O santo ofício particular de Bernardo Kucinski
Agressivo e desproporcional o artigo do professor Bernardo Kucinski contra o frei Luís Cappio. Julgou e condenou um cidadão que luta por direitos. Está lá, agora, no portal da Agência Carta Maior. Dá até para sentir cheiro de carne queimada.
Em nome do quê, mesmo?
Ora, da defesa (incondicional e acrítica) de um projeto recheado de irregularidades e suspeitas. Um projeto cuja essência ninguém é contra, a integração do rio São Francisco às populações do semi-árido do Nordeste. Ninguém é contra essa integração. Ninguém. Apenas se apresentam objeções a uma modalidade de integração que privilegia o hidrobusiness de exportação. Um projeto que trata igualmente os desiguais. Esse é o ponto. Repito: um projeto que trata igualmente os desiguais, conservando portanto as gritantes desigualdades da vasta região nordestina. Um projeto que vai custar o dobro de recursos e favorecer a metade da população, por conseguinte, um projeto cobertor-curto no social e cobertor-longuíssimo no custo financeiro (pago pelos contribuintes do País inteiro). Mais: um projeto gerenciado por ninguém menos do que o peemedebista Geddel Vieira Lima, o roliço ministro da Integração Nacional, tradicional jacaré-engomado da subpolítica oligárquica baiana e que mereceu do falecido ACM uma observação de caboclo que conhece a aldeia: "É um sujeito de ar agatunado!"
Geddel Vieira Lima está certamente regulando as idéias de Bernardo Kucinski. Só pode. Vejam a desproporção da resposta de Bernardo ao frei grevista. Acessem a Carta Maior e leiam com atenção. Alinhou todo um rol de crimes da Igreja católica contra o frei, jogou tudo na cara e na conta do frei. Conectou o frei ao terror religioso e obscurantista de séculos de irracionalismo e barbárie. Desde a Inquisição, passando pelo genocídio inca e maia, até os extermínios de Ruanda... e segue o baile bernardista. Uma coisa insana (e burra)!
Todo esse esforço intelectual (e moral) para simplesmente aderir ao pensamento e às ações (interessadas) de um sujeito com ar agatunado.
Coisas da vida.
11 comentários:
A patrulha ideológica não permite que um esquerdista critique o feudalismo cristão franciscano do bispinho chantagista. A patrulha ideológica e o bispinho chantagista que fez voto de pobreza tem muita coisa em comum: as lentes mofadas do anacronismo e das idéias caducas que não permitem que dinheiro público seja destinado a grandes empreiteiras para construir obras públicas necessárias para estrutura e infra estrutura do sertão nordestino pelo motivo simplório e pífio de que isso vai enriquecer o business, o capital e o neoliberalismo. Mas a patrulha ideológica e o bispinho chantagista esquecem que o Estado pode e deve fiscalizar os andamentos das obras públicas concedidas, como se tudo que fosse concedido, autorizado e permitido gerasse falcatrua, picaretagem e corrupção. Hoje a Polícia Federal prende e a Zeagá mostra na sua capa o delinquente de colarinho branco bem algemadinho. O Brasil, finalmente, está mudando, mas a patrula ideológica e o e o bispinho chantagista são que nem a Hiena de Hanna Barbera que apenas diz: ISSO NÃO VAI DAR CERTO.
Na falta de argumentos a melhor estratégia são os impropérios, ou como alguém já afirmou por aqui - a Lei de Maia.
Companheiro Cristovão, são poucas discordâncias que tenho com as suas opinões, felizmente, pois acompanho seu site diariamente, mas me permita discordar em relação a greve de fome do Bispo, confesso a você que não me aprofundei no assunto transposição, as divergências são bem-vindas de ambos os lados, mas não se pode chegar ao extremo de fazer greve de fome para se conseguir o seu objetivo do não à transposição, pois o Bispo é uma autoridade importante na igreja, precisamos tomar cuidados com os radicalismos, pois está em jogo posições progressistas em ambos.
Protestar, sim, nada nada de exagero.
