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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 16 de abril de 2008


O "internacionalista" Haroldo Lima

O bochincho em torno da declaração de Haroldo Lima – militante do PCdoB, dirigente da ANP e boquirroto -, de que há uma nova e imensa reserva de petróleo na bacia de Santos, esconde muitos outros elementos relacionados ao tema petróleo/energia/soberania nacional.

O PIG tem ignorado, mas está havendo um grande debate nos bastidores da política e da economia do País, que diz respeito à revisão da quebra do monopólio do petróleo, aprovado há dez anos no Congresso, por iniciativa do governo FHC.

Com o petróleo atingindo preços de 113 dólares o barril, mais o fato de a Petrobras estar descobrindo óleo em quantidades árabe-sauditas, o chamado mercado se excita a níveis inimagináveis.

Cabe portanto, revisar projetos e estratégias energéticas face a essa realidade favorável, mas que apresenta desafios que exigem soluções nos marcos da autonomia e da soberania nacional. Os atuais formatos dos contratos da Petrobras podem estar travando benefícios suplementares que o Brasil deveria auferir com as novas descobertas. O silêncio do PIG e dos investidores privados prenuncia que as atuais regras são favoráveis em maior grau ao setor privado em detrimento do interesse nacional. O professor Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, tem chamado a atenção para que o governo Lula revise suas estratégias políticas relativamente ao tema petróleo e energia.

Ano passado, foi comemorado a nossa auto-suficiência em petróleo, quando atingimos a produção diária de 1,9 milhão de barris (os EUA produzem 22 milhões/dia). Hoje, poucos meses depois, só no campo Tupi existem comprovadamente cerca de 70 bilhões de barris estocados a sete quilômetros de profundidade. Óleo da melhor qualidade e para o qual existe tecnologia nacional para extraí-lo a custos vantajosos, especialmente com os atuais preços internacionais do barril.

Portanto, discutir a volta do monopólio estatal do petróleo é tema de máxima urgência e alta relevância, especialmente sabendo-se que hoje 63% das ações da Petrobras estão nas mãos de investidores privados.

Mas voltando ao assunto do boquirroto, eu quero contar aqui um “causo” do dirigente da ANP e ex-deputado do PCdoB da Bahia, que está narrado na última edição da revista Piauí, numa ótima reportagem da jornalista (belo texto!) Consuelo Dieguez. Na revista está mais detalhado e rico, mas eu vou sintetizar.

No dia 8 de novembro de 2007, houve uma reunião importante na sede da Petrobras, no centro do Rio, avenida Chile, 24º andar. Tão importante que contava com o presidente Lula, a ministra Rousseff, o ministro Mantega, o ministro Bernardo, os treze membros do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), entre os quais o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima (foto). Só alto coturno.

A reunião foi aberta com a apresentação de um vídeo em 3D (que exige óculos especiais para assistir) sobre o campo Tupi e a excelência do óleo recém descoberto, numa faixa marítima que vai do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Ali estão dormitando cerca de 70 bilhões de barris de petróleo, ou o equivalente a 8 trilhões de dólares (oito vezes o PIB brasileiro).

O baiano Haroldo Lima disse que “foi uma comoção” saber de tudo em poucos minutos. Diante disso, o presidente Lula disse que a próxima licitação dos blocos exploratórios, marcada para poucos dias mais, perdia sentido, uma vez que uma nova realidade se impunha. E enfatizou: “Não passarei à história como o presidente que tomou conhecimento de uma notícia dessa natureza e deixou tudo prosseguir como se nada tivesse acontecido.” Lula concluiu, então, que – do ponto de vista do interesse nacional – seria recomendável cancelar a licitação da famosa nona rodada, que envolvia 312 blocos em terra e mar, inclusive na área do novíssimo campo Tupi – um filé apetitoso para os gigantes do mercado internacional de energia.

Todos os conselheiros do CNPE concordaram com Lula, menos Haroldo Lima. O dirigente do PCdoB argumentou que essa medida não seria justa com o mercado, que envolve todos os que auferem royalties, compreendendo-se aí aqueles de regiões no Nordeste, especialmente os municípios pobres, etc. [Vejam o grande interesse disfarçado na máscara do pobre e do desvalido.]

