O crescimento vem em ondas, mas sem se sustentar como desejado. O desemprego está em mais de 8% há três anos e meio. O corte nos impostos e na taxa de juros não funcionou, ao menos no patamar almejado. Para Joseph Stiglitz (foto), Nobel de Economia, o atual comportamento da economia dos Estados Unidos é fruto da crescente disparidade entre os americanos ricos e o restante da população.
Em seu novo livro, “The Price of Inequality” (O preço da desigualdade), Stiglitz estabelece relações entre as dívidas de financiamento estudantil, a bolha imobiliária e muitos outros problemas americanos com a crescente desigualdade. Quando os ricos ficam mais ricos, segundo ele, os custos aumentam. Como exemplo, ele nota que é mais fácil superar a pobreza no Reino Unido ou no Canadá que nos EUA.
Ex-professor em Yale, Oxford e no MIT, Stiglitz foi assessor do presidente Bill Clinton e economista-chefe do Banco Mundial. Agora leciona na Universidade Columbia. Em entrevista à Associated Press, ele destaca o aumento da desigualdade de renda: “Por duas décadas, todo o aumento na riqueza do país, que foi enorme, ficou com as pessoas do topo.”
Stiglitz afirma que os muito ricos sempre foram "justificados" pelo fato de que eram apontados como "criadores de emprego". Em 2008 e 2009, porém, “foram esses caras que levaram a economia à beira da ruína”, argumenta. Segundo o analista, muitos acabam se questionando por que muitos ganham muito dinheiro, enquanto estamos quase arruinados. "E aqueles que trabalharam duro são os que estão arruinados. É uma questão de justiça."
O economista diz que não defende o fim da desigualdade. “Mas o extremo a que nós chegamos é realmente ruim”, avalia. Na opinião dele, muitos americanos entre os mais ricos não estão interessados em tornar o bolo maior, mas sim em conseguir uma parcela maior do bolo existente para eles. “Na verdade, eles estão fazendo esse bolo menor”, argumenta.
Stiglitz diz que o problema fundamental não é o endividamento do governo. “Nos últimos poucos anos, o déficit orçamentário foi causado pelo crescimento baixo. Se focarmos no crescimento, então teremos crescimento e nosso déficit se reduzirá. Se apenas enfocarmos o déficit, não chegaremos a lugar algum”, afirmou. “Esse fetichismo do déficit está matando nossa economia.” A informação é da Associated Press.
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