O
novo presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas,
critica
a postura do Executivo federal no tratamento às categorias federais
em greve, Fala sobre a crise econômica, meios de comunicação,
conservadorismo do Congresso Nacional e a importância da unidade
política das Centrais para a garantia de direitos da classe
trabalhadora. A informação foi pescada do portal da CUT, postado
originalmente ontem, 2/8. Abaixo, trechos da entrevista do sindicalista Vagner Freitas (foto):
Negociação com os grevistas do setor público federal
“É inadmissível que o governo veja passar na sua frente uma greve forte, importante, sem demonstrar uma real fórmula para resolver o problema”.
Investimento no Serviço Público
“O governo precisa tratar melhor da questão do serviço público. Lógico, não há dúvida sobre a diferença de tratamento do governo Lula e Dilma em comparação ao governo Fernando Henrique. Os salários e as condições de trabalho melhoraram bastante, mas é preciso regar a planta para que ela cresça, porque se parar de colocar água, ela corre o risco de morrer. O investimento no serviço público tem que ser permanente e contínuo”.
Educação e Reforma Agrária
“Não é verdade que se vai investir em educação se não investir no professor. Não é verdade que se vai investir em saúde sem investir no servidor. Não é verdade que se vai fazer reforma agrária sem investir no trabalhador do Incra”.
Qualidade dos serviços
“O servidor não é um custo, mas um ativo importante na construção de políticas públicas que esse governo deve fazer porque prometeu fazer. A não-privatização, a qualificação e a extensão do serviço público como direito de todos os cidadãos significam investimento no servidor. É um direito da sociedade que paga por isso e o servidor faz parte dessa
trajetória”.
Sustentação social do projeto
“A análise que o governo precisa fazer é essa, não adianta apenas se orientar pela tabela da rigidez orçamentária, mas precisa fazer a tabela da importância política da sustentação social a um projeto diferente que está sendo aplicado no Brasil, que a CUT defende e que os trabalhadores querem defender”
Fomentar o mercado interno
“O argumento é fomentar desenvolvimento do mercado interno, colocar dinheiro em circulação, estimular o consumo, diferentemente do que fazem outros países de outros locais no mundo, que vão em sentido contrário. É só observar as medidas que tomam os governos espanhol e brasileiro. Na Espanha, o desemprego alcança 25%. Já no Brasil não há isso e o país ainda vive um processo de emprego e crescimento, embora menor nos últimos anos. É inequívoco que o governo brasileiro tem postura diferente e, se a ideia é fomentar consumo e o mercado internos, sem arrocho e aperto fiscal, também é necessário aumentar a quantidade de dinheiro que recebe o trabalhador”.
Fortalecimento da indústria nacional
“Todos os países que tiveram desenvolvimento calcado na recomposição do mercado interno, em projetos para indústria nacional, financiamento para avanço tecnológico e investimento em educação, só fizeram por meio de um sistema financeiro que capta recursos e oferece crédito. Por isso, elogios à presidenta Dilma por ter tido coragem de enfrentar os bancos já que ninguém nunca o fez de forma tão explícita, ouvindo a nossa voz, que estamos dizendo isso há tempos. E dizemos que o Brasil precisa de reformas essenciais, como a do sistema financeiro, a política e a tributária. Obviamente que nessa gestão vamos ter um olhar muito específico nesse tema”.
Interlocução com o Congresso
“Queremos estabelecer uma relação direta com o Congresso. É um espaço institucional importante e a pauta dos trabalhadores passa por lá. Vamos procurar as bancadas dos partidos, levar e explicar as demandas dos trabalhadores. Será uma postura pró-ativa, de buscar uma interlocução para temas como a ratificação das convenções 151, que trata do direito de negociação no serviço público e a 158 (trata da demissão imotivada), ambas da OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Esse último caso revela um problema grave no Brasil que é a rotatividade, algo inexplicável: crescimento econômico e rotatividade no emprego. O governo divulga vários índices sobre aumento nas contratações, mas se buscarmos quantas demissões foram feitas, será possível perceber que, muitas vezes, se demite quem ganha mais para contratar que ganha menos”.