A solução encontrada foi retirar da nona rodada as 41 áreas situadas dentro do campo Tupi, com o intuito de ganhar tempo. Conforme menciona a jornalista da revista Piauí, “a decisão de se manter a nona rodada da ANP, embora com a retirada dos 41 blocos, frustrou as expectativas de dirigentes da Petrobras. Gabrielli e Estrella [dois diretores da estatal] achavam que o anúncio das reservas bilionárias seria uma excelente oportunidade para o governo defender a volta do monopólio da Petrobras na exploração e produção do petróleo. A posição inicial do presidente Lula [...] enchera os dois de esperança.” Mas tudo caiu por terra, e a oportunidade estratégica foi perdida pela ação de um sonâmbulo, para dizer o mínimo.

Curiosamente, a posição de Haroldo Lima converge e contempla os interesses das grandes petroleiras instaladas no Brasil, como a anglo-holandesa Shell, as norte-americanas Exxon, Chevron e Devon, a norueguesa Statoil, a espanhola Repsol e a francesa Total-Fina-Elf.

Será este o internacionalismo propugnado pelo partido de Haroldo Lima?

25 comentários:

Anônimo disse...

hehehehehehehehehehe, o PcdoB é um reduto de renegados e revisionistas. A Manu nunca leu nada, nem o Kapital nem o Manifesto. Eles são impostores do socialismo, só querem carguinhos em governos, de Collares a Britto.
Pô, quem defendeu o governo entreguista do Britto, vai defender o quê?

Jucah

Anônimo disse...

Caro Cristóvão, muito grave esta denúncia que tu fazes, baseada em matéria da Revista Piauí.

Pelo que entendi nesta reunião estavam presentes:

1. Presidente do Brasil Lula
2. Min. Chefe da Casa Civil Dilma
3. Min. da Fzenda Mantega
4. Min. do Planejamento Bernardo
5. O Conselho do CNPE - 13 membros

Aí o PRESIDENTE defende uma posição sobre o que é discutido na reunião, justa e correta pelo que se lê. Mas eis que, de todos os presentes (entre os quais três dos mais importantes ministros do Governo; Dilma, Mantega, Paulo Bernardo, mais 12 membros do CNPE), apenas UM, o DIRETOR da ANP, faz cair por terra os argumentos do Presidente da República. Eu estou pasmo, jamais imaginei tanto poder nas mãos de um só homem. A não ser que, como tu mesmo sinalou, trata-se apenas de um "causo" (lenda, embuste, engodo).

Carlos Eduardo da Maia disse...

Tanto o campo de Tupi como este de Santos foram descobertos com parceria entre a Petrobrás e empresas privadas multinacionais. Seria um imenso retrocesso, um conservadorismo da pior espécie, voltar ao estatismo peçonhento do monopólio da extração de Petróleo pela Petrobrás. O Brasil tem que estar atento e vigilante -- inclusive a mídia -- para essas atitudes bolivarianas rançosas que rondam por ai. O povo brasileiro tem que dizer sempre um rotundo não a toda espécie de monopólio.

Anônimo disse...

Realmente, estranho, pois apenas um cidadão, consegue melar a proposta do presidente, apoiada por todos? Faltam mais informações.

armando

Jean Scharlau disse...

Quem é o sonâmbulo? Haroldo ou Inácio?

Anônimo disse...

O Brasil deve estar atento, aliás já devia estar antes quando das vergonhosas privatizações.
Este é o maior roubo:

se tiver os 33 bilhões de barris serão a US$ 3,3 trilhões, que vão ser dividos minoritariamente de gente que nunca investiu um tostão em pesquisa, e levou por micharia num leilãozinho do genrinho do Lesa Patria FHC.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Maia, "estatismo peçonhento" que ergueu e construiu a Petrobras, desde 1953 até FHC.
Ou vc. acha que a Petrobras surgiu do nada, pelo condão mágico do Zylberstein genro do FHC e seus cupinchas?

Francisco Gros ex-presidente da Petrobras hoje trabalha numa empresa privada, do Eike Batista, e conspira contra a estatal com ganas de canibal. Haroldo Lima acaba fazendo o jogo dessa gentalha, mas não me pergunta o motivo.

jorge

Carlos Eduardo da Maia disse...

FHC fez muito bem em desestatizar e quebrar o monopólio estatal de certas atividades no Brasil. Como choram as viúvas do conservadorismo estatista. E mais, a Petrobrás encontrou a reserva de Tupi e, talvez, a de Santos porque houve parceria privada. Houve investimento privado de empresas multinacionais para esse fim. Confunde-se neste Brasil de poucas luzes nacionalismo, estatismo e xenofobia com soberania.

