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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007


Benditas foices que roçaram eucaliptos

Foices não roçam sozinhas, então é preciso dizer benditas mãos que foram erguidas ao céu empunhando bandeiras, ao som de gritos e canções em defesa da terra, da água e de tudo o que Deus criou. Benditos trabalhadores que, no dia 16 de outubro de 2007, deixaram suas casas e com suas foices, ferramentas de trabalho, foram defender o amanhã, o futuro do planeta e da humanidade. (O MST realizou no Rio Grande do Sul dois atos de protestos contra as monoculturas de eucaliptos em Santana do Livramento e na região de Bagé). Parece estranho dizer que alguém foi defender o futuro da humanidade com uma foice nas mãos. Também parece estranho o que se lê no Evangelho quando Jesus de Nazaré disse aos fariseus que queriam ver seus discípulos calados: "Se eles se calarem, as pedras gritarão" (Lc 19,40).


Tivemos o histórico ato das mulheres no dia 8 de março de 2006. Onde elas arrancaram mudas de eucaliptos como a mãe que arranca o espinho que faz doer a carne do filho indefeso. Aquela ação acordou a sociedade para a questão das monoculturas de plantas exóticas. Mas, as multinacionais da celulose, com apoio do governo gaúcho, tentaram calar todas as vozes de denúncia contra essas monoculturas no Rio Grande do Sul. O governo do estado realizou ações fortes e severas para garantir o ambicioso projeto das papeleiras multinacionais. E alguns já pensavam que o fato estava consumado e que não tinha mais volta. Mas quando achavam que a voz profética tinha sido calada, eis que as foices gritaram, roçando caminhos para a vida.


Com medo das foices e dos que não temem a opressão, o governo da Yeda mandou sua polícia com todo seu aparato de guerra para agredir e prender os trabalhadores que lá estavam apenas roçando com suas foices para resgatar a terra aprisionada pela ambição. Junto com a polícia estava também a imprensa de plantão para registrar um fato político de direito constitucional como ato criminoso.


E o chefe da polícia disse na imprensa que agiram contra o crime, prenderam os criminosos que danificaram o patrimônio alheio. Concordamos que este é o papel da polícia. Então, deveriam prender os donos, gerentes, diretores das papeleiras multinacionais que estão danificando o Pampa gaúcho com suas monoculturas de plantas exóticas. Pois, crime mesmo é fazer monocultivos de eucaliptos porque provocam terríveis e irreparáveis danos ambientais e sociais. Por serem desenvolvidos no modelo de monocultura, esses plantios geram poucos empregos e causam a perda da biodiversidade. Os eucaliptos, por exemplo, consomem grande quantidade de água e provocam enorme desequilíbrio ao ambiente natural. As experiências que temos no Brasil, no estado do Espírito Santo, é que a indústria de celulose, além de devastar a mata nativa, também expulsou muitas comunidades de suas terras. E naquele estado já secaram centenas de córregos e nascentes de água. É apenas um pouco das conseqüências destas monoculturas. E quem não vê que isto é crime?


E a polícia deveria prender também a dona Yeda Crusius por sua conivência e cumplicidade com o crime organizado das indústrias de celulose no Rio Grande do Sul. São elas que estão cometendo crime contra o patrimônio do povo gaúcho e não podemos ser cúmplices disso. As futuras gerações poderão herdar uma Pampa mais pobre que esta que nós herdamos de nossos pais. Poderão herdar os campos desertos virado em tocos de eucaliptos, sem cavalos e sem tropas. Uma terra sem vida para germinar a semente, para fazer florir o trigo e produzir o pão. Se é isto que queremos deixar de herança para nossos descendentes, então fiquemos de braços cruzados. Mas, do contrário, se queremos preservar a vida com justiça e paz, então devemos continuar a luta contra as monoculturas e as indústrias de celulose.


