha que mensalão não existiu, que Dilma não inventou de fazer um dossiê contra FHC etc. O PT e certa esquerda quando oposição sairam as ruas pedindo FORA FHC e vem agora posar de vítima das circunstâncias? Que aguente o tranco, porque isso faz parte da democracia. Quem defende golpe quando é oposição é uma certa esquerda, como faz agora com o governo da Yeda. Se PIG não é paranóia, então é cortina de fumaça

Anônimo disse...

Muito bom, Feil! Vou te publicar no Dialógico.

Anônimo disse...

Por falar em cortina de fumaça:

Quando falavam fora FHC era contra a Bilionária Falcatrua na época conhecida pela alcunha Privatizações, crime de lesa pátria, de bilhões de dólares.
Hoje é acusação de compra de Tapioca.

Uma coisa é uma planilha como contrôle administrativo, feito por uma tia que não tem uma mancha na sua reputação; e outra coisa é esta planilha na mão de outra "tia" histéricamente querendo holofotes.

A Yeda que lança a pantalha e fecha escolas, que já brigou com toda a sua base até com o vice, que "não sabia nada" sobre o Detran eo PIG nem quis saber, que já tem 50% de rejeição com todo o apoio descarado do PIG. É só a esquerda que quer ver esta maluca fora???

Claudio Dode

Anônimo disse...

O PT passou anos pedindo "FORA FHC!". Na época, alguém dizia que isso era golpista? Tarso Genro escreveu um artigo na F.de São Paulo dizendo que FHC tinha de ser derrubado! Alguém falava que era golpe? Claro que não. O PT tem que aprender algumas o significado de uma palavra simples: democracia. E parem de chorar.

Anônimo disse...

Qualquer cidadão pode bradar FORA LULA!, está no seu direito. Eu, você, Tarso Genro... só não pode é a imprensa PIG que se diz neutra e isenta.
O conceito de democracia não pode ser tão elástico que seja permitido acabar com a própria democracia. Seria uma aberração. Agora, se um cidadão avulso, qualquer um de nós, quiser dizer bobagens anti-democráticas e pedir FORA isso e aquilo pode. Tarso quando se manifestou sobre isso, fez em nome próprio, por conta e risco. O PIG faz de maneira orquestrada, mentirosa, vil e sorrateira, como em 1964. Ningue'm está inventando nada, isso já aconteceu em 64.
É FATO!!!!!!!!!!!!!!!

Callado

Carlos Eduardo da Maia disse...

Deixa de ser parnóico, Callado. Tarso engrossou as fileiras do Fora FHC que saia para as ruas pedindo o impeachment de um presidente legitimamente eleito no primeiro turno duas vezes. O PT brandia, Fora FHC. E agora quer posar de vítima das circunstâncias!! Isso é hipocrisia! E mais, não existe nenhum movimento orquestrado da grande mídia para derrubar Lula. Existe sim uma mídia que estampa nos jornais os fatos. E a imensa maioria dos fatos divulgados pela grande mídia são verdadeiros. Ou por acaso o PT não celebrou contrato de financiamento com a agência de Marcos Valério, como mostrou a Veja? Que o governo do PT administre bem o Brasil e insira mais e mais brasileiros (novos Belgas, como diz o LFV) no rol da qualidade de vida que é o que efetivamente importa e deixe a imprensa trabalhar livremente.

Anônimo disse...

Só para esclarecer:

Tem uns oito ou dez diretores do Banco do Brasil do governo que froam condenados,(e só não estão presos, porque vão recorrer até não terem mais iddade de serem presos). E isto nem a PIG nem os Maia's da vida comentam.

Quem é do governo do Lula tem alguma condenação, que dê um minimo de autoridade moral ao canalha do Maia dizer que as acusações de Veja e caterva contra um partido como um todo são verdadeiras. Isto não é cegueira é má fé.

Porque não perguntaram se a Yeda Pantalha sabia das falcatruas do Detran?

E não tem ninguem pedindo o Impedimento dela? Nem nesta nem no fechamento de escolas.

Claudio Dode

Anônimo disse...

A Yeda "pantalha" é igual ao Lulla "cachaceiro" Petralha. Não sei de nada!

Chumbogrosso

Anônimo disse...

Me digam: pantalha é de beber, de comer, de sentar em cima ou de ficar embaixo?

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