Anônimo disse...

P C do B quer dizer P. no C. do Brasil


joca

DESCONFORMADO disse...

Caro Carlos Eduardo da Maia, um imenso retrocesso foi o processo de “privatidoações” praticado no desgoverno de FHC. As vantagens das parcerias são questionáveis se avaliarmos a relação custo/benefício, principalmente se não perdermos de vista que a Petrobrás há muito tempo domina a tecnologia de pesquisa e prospecção de petróleo em águas profundas.
Temo que os anos de tortura sofridos pelo atual dirigente da ANP – Haroldo Lima (militante do PCdoB) – durante a ditadura militar, tenham comprometido seus princípios. Quando Lula sugeriu (08/11/07), após a confirmação do potencial do recém anunciado campo de Tupi, uma revisão nos critérios de leilão de 312 novos blocos de exploração declarou que: “...essa medida não seria justa com o mercado...”. O mercado ao qual o senhor Haroldo Lima se refere seria o mesmo que está acelerando a ruína da economia estadunidense e ameaçando arrastar o mundo com ele? Qual o conceito/princípio de justiça que este “deus” virtual conhece ou pratica? Qual seria a vantagem do Brasil em compartilhar suas riquezas com quem sempre nos sugou, e continuam sugando, até a nossa última gota de sangue (rubro e negro)?
Conforme suas palavras: “Confunde-se neste Brasil de poucas luzes nacionalismo, estatismo e xenofobia com soberania”. Na minha opinião, em nosso continente de poucas luzes, sempre se confundiu entreguismo, subserviência, exploração das populações nativas e escravizadas pelas elites, “nacionais” ou não, com progresso e desenvolvimento. Mais uma vez, repetindo suas palavras: “O Brasil tem que estar atento e vigilante -- inclusive a mídia -- para essas atitudes bolivarianas rançosas que rondam por ai. O povo brasileiro tem que dizer sempre um rotundo não a toda espécie de monopólio”. O que você denomina como “atitudes bolivarianas rançosas” não são nada além da secular luta de um continente pela conquista do respeito aos seus direitos, liberdades e soberanias. O Brasil realmente tem que estar atento e vigilante para não perder o trem da história e não se isolar de seus vizinhos que, após séculos de lutas, estão conseguindo lograr uma embrionária unificação em torno de interesses comuns. Quanto ao “... rotundo não a toda espécie de monopólios...” (patentes) sugiro a você fazer esta proposta às mega corporações como a Bayer, Monsanto, Rohdia, Coca Cola etc. Quem sabe não concordem com você. Tente!

Saudações Bolivarianas!

Ou... Viva o MERCADO!
Exploradores de todo o mundo uni-vos camaradas!

Carlos Eduardo da Maia disse...

A Petrobrás até pode dominar a tecnologia da prospecção de petróleo em alto mar, mas ela faz sim parcerias com empresas privadas multinacionais para esse fim. Então, por que faz? E mais, qual o problema de se fazer esse tipo de parceria, segundo as regras impostas pelo próprio governo? Se parceria não fosse vantajosa, os países socialmente desenvolvidos não fariam esse tipo de contrato. E fazem e fazem muito. NO mais, deixo de comentar o discurso amador e simplório da exploração do povo brasileiro pela elite, pelo PIG e pelo bixo papão.

Anônimo disse...

Maia!
Desista de comentar sobre este texto e os argumentos dos comentaristas. São todos "economístas" que vão dar ao Brasil o rumo certo.
Francamente!
Tem cada argumento imbecil!

Dr Gasolina

Anônimo disse...

Quem está desconformado sou eu: com um simplório argumento, um só ao que parece, Haroldo Lima, numa reunião de líderes, conseguiu dobrar a todos, incluindo aí o próprio Presidente. Que força estranha é essa que o Diretor da ANP detem e que a gente desconhece?
Algo me diz que, na falta de mais informações, tudo não passa, como diz o Cristóvão Feil, de causo.

Anônimo disse...

Maia, tu és uma besta enquadrada, principalmente depois que saiste na radiografia do saco do FHC, do Britto, do Rigotto, da Yeda... ops, da Yeda saiste na mamografia.

Ajax Peixoto

Beque de campanha disse...