E se tentarem calar as vozes que clamam contra os desertos verdes, as foices gritarão. Não é isso que queremos. Desejamos que os ouvidos do entendimento e do diálogo se abram para escutar as diversas opiniões da sociedade e assim construirmos caminhos alternativos para um outro desenvolvimento. Que seja um desenvolvimento economicamente viável, político-socialmente justo e ecologicamente sustentável.


Artigo do Frei Pilato Pereira


7 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Frei Pilato é capuchino (não o café, mas a seita), é franciscano. Fez voto de pobreza, tem apenas seus velhos chinelos e suas mantas. Segue à risca as lições de São Francisco da bela Assisi. Como bom franciscano tenta impor a todos sua visão de mundo, modesta, simples, sem nenhuma ostentação. Mas o mundo assim não é. Nem no socialismo real, assim não é. Na rua mais famosa de Pequim, na república comunista da China abriu um restaurante super ultra chique chamado Le Lan, da famosa rede ultra burguesa Starcks. O aludido frei franciscano apoia a luta das pessoas que dizem serem camponesas e que invadem propriedades de grandes empresas para roçar a roça dos outros. E o frei se queixa da polícia que prende esses mesmos militantes -- que se dizem camponeses -- porque invadiram propriedade (que não é mesmo um direito sagrado, admito) alheia, sob acusação de que eles estavam roçando a roça alheia. Eles estavam cortando eucaliptos, disse a autoridade policial. E a governadorinha -- ocupada em seu gabinete fazendo as contas do Estado falido -- é a culpada de tudo, porque sua polícia prendeu as pessoas -- que se dizem camponesas e que estavam roçando a roça dos outros. E assim caminha a humanidade na restrita visão do frei Pilato, que não é o Poncio.

Guga Türck disse...

Floriô
de Zé Pinto

Arroz deu cacho e o feijão floriô,
milho na palha, coração cheio de amor.

Povo sem terra fez a guerra por justiça
visto que não tem preguiça este povo de pegar
cabo de foice, também cabo de enxada
pra poder fazer roçado e o Brasil se alimentar.

Com sacrifício debaixo da lona preta
inimigo fez careta mas o povo atravessou
rompendo cercas que cercam a filosofia
de ter paz e harmonia para quem planta o amor.

Erguendo a fala gritando Reforma Agrária,
porque a luta não
para quando se conquista o chão
fazendo estudo, juntando a companheirada
criando cooperativa pra avançar a produção.

http://www.landless-voices.org/vieira/archive-05.phtml?rd=FLOWERIN035&ng=p&sc=1&th=49&cd=ARTINMOV039&se=0

Anônimo disse...

Impressionante é ver a doacao dos sem-terra ao povo brasileiro, pois quando vao lá com suas foices, estao nao só lutando por um mínimo de dignidade pra si próprios, mas por todos nós.

Anônimo disse...

amigo,
venha conhecer meu blog,
blog do chicão
http://blogchicao.tripod.com/

é legal.
não tem sua inteligência, mas é legal....

Anônimo disse...

frei feio e bobo. não vá tão longe. No Rio Grande do Sul se planta eucalipto em larga escala há trinta anos e não tem dessa historinha de que secou riacho, choveu canivete e o coelhinho da páscoa dançou cara-caramba cara-caraô.

e aqui também vai o meu versinho:

salve o milho
exótico mexicano
que do grão se faz pipoca
moído faz angú

reforma agrária urgente
abaixo o exótico austaliano
da madeira faz o rolo
que higieniza bumbum da china

assentado valente bravo
não se rende ao capital
na hora de ir aos pés
o velho sabugo é o ideal

Anônimo disse...

Enfim o Maia acertou uma:
" E a governadorinha -- ocupada em seu..."

Governadorinha, acertou em cheio!!!

Anônimo disse...

prá se ter so uma ideia do dano, cachoeira do sul pros lados de caçapava do sul, os ovinocultores estão vendendo seus rebanhos porque estão cercados dessa desgraça (mononcultura de eucaliptos). lá na nossa terrinha professor tóia!!!!

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