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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Isso tem que ter fim"

Ontem, quando vi essa frase nos veículos da RBS, pensei que eles estavam numa campanha de oposição para derrubar a governadora Yedinha. Segundos depois, me dei conta que se trata apenas de uma campanha contra a violência no trânsito. Qualquer movimento contra a violência do automóvel é altamente meritório e deve ser aplaudido. Mas partindo do grupo RBS (que apoiou o golpe de 64) é preciso que fiquemos com o pé atrás.

Neste caso, é uma campanha de fachada, uma campanha institucional que visa dar contornos humanitários ao business empresarial da mídia corporativa. Os mídias no mundo todo periodicamente fazem tais campanhas com a finalidade de aproximá-los dos seus leitores e simpatizantes. Mera questão de imagem, de aparência pública formal. Como eles passam o tempo inteiro apregoando as excelências da civilização do automóvel, exaltando de todas as formas - direta ou indiretamente - um tipo de sociedade moldada plasticamente para que o automóvel seja o feitiço central do nosso tempo, por vezes é necessário distensionar a corda e passar algumas horas lembrando das perdas que o automóvel pode causar. É o morde-assopra da mídia corporativa, que tem na indústria automobilística uma de suas principais fontes de receita. E os anúncios da indústria automoveira são verdadeiras rapsódias in blue de elogio aos valores mais fundamente atávicos e primevos do homem (como macho): velocidade, força, individualismo, convite à projeção das frustrações em objetos e extensões fetichizadas (a máquina), disputa narcísica, darwinismo social, rebaixamento objetificado da mulher, etc.

A violência no trânsito é a violência do automóvel (isso eles não dizem!), portanto, não pode ser isolada como um bacilo qualquer, e vista de forma descontextualizada e suspensa no ar irrespirável de nossas ruas. A campanha da RBS pretende exatamente isso: enxergar o trânsito, sem enxergar o automóvel (e o etos miserável que ele ajudou a moldar em nosso meio). A violência no trânsito é um sintoma de uma sociedade enferma que imola jovens a cada final de semana no altar pagão da máquina automoveira.

Neste sentido, a campanha da RBS é fake, mais falsa que nota de três dólares, mais postiça que o sorriso do lagarto, como diria João Ubaldo. Especialmente quando se sabe que o grande evento musical voltado ao público infanto-juvenil, chamado Planeta Atlântida, organizado pela empresa "RBS Eventos" é patrocinado com exclusividade por uma das maiores cervejarias do Brasil, e que no tal recinto, a bebida alcoólica é consumida por imberbes adolescentes em quantidades amazônicas - sem a menor inibição ou censura dos organizadores das libações juvenis de massa no litoral guasca.

Assim como álcool e direção não combinam, RBS e verdade, idem.

Mas "isso tem que ter fim".

24 comentários:

Anônimo disse...

É uma campanha hipócrita. Deram amplos espaços para a campanha do Záchia, também conhecido como pardal faturador, e o senil Paulo Santana fez uma acirrada campnha contra o lemite de velocidade nas grandes avenidas e otras cositas más. Ou seja, para atacar o PT gaúcho fizeram de tudo nesse tema e hoje posam de preocupados.

Anônimo disse...

Caraca, quando penso que o imbecil editor desse blog chegou no poço mais fundo, ele consegue cavocar mais um pouco e chafurdar na lama da idiotice e cegueira ideológica!!!

Sabe, quando vejo o quanto se fala do grupo RBS por aqui (que ao contrário do que se fala, vai fechar um ano sensacional, com faturamento e lucro recorde) acabo vendo que por trás de toda a verborragia só existe um sentimento; inveja, pura e simples inveja...

Cidadão, quem sabe você não dá um pulo ali na Av. Érico e preenche uma ficha?! com a sua desenvoltura talvez o máximo que consiga é uma vaguinha de estágiário... mas pensa bem, já é um começo!

Pelo menos não vai precisar ficar disfarçando por aqui a tua frustração...

Ah, e aos diletos que com certeza irão aparecer por aqui me atacando, só posso dizer, uma coisa... ladrem, ladrem e ladrem... que estou indo para merecidas férias, com meu carro do ano e muita grana no bolso...

Bye... pobrinhos de espirito!

Anônimo disse...

Dá lembranças para o Santana, O Wianey e o Lasier essas jóias raras de "nosso jornalismo" guasca.

Anônimo disse...

Olá,

No jornal Pioneiro, que é do grupo, também foi estampada a mesma campanha.

Acho louvável, não considerei que seria algo para aproximar a empresa dos leitores.

Uma pena que, ao invés de citarem uma alternativa inteligente ao uso do automóvel, que seria a bicicleta (cidades como Paris e Roma já estão incentivando esse meio de transporte há muito tempo), preferiram citar a motocicleta. Ocupa menos espaço que um automóvel sim, mas causa muitas mortes (também pelo excesso do condutor, não é problema dela), mas também altamente poluente (nas suas versões 2tempos).

Perderam uma boa chance de incentivar um veículo silencioso, limpo, não poluente e que faz bem à saúde, ao contrário do carro do ano, que poluí, mata, e deixa o condutor gordo, barrigudo, hipertenso e com colesterol alto.