Fim do fator previdenciário
“Vamos lutar pelo fim do fator previdenciário, uma herança do governo FHC que é a penalização aos trabalhadores que começaram a trabalhar mais cedo, as contrapartidas sociais nas políticas de negociação do governos, para assegurar a via de mão dupla que eu disse. Tudo isso sem falar nos temas macro, que a CUT quer debater com a sociedade, como a reforma agrária, as reformas política e tributária”.
Financiamento públido de campanha
“Enquanto o poder econômico privado determinar quem vai ser eleito governador, senador e deputado não teremos democracia estabelecida. Hoje em dia, lamentavelmente, o candidato sem recurso financeiro individual não consegue estrutura para se eleger. Tem que haver reforma política com financiamento público de campanha para que não seja uma corrida injusta entre os que têm mais e os que têm menos, ou sempre teremos um Congresso conservador. Para cada trabalhador eleito, há um número muito mais expressivo de representantes do setor empresarial. O Congresso Nacional deve refletir o que é a sociedade brasileira, abarcar toda a rica diversidade de manifestação social que temos no Brasil”.
Democratização da comunicação
“O problema é que a mídia que temos não consegue captar a diversidade de opiniões do país. É normal, em todo o mundo, jornais com linha mais conservadora, outros com perfil progressista. Aqui é praticamente opinião única, expressa em um controle midiático, uma espécie de emaranhado em que o mesmo grupo controla o rádio, a televisão, o jornal, a internet. Nós achamos que tem que haver mais opinião, mais informação e mais discussão na sociedade. Cabe à mídia dar vazão a isso. Não se trata de diminuir, cercear ou impedir a liberdade da mídia. O que queremos é fomentar o debate nacional, captar a diversidade de pensamento. Por isso, nós achamos que tem que se aprovar um novo marco regulatório, não é possível que a mesma empresa controle todas as mídias, temos que valorizar a mídia regional, as emissoras comunitárias, os veículos vinculados à sociedade civil, como entidades de classe e empresariais”.
Unidade das Centrais
“Nós precisamos ter bandeiras comuns. E a CUT defende e sempre defendeu a unidade entre as Centrais. Talvez os avanços mais importantes nos últimos anos tenha sido quando as Centrais tiveram a condição de defender as mesmas pautas, como os aumentos no salário mínimo. E temos que continuar fazendo isso porque as Centrais não são inimigas entre si. O inimigo está do outro lado”.
Negociação com os grevistas do setor público federal
“É inadmissível que o governo veja passar na sua frente uma greve forte, importante, sem demonstrar uma real fórmula para resolver o problema”.
Investimento no Serviço Público
“O governo precisa tratar melhor da questão do serviço público. Lógico, não há dúvida sobre a diferença de tratamento do governo Lula e Dilma em comparação ao governo Fernando Henrique. Os salários e as condições de trabalho melhoraram bastante, mas é preciso regar a planta para que ela cresça, porque se parar de colocar água, ela corre o risco de morrer. O investimento no serviço público tem que ser permanente e contínuo”.
Educação e Reforma Agrária
“Não é verdade que se vai investir em educação se não investir no professor. Não é verdade que se vai investir em saúde sem investir no servidor. Não é verdade que se vai fazer reforma agrária sem investir no trabalhador do Incra”.
Qualidade dos serviços
“O servidor não é um custo, mas um ativo importante na construção de políticas públicas que esse governo deve fazer porque prometeu fazer. A não-privatização, a qualificação e a extensão do serviço público como direito de todos os cidadãos significam investimento no servidor. É um direito da sociedade que paga por isso e o servidor faz parte dessa
trajetória”.
Sustentação social do projeto
“A análise que o governo precisa fazer é essa, não adianta apenas se orientar pela tabela da rigidez orçamentária, mas precisa fazer a tabela da importância política da sustentação social a um projeto diferente que está sendo aplicado no Brasil, que a CUT defende e que os trabalhadores querem defender”
Fomentar o mercado interno
“O argumento é fomentar desenvolvimento do mercado interno, colocar dinheiro em circulação, estimular o consumo, diferentemente do que fazem outros países de outros locais no mundo, que vão em sentido contrário. É só observar as medidas que tomam os governos espanhol e brasileiro. Na Espanha, o desemprego alcança 25%. Já no Brasil não há isso e o país ainda vive um processo de emprego e crescimento, embora menor nos últimos anos. É inequívoco que o governo brasileiro tem postura diferente e, se a ideia é fomentar consumo e o mercado internos, sem arrocho e aperto fiscal, também é necessário aumentar a quantidade de dinheiro que recebe o trabalhador”.