Maia, comprova aí que as "parcerias" permitiram essas descobertas!

DESCONFORMADO disse...

Sim senhores da Maia, Marcos Trindade e Dr. Gasolina. Talvez a força estranha (oculta) do Haroldo Lima, em convencer um governo a rever suas posições, seja a do estrategista “Deus Mercado”. Divindade não cultuada pelos pseudo-economistas, ex-comunistas, ex-humanistas e ex-tadistas ateus que acreditam que o ser humano está acima das engrenagens que movimentam as máquinas de guerra lubrificadas com sangue de inocentes visando única e exclusivamente a própria perpetuação no poder.
Complexos argumentos, discursos bem articulados vinham dominando cabeças e mentes em nosso continente até que... Alguma coisa começou a mudar. Virou uma baderna: é índio presidente, é operário presidente, gente pobre, sem formação, achando que o povo tem direito a comer, ter computador, entrar na faculdade e muito mais. O PIG (porco em inglês?), na América Latina, nunca defendeu as Zelites que, por sua vez, nunca explorou e nunca permitiu que seu povo fosse explorado. O meu “discurso amador” é só pra ornar com meu sentimento amador, DESCONFORMADO com a histórica humilhação do nosso continente onde, só agora, nós brasileiros começamos a nos dar conta que pertencemos e somos importantes. E com certeza também nunca existiu o Bicho Papão a que se refere o sr. da Maia (da Espanha ou da CIA?). Papai Noel sim que eu vi na televisão. Veste vermelho, é barbudo e vem num caminhão da Coca Cola. E por falar em caminhão vamos ver se o Dr. Gasolina vai ficar mais barato já que, mesmo com tanto petróleo, o seu preço aqui é regulado pelo Mercado.

Saudações Bolivarianas!

Anônimo disse...

Mais uma vez a desqualificação cínica dos argumentos que possam ir contra o famigerado "mercado" é usada como arma para impor uma suposta "verdade". Isso é comum no inbecil do Maia, que entende de todos os assuntos que possam vir a serem discutidos aqui. Essa desqualificação é a única arma de quem não tem argumentos para participar de uma discussão fudada na dialética. Isso se chama "argumentos da direita". ou "não" argumentos. Ou, simplesmente, imbecilidades...

Anônimo disse...

Ainda em busca de mais informações quanto ao papel do Diretor da ANP no episódio que tanta comoção causou à Bbolsa de Valores, aqui e lá fora, encontrei hoje este comentário do Sebastião Nery, na Tribuna de Imprensa:
.......

Haroldo

Toda essa epopéia está relembrada em um livro atualíssimo, "Petróleo no Brasil - A situação, o modelo e a política atual", lançado dias atrás em Salvador pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, baiano de Caitité, líder estudantil que ajudou Betinho, Aldo Arantes, José Serra e outros a fundarem a AP (Ação Popular) de 1960 a 64, engenheiro pela Universidade Federal da Bahia, preso e torturadíssimo de 76 a 79 e, depois da anistia, dirigente e deputado federal pelo PC do B.

Os serviçais de sempre das empresas internacionais de petróleo criaram um escândalo porque ele disse que "pode surgir na bacia de Santos novo campo, o Carioca, de 33 bilhões de barris". Já estava lá na pág. 151:

"As novas descobertas alteraram muito o quadro brasileiro no setor petrolífero. O Brasil alcançará a posição 20ª, se as reservas de Tupy se confirmarem em 5 bilhões de barris. Chegará à 17ª posição se a expectativa de 8 bilhões for confirmada. Poderá ficar entre a 8ª e 10ª posição caso se confirmem as hipóteses de novos reservatórios (sic) na extensão do pré-sal".

Eis aí. As reservas do megacampo Carioca já estavam lá no livro.

Anônimo disse...

Trindade, porque vc não comenta sobre o entreguismo do líder do PcdoB? O mesmo entreguismo que inspirou esse partido a participar do governo Britto que vendeu metade do RS. Ainda não ouvi autocrítica do PcdoB, da Jussara Cony, Edson Silva, Manu sobre a participação no brittismo gaudério.

sapão

Anônimo disse...

Porque são duas bobagens, para não dizer mentiras. Só isso.

Anônimo disse...

Para ajudar no construtivo debate que se estabeleceu aqui, quanto ao suposto entreguismo do Haroldo Lima, vejamos o que escreveu Helio Fernandes, na Tribuna de ontem.


