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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 1 de abril de 2008


Bancos mostram força no governo Lula

O sistema financeiro do Brasil dobrou de tamanho no governo Lula e os lucros triplicaram, impulsionados pelo crescimento do crédito e pelos juros ainda elevados. De acordo com o ranking dos maiores bancos elaborado pelo Banco Central (BC) e divulgado em sua página na internet, o sistema financeiro ultrapassou a barreira dos R$ 2 trilhões em ativos totais e fechou 2007 com R$ 2,559 trilhões, com crescimento de 28,1% sobre 2006 e de 92,1% sobre os R$ 1,332 trilhão de 2003. A informação está no jornal Valor, de hoje.

Os dados divulgados pelo Banco Central também mostram que o Itaú com R$ 288,8 bilhões em ativos totais, fechou o ano à frente no ranking do Bradesco, apresentado com R$ 284,4 bilhões, de acordo com o critério do BC, que exclui as operações com seguros. Considerando-se os balanços consolidados das duas instituições, porém, o Bradesco fica à frente com R$ 341,2 bilhões e o Itaú atrás, com R$ 294,9 bilhões. Ao final de 2006, o Itaú estava em quarto lugar entre os bancos no ranking do BC, depois do Banco do Brasil, do Bradesco e da Caixa Econômica Federal.

Pelos dados do BC, o ABN AMRO e o Santander somavam R$ 275 bilhões em ativos totais ao final de 2007 e ficam no terceiro lugar entre os maiores do setor privado, e quarto maior do mercado, à frente da Caixa Econômica Federal, com R$ 249,6 bilhões em ativos.

A expansão do crédito puxou o crescimento dos lucros e do tamanho dos bancos. A carteira de crédito cresceu 25,2% em 2007 para R$ 865,3 bilhões, saltou 111,5% sobre 2003.

Com isso, o sistema financeiro acumulou um lucro líquido consolidado de R$ 57,4 bilhões em 2007, 18,6% a mais do que em 2006 (R$ 42,1 bilhões). Mas, o crescimento foi de nada menos que 200,5% sobre os R$ 19,1 bilhões de resultado em 2003, primeiro ano do governo Lula.

.....

Os economistas marxistas Gérard Duménil e Dominique Levy definiram o neoliberalismo como a “expressão ideológica da hegemonia da finança”. Com esses dados divulgados pelo Banco Central do Brasil algum recalcitrante ainda tem dúvida sobre quem tem a efetiva hegemonia da política brasileira?

Ou dito de outra forma: alguém duvida que se tome alguma medida estrutural no Brasil, sem o expresso consentimento do sistema financeiro?

Neste sentido, a popularidade extraordinária do presidente Lula (que é inegável) adquire um caráter relativo, face à acachapante força hegemônica do sistema bancário que orienta a economia e parte da política do governo federal, haja vista toda a sorte de dificuldades e entraves sofridos pela reforma agrária nestes cinco anos de lulismo, só para citar um único exemplo.


6 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

O sistema bancário e financeiro deve ser forte e com credibilidade em qualquer país que queira se desenvolver econômica e SOCIALMENTE. É no sistema financeiro que se capitaliza o crédito que serve para financiar os investimentos. E que créditos são esses? São os créditos das poupanças, das aplicações dos clientes do mercado financeiro, desde o pequeno poupador ao grande investidor. Qualquer tormenta e turbulência no mercado financeiro pode colocar em risco o próprio país. É, portanto, do interesse público e do pais assegurar a estabilidade do mercado financeiro que não pode e nem deve ser de livre mercado, mas controlado e fiscalizado por este ente fundamental e imprescindível que é o Estado. Agiu bem o FED em intervir no Bears, assim como agiu bem o governo FHC ao fazer o PROER auxiliando, sobretudo, a credibilidade do mercado financeiro nacional e os poupadores, aplicadores e investidores das instituições envolvidas. Nâo vamos reduzir tuo ao simplismo e concluirmos que isso é apenas jogo ideológico de dominação e hegeomonia. Isso faz parte da prática real em qualquer sociedade que quer e pretende se desenvolver. O governo do PT está mostrando ao Brasil que tudo aquilo que ele dizia e criticava fazia parte apenas de um jogo de poder. Um jogo para chegar ao poder. Nada mais além disso.

Anônimo disse...

Será que é por isso, Maia, que o capitalismo está nessa crise brava?
Até onde sabemos não é no banco que se geram as riquezas. Parece que está havendo uma hipertrofia do sistema bancário internacional. Uma coisa é banco forte e com crédito público, outra bem diferente é banco super vitaminado e a produção à míngua, em crise permanente. Vai chegar uma hora que os governos não terão mais de onde tirar pra salvar os banqueiros.
E aí? Kapput?

lustosa

Prof. Daniel disse...

Boa Lustosa!
E quando os governos não tiverem mais de onde tirar para salvar banqueiros, ou quando o povo se der conta que os juros acachapantes que paga vão direito para o mercado financeiro internacional, bom, quando essa hora chegar, pode ter certeza, os "investidores" tão aclamados pelos neoliberais (como o incansável sr. do 1º comentário)vão levar "as riquezas" para algum outro país "em desenvolvimento".
Nunca se extraiu tantas divisas do Brasil, pode ter certeza.
Lula consolidou o neoliberalismo de Collor e FHC, e hoje faz feliz meia dúzia grupos internacionais que estão sugando o sangue dos brasileiros.
Não sei como alguém em sã consciência pode saudar um absurdo desses. E ainda vem falar em crédito que financia investimentos!
Só falta dizer que os bancos privados vão financiar programas sociais.

Anônimo disse...

Os banqueiros, seus apaniguados e admiradores conjugam como ninguém o verbo estuprar. Estupram a dignidade, estupram a soberania, estupram qualquer ética, estupram qualquer sinal de humanidade. E ainda tem quem os defenda? Não precisam de defensores, principalmente, trânfugas, como o ainda vivo Gabeira, Mainardi, etc.
armando

Omar disse...

O Banco do Brasil foi mal em 2007...
Isso é bom?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Ninguém aqui está defendendo os bancos, Armando. O comentário que fiz é apenas uma constatação do óbvio. Nada além disso.

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