Anônimo disse...

Excelente texto, Cristóvão. Como dizes, "no nervo".

Um abraço.

Anônimo disse...

vai imbecil, pega essa m... de carro do ano e vai... aproveita e vai pra p... que te pariu tb, babaca!!!!

Anônimo disse...

Qualquer crítica à RBS é interditada como "inveja". Tudo fica reduzido à "inveja".
Assim fica difícil, meu caro Feil.

Eu admiro que tu tenhas estômago para deixar livre o teu espaço para um cara como esse capachinho alegre da RBS. O riquinho vai sair de feriazinhas com seu autinho zerinho, vai pro nosso litoralzinho, ficar gordinho e com bacon no cérebro.

Arrrrggghhhhh!!!!!!!!

Anônimo disse...

Cris, tenho uma leve impressão que eles te monitoram o tempo inteiro.

Anônimo disse...

eu tenho uma forte certeza de que eles estão te monitorando, 24h/dia. Esse blog o do RS Urgente e outros mais que incomodam. A pulga na camisola deles.

Anônimo disse...

Caro Cristóvão,
Acho que teu blog está incomodando alguns. Apesar de ser em princípio contra a censura, acho que deverias colocar uma espécie de filtro e publicar apenas os comentários pertinentes ao post. Isto nos pouparia de ler coisas como o que o anônimo das 09:47 escreveu (anônimo, pois quem usa pseudônimo para escrever, na minha opinião é,pois tem medo de se mostrar, de dar a cara a tapa como se costuma dizer)e que nada acrescentam ao debate. Pois eu não tenho motivo para ter inveja dele e nem da empresa em que ele trabalha muito menos das bem remuneradas férias dele (acho que na pressa ele esqueceu de nos esfregar na cara o lugar para onde ele irá - tipos assim adoram fazer isso). Pobreza de espírito é alardear o quanto se ganha e puxar o saco do patrão, que lucra em cima das costas dele. Bem quanto ao post, uma coisa sempre me chamou a atenção e eu nunca entendi: Não combina campanha contra as drogas, o consumo irresponsável de álcool, fazer loucuras ao volante; com o referido evento que se realiza todo ano em nosso litoral e no litoral catarinense. Somente a busca desenfreada e sem escrúpulos pelo lucro justifica que um grupo de mídia realize campanhas de conscientização algo medíocres e imbecis (pois tratam adultos que deveriam ser responsáveis como crianças) e ao mesmo tempo promova eventos desta natureza. Isto mais parece uma no cravo e outra na ferradura.
O post está muito bom assim como o que o Marcelo, da 'Vieja Bruja' colocou sobre o mesmo assunto.
Abraços,
José Luís.

Anônimo disse...

hahhahaha

Olha o quanto estes blogs têm incomodado nossa estimada RBS. Agora até os capachinhos manda aqui para arrotar asneiras.

Olha, amigo, se tu ainda tivesse condições intelectuais (do nível do editor do blog) para discutir estes temas, até dava para tentar...mas com a quantidade de abobrinhas....Só rindo!!!

Anônimo disse...

faltou dizer: por que vocês acham que os jornalistas da RBS, TODOS, tem blog na web? E são obrigados a jornadas de trabalho extra para dar conta de tantas tarefas? Eles sabem que a mídia jornal de papel está em decadência, e que os blogs estão por enquanto sendo a fonte de informação de muitas pessoas que estão desconfortáveis com as mídias tradicionais.
Por isso eles monitoram full-time os blogs, para detectar tendências, prospectar business, meios de monetizar a web e se preparar para o apocalipse anunciado da mídia impressa em rotativas. Querem ver eles assustados é quando pintam jornais gratuítos, outro fenômeno para o qual eles não tem solução.

Cristóvão Feil disse...

Sim, José Luís, o comentário do blog "La Vieja Bruja" está muito bom, a propósito dessa campanha fake da RBS.
Recomendo a leitura.
Abç.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Por que nos países desenvolvidos, como Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Austrália, onde existem e circulam muito mais carros que o Brasil morre muito menos gente do que aqui? Sabem por que? Porque lá existe uma maior educação no trânsito. Porque as estradas lá são mais seguras, porque o Estado lá é muito mais fiscalizador. E quando a mídia faz uma campanha exatamente para que o brasileiro tenha mais educação no trânsito vem os espartaquistas denunciar que a propaganda tem apenas uma finalidade: a comercial. Concordo com o blogueiro que a civilização do automóvel é danosa, mas que o Estado faça, então, um transporte público decente, como existe nos países desenvolvidos, para que as pessoas com maior poder aquisitivo circulem no transporte público. Quem circula nos metrôs de Paris, de Londres e Nova York são pessoas de TODAS as classes sociais. A crítica -- sempre bem-vinda -- não é por ai.

Anônimo disse...

Belo texto, Tóia!

Anônimo disse...