Fortalecimento da indústria nacional
“Todos os países que tiveram desenvolvimento calcado na recomposição do mercado interno, em projetos para indústria nacional, financiamento para avanço tecnológico e investimento em educação, só fizeram por meio de um sistema financeiro que capta recursos e oferece crédito. Por isso, elogios à presidenta Dilma por ter tido coragem de enfrentar os bancos já que ninguém nunca o fez de forma tão explícita, ouvindo a nossa voz, que estamos dizendo isso há tempos. E dizemos que o Brasil precisa de reformas essenciais, como a do sistema financeiro, a política e a tributária. Obviamente que nessa gestão vamos ter um olhar muito específico nesse tema”.
Interlocução com o Congresso
“Queremos estabelecer uma relação direta com o Congresso. É um espaço institucional importante e a pauta dos trabalhadores passa por lá. Vamos procurar as bancadas dos partidos, levar e explicar as demandas dos trabalhadores. Será uma postura pró-ativa, de buscar uma interlocução para temas como a ratificação das convenções 151, que trata do direito de negociação no serviço público e a 158 (trata da demissão imotivada), ambas da OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Esse último caso revela um problema grave no Brasil que é a rotatividade, algo inexplicável: crescimento econômico e rotatividade no emprego. O governo divulga vários índices sobre aumento nas contratações, mas se buscarmos quantas demissões foram feitas, será possível perceber que, muitas vezes, se demite quem ganha mais para contratar que ganha menos”.
Fim do fator previdenciário
“Vamos lutar pelo fim do fator previdenciário, uma herança do governo FHC que é a penalização aos trabalhadores que começaram a trabalhar mais cedo, as contrapartidas sociais nas políticas de negociação do governos, para assegurar a via de mão dupla que eu disse. Tudo isso sem falar nos temas macro, que a CUT quer debater com a sociedade, como a reforma agrária, as reformas política e tributária”.
Financiamento públido de campanha
“Enquanto o poder econômico privado determinar quem vai ser eleito governador, senador e deputado não teremos democracia estabelecida. Hoje em dia, lamentavelmente, o candidato sem recurso financeiro individual não consegue estrutura para se eleger. Tem que haver reforma política com financiamento público de campanha para que não seja uma corrida injusta entre os que têm mais e os que têm menos, ou sempre teremos um Congresso conservador. Para cada trabalhador eleito, há um número muito mais expressivo de representantes do setor empresarial. O Congresso Nacional deve refletir o que é a sociedade brasileira, abarcar toda a rica diversidade de manifestação social que temos no Brasil”.
Democratização da comunicação
“O problema é que a mídia que temos não consegue captar a diversidade de opiniões do país. É normal, em todo o mundo, jornais com linha mais conservadora, outros com perfil progressista. Aqui é praticamente opinião única, expressa em um controle midiático, uma espécie de emaranhado em que o mesmo grupo controla o rádio, a televisão, o jornal, a internet. Nós achamos que tem que haver mais opinião, mais informação e mais discussão na sociedade. Cabe à mídia dar vazão a isso. Não se trata de diminuir, cercear ou impedir a liberdade da mídia. O que queremos é fomentar o debate nacional, captar a diversidade de pensamento. Por isso, nós achamos que tem que se aprovar um novo marco regulatório, não é possível que a mesma empresa controle todas as mídias, temos que valorizar a mídia regional, as emissoras comunitárias, os veículos vinculados à sociedade civil, como entidades de classe e empresariais”.
Unidade das Centrais
“Nós precisamos ter bandeiras comuns. E a CUT defende e sempre defendeu a unidade entre as Centrais. Talvez os avanços mais importantes nos últimos anos tenha sido quando as Centrais tiveram a condição de defender as mesmas pautas, como os aumentos no salário mínimo. E temos que continuar fazendo isso porque as Centrais não são inimigas entre si. O inimigo está do outro lado”.
Um comentário:
Tudo depende da "Articulação". Discurso é uma coisa, prática é outra coisa. Há muitos interesses e pouca independência.
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