O lulismo de resultados
Se alguém ainda está enjoado com o resultado do PED nacional, que praticamente arquivou e jogou para o museu de tudo o velho e combativo Partido dos Trabalhadores, pode se preparar para piorar quando prestar a atenção no processo de reforma do imposto sindical. É de nausear até as pedras de Plutão.
A elaboração do projeto de lei de reforma do imposto sindical - a ser enviado ao Congresso Nacional em fevereiro - divide (superficialmente) o governo federal e as centrais sindicais. O texto tem sido debatido num grupo de estudo criado pelo Ministério do Trabalho com integrantes das duas partes. A fixação de um teto máximo para a contribuição dos trabalhadores parece ser o principal impasse.
O governo federal quer fixar em 1% do salário anual do trabalhador o teto para a cobrança da contribuição sindical. As centrais reclamam do valor e querem aumentá-lo. Reivindicam, pelo menos, um teto de 1,3% dos rendimentos anuais de cada contribuinte.
O projeto só chegará ao Congresso em fevereiro. O texto vai criar uma contribuição única para o trabalhador, em substituição ao imposto sindical e às contribuições assistencial e confederativa. Hoje, esses três tributos abocanham 25% de um salário do trabalhador no ano. Com a proposta do governo - de cobrança de 1% dos rendimentos anuais do trabalhador - a cobrança ficaria entre 12% e 13% de um rendimento.
"Esse valor é baixo. Diminuir o rendimento dos sindicatos de 25% de um salário para 13% é muito pouco. Isso é que é corte fiscal", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Se as centrais conseguirem impor o 1,3% reivindicado, a fatia de um salário do trabalhador repassada aos sindicatos chegaria a 16,9%. "Ainda haverá redução no pagamento do trabalhador e é um valor que consideramos necessário", completa Paulinho. O projeto aprovado na Câmara e derrubado no Senado, por pressão das centrais, acabava com a obrigatoriedade do pagamento deste imposto.
Resumo rápido: o governo Lula quer cooptar em definitivo o movimento sindical, as centrais aceitam o peleguismo e o atrelamento ao Estado, mas para tanto, negociam um preço "justo". As grandes questões do mundo do trabalho ficam, agora, vilmente reduzidas a dinheiro, bijuja, grana, bufunfa...
Com isso, o lulismo consegue virtualmente anular no Brasil as duas instituições matrizes que são ou foram a razão de ser do movimento operário mundial na modernidade, o Partido e o Sindicato. Nenhum governo de direita no Brasil conseguiria resultados tão satisfatórios em tão curto prazo e com tão baixas taxas de tensão social.
Este é o ambiente.
Irrespirável.
Se alguém ainda está enjoado com o resultado do PED nacional, que praticamente arquivou e jogou para o museu de tudo o velho e combativo Partido dos Trabalhadores, pode se preparar para piorar quando prestar a atenção no processo de reforma do imposto sindical. É de nausear até as pedras de Plutão.
A elaboração do projeto de lei de reforma do imposto sindical - a ser enviado ao Congresso Nacional em fevereiro - divide (superficialmente) o governo federal e as centrais sindicais. O texto tem sido debatido num grupo de estudo criado pelo Ministério do Trabalho com integrantes das duas partes. A fixação de um teto máximo para a contribuição dos trabalhadores parece ser o principal impasse.
O governo federal quer fixar em 1% do salário anual do trabalhador o teto para a cobrança da contribuição sindical. As centrais reclamam do valor e querem aumentá-lo. Reivindicam, pelo menos, um teto de 1,3% dos rendimentos anuais de cada contribuinte.
O projeto só chegará ao Congresso em fevereiro. O texto vai criar uma contribuição única para o trabalhador, em substituição ao imposto sindical e às contribuições assistencial e confederativa. Hoje, esses três tributos abocanham 25% de um salário do trabalhador no ano. Com a proposta do governo - de cobrança de 1% dos rendimentos anuais do trabalhador - a cobrança ficaria entre 12% e 13% de um rendimento.
"Esse valor é baixo. Diminuir o rendimento dos sindicatos de 25% de um salário para 13% é muito pouco. Isso é que é corte fiscal", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Se as centrais conseguirem impor o 1,3% reivindicado, a fatia de um salário do trabalhador repassada aos sindicatos chegaria a 16,9%. "Ainda haverá redução no pagamento do trabalhador e é um valor que consideramos necessário", completa Paulinho. O projeto aprovado na Câmara e derrubado no Senado, por pressão das centrais, acabava com a obrigatoriedade do pagamento deste imposto.