Haroldo Lima, insuspeito e intocável

Defende o petróleo é nosso
Surpresa total quando Haroldo Lima, presidente da ANP, (Agência Nacional de Petróleo) num seminário da Fundação Getulio Vargas fez declarações maravilhosas sobre o futuro do petróleo no Brasil.

É preciso reproduzir textualmente: "O Brasil PODE TER descoberto o TERCEIRO maior poço de petróleo do mundo". E continuou: "Esse campo tem tudo para ser cinco vezes maior do que o megacampo de Tupi".

Lógico, a notícia logo se espalhou, os profissionais da Bovespa começaram a comprar, não quiseram nem confirmação. Como o mercado é de oferta e procura, o preço das ações da Petrobras subiu logo 8 por cento aqui e 11 por cento em Nova Iorque.

Como também é habitual, para dissipar ou diminuir o estrondo da notícia, começaram a ACUSAR leviana e insensatamente, mas com toda cautela, "que Haroldo Lima estaria fazendo o jogo da especulação para levantar o preço das ações da Petrobras". Que aliás nem precisa disso. A Petrobras não precisa e Haroldo Lima não é capaz de especular.

Antes de acusar é necessário conhecer o passado e o presente de Haroldo Lima, e ter certeza do que ele fará agora e sempre. Ferrenho defensor do interesse nacional, não transigiu, não concedeu, não negociou, não pediu pela própria vida ou liberdade. Entrou para a relação dos homens mais torturados durante a ditadura.

Haroldo Lima foi preso na tristemente famosa "chacina da Lapa", junto com Aldo Arantes e Elza Monerat. (Dois companheiros dele foram mortos, poucos escaparam.) Haroldo foi torturado B-A-R-B-A-R-A-M-E-N-T-E, durante 6 anos seguidos.

E finalmente levado a julgamento pela "justiça teleguiada e injusta do regime autoritário, condenado a 10 anos de prisão". Cumpriu 3 anos em regime fechadíssimo, quando veio a anistia de 1979, foi solto.

É a história desse presidente da ANP, que entrou na luta pela defesa do mais legítimo interesse nacional, com 20 anos. Não falei com Haroldo, ninguém me pediu nada, estas são notas jornalísticas e não de agrado ou desagrado de ninguém. Hoje com 69 anos, perto de completar 70 anos, Haroldo Lima continua com o mesmo espírito guerreiro, só que é um guerreiro da liberdade e da defesa do que serve ao Brasil.

É possível que alguns especuladores tenham ganho dinheiro com a informação que ele fez PÚBLICA e ABERTAMENTE. Mas esses especuladores ganham de qualquer maneira. Se o fato não se confirmar, vendem e ganham novamente. Haroldo Lima não tem dinheiro ou ligação para jogar na Bovespa, comprar ou vender ações da Petrobras. Se tivesse recursos, compraria cada vez mais Petrobras, acredita mil por cento na empresa.

Provavelmente, quase certo, o objetivo de Haroldo Lima foi denunciar acordos da Petrobras com empresas estrangeiras. Esse megacampo que ele chamou de "Pão de Açúcar", já não é TÃO NOSSO como deveria ser. A Petrobras só tem 45 por cento de um grupo que explora o petróleo desse megacampo. A inglesa BG, tem 30 por cento, a argentina-espanhola, Repsol, os outros 25 por cento. Por que e para quê a Petrobras precisa de recursos para exploração e prospecção?

PS - Estes são fatos, fatos, apenas fatos. A descoberta de campos e mais campos, uma surpresa agradabilíssima. Nos anos 40 e 50, os americanos mandaram para cá um tal "Mister Link", que usava a mídia para dizer e repetir: "Não há petróleo no Brasil". Hoje se sabe que era pura traição dos "nossos irmãos do Norte".

PS 2 - Todo o PETRÓLEO É NOSSO, ainda, de acordo com a campanha famosa? Talvez com medo de que esteja deixando de ser, Haroldo Lima tenha feito a declaração. Quero ver quem vai desmenti-lo.

Anônimo disse...

