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terça-feira, 28 de agosto de 2012

'Os deuses malditos', debate sobre o filme de Visconti




[...] O patriarca Essenbeck vai morrer (será morto) e a luta por seu espólio será cruel. Martin, o personagem de Helmut Berger, vai manipular a todos e destruir a família. Seu ódio é contra a mãe, Ingrid Thulin, a quem ele vai ‘possuir’, cometendo incesto.

O espectador que hoje assiste a ‘Os Deuses Malditos’ não consegue nem imaginar o impacto que teve, há 40 e poucos anos, a cena de Helmut Berger vestido de mulher, interrompendo o jantar de família com sua recriação do mito de Marlene (Dietrich) em ‘O Anjo Azul’.

O clássico de Joseph Von Sternberg já era sobre a decadência moral de Weimar, mas agora Visconti radicaliza. Outra cena impactante foi a do massacre dos SA, que compunham a guarda pretoriana de Hitler. Mas eles eram comandados por um gay vicioso, e Hitler, depois de se servir deles, sentiu que necessitava de outra elite e fez com que os SS massacrassem os SA, para assumir seu lugar.

O filme é todo ele uma série de massacres, morais e físicos. Todo um mundo vai sendo destruído na trajetória irresistível de Martin para consolidar seu poder.

De fundo, Wagner, ‘O Crepúsculo dos Deuses’. Nem por isso, ‘Os Deuses Malditos’ é anti-wagneriano. Como dizia Visconti, não era culpa de Wagner que celerados como Ludwig II e Hitler tenham se apropria de sua música, o primeiro para viver uma delirante fantasia artística e o segundo, para perpetrar o Holocausto. [...]

Trecho do crítico de cinema Luiz Carlos Merten, publicada no Estadão, em 13/maio/2012.

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