Um forte abraço
Cido
É interessante visualizar uma linha divisória , onde o petismo pragmático se junta as posições elitistas para queimar na fogueira da inquizição um cidadão que quer chamar a atenção para um erro histórico sobre todos os aspectos que é o de transpor águas públicas de um rio público para uma maioria de empreendedores privados. A direita bem articulada está na sua, defendendo seus interesses de classe.Agora, o petismo que até ontem era de esquerda(???,)escalar um acadêmico de peso para jogar sujo é dose!
Mestre Cristóvão,
O Kucinski se comunica bem e, sem dúvida, está estimulado. Nem precisamos falar da grande motivação do Frei Cappio. Ocorre que para mim, que sou um cidadão razoavelmente informado, tudo me soa vago. Estão se matando sobre um tema que ainda não devidamente informado. Quais as vantagens da transposição? Como ela se dará? Quais as desvantagens? Talvez seja falha minha, porém tenho vários pontos de interrogação a respeito. Tentarei me informar melhor.
Abraço
O problema é que um artigo desse acaba comprometendo a credibilidade da própria Carta Maior. Parece que eles são jornalistas chapa-branca, que estão dependendo das migalhas que cai da mesa de Brasília.
O cara não se dignou a examinar as outras propostas de transposição alternativa que estão sendo levadas pelos movimentos sociais como CIMI, Pastorais, MST, Via Campesina, MAB, MPA, ANA, e inúmeros experts no assunto como o prof. Aziz Ab´Saber e inúmeras outras personalidades sérias e eminentes. Eu não esperava isso do prof. Kucinski. Verdade.
O artigo de Kucinski sem dúvida é exagerado. Entretanto, penso que essa atitude individual do Frei não pode ser levada a sério. Creio que não é forma válida de pressão. Será absurdo se, caso Cappio venha a falecer, alguns esbravejem que foi "por culpa do Governo". A decisão de alguém de parar de se alimentar, seja lá por qual motivo for, só pode ser atribuída à própria pessoa. Aliás, considerarmos greve de fome como instrumento democrático de pressão é perigosíssimo. Quanto à transposição das águas não tenho opinião formada, pois com certeza há especialistas de lado a lado. Entretanto, Geddel Vieira Lima não é nome que inspire qualquer confiança.
Não tem nenhum argumento definitivo contra a transposição que se sustente.
Dizem que a transposição não vai resolver a seca, porém ninguém afirmou que resolveria. Amenizar é melhor que não enfrentar.
Dizem que haverão desvios. Bom toda a obra está sujeita a isso. Tem TCU, imprensa, CGU, parlamento e blogs para isso. Além disso é para desviar mesmo (o rio).
Dizem que favorecerá menos gente que o anunciado. E daí? A imprensa, o parlamento e o TCU podem também prevenir e amenizar esse problema.
Estimativas são estimativas e não cálculos.
Então vamos abrir as barragens do São Francisco, esvaziar Sobradinho que elas tem os mesmos pecados.
Diziam que o rio morreria, mas o volume desviado é pífio, nenhum técnico sustenta isso.
A transposição não impede todos os outros projetos e idéias de serem implementadas.
Só esse bispo maluco quer morrer de tolo que é, para festa dos oportunistas.
Concordo integralmente com o Ottis.
Maia: LEÃO DA MONTANHA ...
" SAIDA PELA ESQUERDA "...
É DO MEU TEMPO DE ADOLESCENTE...
ABRAÇO
Vários rios, pelo mundo afora, foram assassinados por este tipo de projeto de irrigação: o Colorado (que nem chega mais a sua foz), o rio Amarelo, na China (idem), o Rio Grande, na fronteira EUA/México que virou um filete sujo, os rios que abasteciam o mar de Aral na antiga URSS... Precedentes mais do que suficientes, que os reacionários de plantão, na sua ignorância desejada, ignoram...Diante de tal ignorância, qual a discussão possível, fora tentar um ato desesperado para botar o rei nu em público? Que foi o que o bispo conseguiu, apesar de todas as tentativas de desqualificá-lo falando do que nada tem a ver com a questão. Podem posar de iluministas revoltados o quanto quiserem, mas neste assunto específico é a batina que está da posse da Razão...
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