Não fuja, Trindade. O pessoal do PC do B participou sim do governo Britto, foi CONYvente com a venda do patrimônio público dos gaúchos para os privateiros.
O PC do B foi brittista, SIM! Foi privatista, SIM! E o seu Haroldo Lima está empatando a discussão sobre a volta do monopólio estatal do petroleo.
Ou o Feil e a Piauí estão mentindo. Eu li a revista Piauí e as informações da reporter foram dadas pelo próprio Haroldo. Ele mesmo admitiu que conseguiu convencer Lula de continuar com o leilão da nona rodada de licitações, fazendo o joguinho ou jogão das multis.
E não venham dar carteiraço de ex-preso político aqui que não cola. Qualquer vagabundo é preso e não se fica idolatrando porque esteve no xilindró. Cadeia não é documento. Se isso fosse verdade o Cabo Anselmo seria ídolo e não um traidor safado. Anselmo também foi preso, assim como inúmeros outros que desbundaram na cadeia e fizeram o jogo dos milicos. Saiba vc que não está tratando com ingênuos e que ignoram a história. Outro que ainda não se explicou foi o Genoino. Como que ele se safou com vida do Araguaia?

sapão

Anônimo disse...

Para o Maia e outros defensores do crime de lesa pátria do fim do monopólio, e de entregar parte da petrobras ao "mercado":

A Petrobras tem parcerias por que a lei obriga;

A Petrobras é a UNICA que tem restrições no leilões.

Quando o Geisel estendeu a milhagem da costa já tinha suas razões e conhecimento.

Nos contratos de risco os Gringos nunca acharam nada;

O que o CANALHA DO LESA PATRIA FHC e seu genrinho fizeram foi entregar o que a Petrobras já tinha mapeado;

Os sócios não entraram com nada além da cota para para a turma do Haroldo...

O resto é só boquejo de colonialista

Anônimo disse...

(Onde estão os infográficos? A mídia fez não sei quantos mil infográficos por causa de uma tapioca de R$ 8. Agora por que não faz infográfico para o que seria a terceira maior reserva de petróleo do mundo?)

As declarações do diretor da ANP, Haroldo Lima, reverberaram notícias (outra aqui) publicadas numa revista americana, World Oil. O novo campo de petróleo na área carioca não é somente da Petrobrás, que aliás nem maioria teria nesse campo. Há outras empresas (Exxon, etc) que têm acesso a esta informação.

Lima prestou um bem à nação. O ódio da imprensa, que está contaminando até membros do governo, deriva do fato de que Lima revelou uma grande barriga da mídia tapuia. Uma informação estratégica sobre nossas reservas energéticas, importantíssima, circulava desde fevereiro na imprensa especializada, e a nossa imprensa não sabia de nada. Não noticiava nada. Um erro colossal. Os editores e colunistas econômicos estão com a consciência pesada por sua ignorância, motivada pela incompreensível falta de interesse pelas descobertas no pré-sal.

Falta de interesse, aliás, que observo desde o primeiro anúncio feito da descoberta das novas reservas, no ano passado. Desde o início, a imprensa tem evitado explorar de forma abrangente o tema, que merecia cadernos especiais e montagem de equipes especializadas para investigar. Mais uma prova da incompetência da imprensa brasileira, e que é consequência natural desse direitismo submundista que domina parcela importante da elite e quase a totalidade dos meios de comunicação. A direita dos países desenvolvidos, ao menos, é nacionalista. Aliás, essa seria a sua principal característica, um nacionalismo exacerbado, exagerado a ponto de virar xenofobia.

Anônimo disse...

Amigos,

Apenas para esclarecer: a Petrobras NAO e obrigada a fazer parcerias... O faz por questoes de mercado, seja para dividir os riscos ou dada a escassez de sondas de perfuracao para aguas profundas e ultra-profundas. Se possui "apenas" 40% de participacao no eventual mega-campo, o fez por propria iniciativa.

Alem disso,a Petrobras NAO POSSUI QUALQUER TIPO DE RESTRICAO nas rodadas de licitacao... Quando tentou-se criar restricoes para operadores ofertando em mais de tres blocos em um mesmo setor (nao so a Petrobras, mas todas as empresas participantes), houve uma chuva de processos judiciais, que culminaram na anulacao da Oitava Rodada de Licitacoes. Na Nona Rodada, ja nao havia qualquer tipo de limitacao.

Enfim, a Petrobras e dona das suas proprias pernas e, acreditem, a quebra do monopolio so fez bem a ela, que se tornou uma potencia internacional.

Ser viuva do Estado e facil, dificil e encontrar argumentos para justifica-lo...

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