Tóia, quero dizer a esse rbessinho, que o tal "lucro" da RBS, é contraditório com o balanço anual, que é publicado meio escondido num sábado, e os números são de quase insolvência, portanto estranho este "lucro", sobre a campanha, mais uma chamada para desviar a atenção de coisas piores, por exemplo: ninguém fala mais no golpe do Detran, que mata muito mais do que isso que está ai.

Anônimo disse...

Ôpa, Kadu, fala mais sobre isso cara!

Disseste insolvência?

Ôpa, êpa!

Omar disse...

Pois é. A atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre está priorizando os automóveis particulares em detrimento dos pedestres, ciclistas e veículos coletivos. Vários locais antes de utilização exclusiva de pedestres no centro da cidade estão sendo liberados para circulação de automóveis. O Largo Glênio Peres está virando estacionamento. O transporte coletivo está em processo de deterioração. É o contrário do que se espera de uma cidade civilizada. E isso também contribui para o aumento dos acidentes de trânsito.

Anônimo disse...

Esses dias saiu uma notícia de que a três anos não é agregado nenhum ônibus novo com ar-condicionado no transporte coletivo de POA. Com a tarifa a mais de 1 dolar significa que o Guerreiro (o homem dos cheques do Grêmio)e seus amigos estão ganhando muita grana.

Anônimo disse...

28 mil carros entram por ano no trânsito de POA. E ônibus sabem quantos entraram em 2007?

ZERO ÔNIBUS

ZERO HORA

ZERO ÔNIBUS VÍRGULA ZERO ÔNIBUS

Anônimo disse...

O que falta é fiscalização e punição. Quando doer no bolso, acho que os motoristas vão se "educar".

Aí veio o Maia e disse: "mas que o Estado faça, então, um transporte público decente, como existe nos países desenvolvidos"

Duas coisas estúpidas na mesma frase: primeiro, logo ele, tão favorável à diminuição do Estado, dizendo "que venha o Estado e faça". Por que não a iniciativa privada? Será que é porque a passagem ia ficar muito cara e o Estado tem de subsidiar o lucro?

A segunda estipidez é a falta de memória: algum tempo atrás fez-se uma pesquisa e chegou-se à conclusão de que 75% das pessoas que usam carro andariam num transporte público melhor do que o (então) atual. Dessa pesquisa surgiu o "Seletivo Metropolitano", lembra dele? Pois o Seletivo foi à falência por falta de passageiro. Aquela gente toda que usaria um "transporte público decente" continuou indo de carro.

O que seria "transporte público decente" então?

Anônimo disse...

Quem não lembra do bufão Paulo Santana, encarnação da mentalidade da nossa classe média imbecil, espumando d ódio contra as tentativas do PT em "desbarbarizar" o trânsito d POA e do RS? As estatísticas apontavam para a diminuição do numero d acidentes e mortes, mas não importava quantas crianças ñ morreram, pois o bufão narcisista rugia q "a cidade estava devagar", por causa da "fúria dos pardais arrecadadores".
Essa campanha da RBS é uma farsa sim, como d resto tudo o q eles fazem em nome do "social". Ñ se pode esquecer q essa empresa foi uma das grandes articuladoras das posições do tipo "faça o que bem entender no trânsito", bem ao gosto dessa classe mérdia, quando isso lhes pode trazer dividendos políticos em termos d desgaste do PT.
Agora, vem com mais essa picaretagem.
E pra quem ñ entende como é q uma empresa pode ser tão escrota quanto a RBS, é só avaliar a "qualidade" de alguns d seus "colaboradores", como por ex esse tal d "rbs com orgulho".

Anônimo disse...

Educação par a o trânsito, só para crianças, e olhe lá. Para adultos, a única coisa q funciona é multa e da braba, ao ponto do infrator ter q vender o carro para pagá-la. Já pensou o cara ter q vender o seu fetiche para poder pagar a infração? Funciona mais q cadeia. Mas quando a sociedade capitalista criará tal legislação se é exatamente o poder do feticha q mantem toda essa loucura em movimento? Uma sociedade q fabrica carros d passeio com potência maior q a d um trator? Para usar onde essa potência?
Vcs já viram, por acaso, a quantidade d programas q existem nas tvs a cabo onde os carros são adorados d uma forma q chega a ser mística, fora os comerciais da TV aberta?
Ninguém quer enfrentar esse problema com a determinação q ele merece. Esse é o ponto. Quem chegou mais perto foi o PT e pagou caro por isso.

Anônimo disse...

Não faz muito tempo li num blog (não lembro se foi no Apocalipse Motorizado) que talvez a melhor maneira de se fazer as pessoas deixarem o carro em casa seja investir em transporte público (não apenas em ônibus, que fica preso em congestionamentos nas ruas que não têm corredor, mas também em metrô ou no aeromóvel) e deixar que as ruas fiquem congestionadas mesmo, para que os motoristas percebam a vantagem que é usar o transporte público.
Hoje, com as porcarias de ônibus que as empresas - principalmente a Carris - têm comprado em Porto Alegre, a tendência é que cada vez mais as pessoas congestionem as ruas (e poluam o ar) com seus carros, e também que aumentem os acidentes, por causa do estresse do trânsito.

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