Resumo rápido: o governo Lula quer cooptar em definitivo o movimento sindical, as centrais aceitam o peleguismo e o atrelamento ao Estado, mas para tanto, negociam um preço "justo". As grandes questões do mundo do trabalho ficam, agora, vilmente reduzidas a dinheiro, bijuja, grana, bufunfa...
Com isso, o lulismo consegue virtualmente anular no Brasil as duas instituições matrizes que são ou foram a razão de ser do movimento operário mundial na modernidade, o Partido e o Sindicato. Nenhum governo de direita no Brasil conseguiria resultados tão satisfatórios em tão curto prazo e com tão baixas taxas de tensão social.
Este é o ambiente.
Irrespirável.
10 comentários:
Sorry,
nunca foi diferente.
No meu último emprego era obrigado a contribuir com o fantástico Sindicato do Mecanógrafos.
Não sei o que de fato pode mudar para um cidadão comum com esta estrutura sindical. Matar o que já está morto é redundante.
Calões a parte, é apenas um peido para quem já está cagado.
Em relação aos dois assuntos (PED e imposto sindical, lamento tudo, mas não tinha ilusões em nenhum deles. 1) Os militantes da DS também praticam o transporte de eleitores nas votações internas do partido, inclusive chegando a pagar suas contribuições em seu nome para que votem. 2) Quem, dos grupos do PT, tem coragem de defender o fim, irrestrito e imediato, de qualquer contribuição sindical obrigatória ou, nas palavras do Paulinho "da Força", dos rendimentos dos "sindicatos"?
Detalhe,
A parte da contribuiçao dos sindicatos patronais nao muda uma virgula..Tira-se da patuleia, mas se mantem, e com isto, aumenta ainda mais o poder de fogo dos patroes.....oremos
A questão das 'centrais', a lei de greve e o imposto sindical mostram que o lulismo e o congresso mensalão se movimentam para criar mecanismos que contenham o movimento operário. PT, PCdoB, Psol e Pstu - FP - querem integrar as organizações operárias ao regime burguês. 'Não há privilégios para a classe operária no capitalismo'.
O governo só implementa esta política de cooptação por que tem terra fértil para o plantio.Em torno da CUT, e de vários sindicatos, já existe uma espécie neopelega, que o limite das ações é botar som no alto falante e contratar piqueteiros bem pagos nas campanhas salariais. De resto é fazer um sindicato de superestrutura, de visibilidade "cidadã",profundamente despolitizado e oportunista.
O Brasil caminha para copiar o sindicalismo norte-americano, sindicatos ricos, endinheirados, apoderados, com cursos de tudo (pra integrar o cara ao sistemão), e ora apoiando o partido democrata e hora apoiando so republicanos. Ou seja, um sindicalismo liofilizado, isento de contaminações revolucionárias e quetais "radicais". As centrais do Brasil, inclusive a CUT marcham para ser uma grande AFLCIO. Esse é o lulismo de resultados, como diz o blog.
Acho que inicia a contagem regressiva para o part(id)o da FRENTE POPULAR (um partido sem "P" formado por aqueles que para salvar o PT talvez saindo da sigla), o carteiro do poeta já tinha "vaticinado" essa no ano passado, se não me engano.
A única alternativa é matar os sindicatos e as contribuições tanto para estes como para as instituições patronais e transformar as representações operárias em ONGs com três únicos objetivos:
1) Conscientizar o operariado sobre como funcionam os movimentos e a burocracia institucional, a fim de instruí-los sobre onde, quando, como, para quem e por que reclamar e o que reivindicar;
2) Denunciar as falcatruas do sistema e propor soluções;
3) Assistência jurídica para os trabalhadores moverem ações individuais e coletivas sem precisarem investir uma fortuna em uma banca de advogados.
Deve-se apenas observar toda a legislação referente à formação e ao fomento de ONGs para que as ONGs sindicais tenham direito a receber verba pública e privada.
[]'s,
Hélio
Hélio, da forma como falas parece que mais uma vez a classe operária tem que ser tutelada, de fora para dentro. Emancipação e autonomia não é nada disso. Emancipação é o contrário disso. Exatamente o contrário. Quando o movimento sindical começou no século IXX, ele não pediu licença para existir e se legalizar. O mov. social é isso, expontâneo e anárquico, quando vira institucionalidade como a CUT ai é por que já está morto e cheirando mal.
Hélio, não queremos OSCIPS. sv
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