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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O mistério do reitor que não pode ser preso


Futuro prefeito de Canoas faz papel de preposto ad hoc dos interesses da Ulbra

Nas dobras e concavidades da realidade guasca acontecem coisas curiosas. Vejamos o nebuloso caso da Universidade Luterana do Brasil, alcunhada de Ulbra, que filia-se a um ramo de luteranos norte-americanos do Missouri. Este complexo educacional e de investidores no lucrativo setor hospitalar e de previdência em saúde está praticamente insolvente. Existe uma execução de dívida do Eximbank (Export-Import Bank of the United States, uma espécie de BNDES norte-americano) no valor de 200 milhões de dólares e cerca de 70 milhões de reais da instituição sediada em Canoas (RS) já estão bloqueados judicialmente.

O caso é grave, mas não o suficiente para mobilizar o magnífico reitor Ruben Eugen Becker ou o venerável presidente da mantenedora (Comunidade Evangélica Luterana São Paulo – CELSP), Delmar Stahnke. Estes têm se mantido calados sobre a crise estrutural que se abate sobre uma instituição que afirma ter mais de 152 mil alunos matriculados em seus inúmeros cursos de terceiro grau, e centenas de milhares de segurados do sistema Ulbra Saúde.

Entretanto, hoje pela manhã, em programa da rádio Gaúcha (grupo RBS), o prefeito eleito de Canoas, senhor Jairo Jorge, eleito pelo Partido dos Trabalhadores, e até semanas atrás, empregado da Ulbra, manifestou inúmeras considerações sobre a situação da entidade insolvente.

Jairo Jorge comportou-se como um preposto ad hoc da Ulbra. Emitiu opiniões, informou, foi medianeiro, advogou, ponderou, ajuizou, calculou e avaliou a situação de seus ex-empregadores. Cometeu uma inverdade: ou por malícia ou por olvido, ao dizer que a Ulbra é entidade filantrópica.

A Ulbra não é entidade filantrópica. Foi desqualificada como tal, pelo governo federal, por não contemplar as exigências requeridas para essa condição. Fato esse que está na raiz mesma da atual situação da entidade (que não pode ser chamada de Universidade, tout court).

JJ garantiu que a situação da Ulbra “pode ser contornada”, que a “crise é conjuntural” (mesmo sendo executada judicialmente em 200 milhões de dólares?), e que não é caso de intervenção. Para tanto, o ad hoc extremoso propõe a moeda de troca de sempre: que os hospitais da entidade “aumentem os serviços do SUS à população carente” e desassistida. Jogando com as misérias dos excluídos, JJ julga que vai encaminhar soluções definitivas para quem pratica gestão temerária continuada numa instituição que presta serviços públicos precários, haja vista que foi descredenciada há anos como entidade filantrópica.

Saiba o senhor JJ que a Ulbra pode e deve sofrer intervenção federal do MEC. JJ, antes de prestar serviços à entidade canoense, trabalhou no MEC e sabe que a intervenção é factível e necessária no caso de seus ex-patrões. Em Porto Alegre, por muito menos, a Faculdade São Judas Tadeu, sofreu intervenção federal, assim permanecendo por muitos anos. Um procedimento de intervenção exige o imediato afastamento de toda a direção da mantenedora e das instituições por ela operadas, exige auditagens contábeis e financeiras, bem como validação minuciosa de procedimentos e métodos de trabalho na instituição sob impedimento legal.

Segundo nota paga no jornal Correio do Povo de hoje (acima), o Sindicato dos Médicos, afirma que o “reitor da Ulbra não pode ser preso por sonegação de impostos por ter obtido habeas corpus preventivo” no Judiciário. Já se vê que o reitor Becker já cogitava dos riscos que corria, cotejando-os certamente aos feitos notáveis realizados na gestão de sua entidade.

Como se observa, a situação da Ulbra é gravíssima, não é o caso de deixar aos cuidados – ainda que zelosos – de um preposto ad hoc, futuro prefeito municipal, ex-cargo de confiança do MEC, ex-celetista da instituição ou algo no gênero. É caso, sim, de uma bem fornida banca de advogados com ânimo e expertise para defender o quase indefensável: a frustração e o ludíbrio dos milhares de cidadãos e cidadãs que buscaram saúde e educação numa entidade-arapuca que insiste em fraudar e re-fraudar a sua clientela.

Intervenção federal, já!

20 comentários:

Anônimo disse...

O Argolinho voltou atrás então?
Semana passada ele pediu ajuda (dindim) federal pra Ulbra, num programa de rádio. Hoje a nota nem toca no assunto.

Anônimo disse...

Feil veja a promiscuidade, o JJ saiu do MEC direto pra uma das diretorias executivas da Ulbra. Quero que alguém aqui me convença que isso é certo e ético. Nem o apenado Elói Braz Sessin faria uma coisa dessas.

Carlos Eduardo da Maia disse...

JJ não tem que ser radical numa hora dessas. Os interesses da Ulbra são também os interesses do povo que elegeu JJ. E o futuro é incerto. Fez bem JJ em contemporizar... Mas o que chama a atenção na nota é que o presidente do sindicato médico, o Argolo, foi impedido pelos parlamentares presentes de participar da reunião.

Anônimo disse...

Outro anunciante de ZH que se esgualepa no abismo econômico. Antes foi a Aracruz, agora a Ulbra. Depois a GM, a Azaléia e vai por aí.
A RBS vai ter que abandonar a mídia informativa e partir para ser uma empresa de entretenimento, parques temáticos, beto carrero, construção civil, especulação de imóveis, games e entretenimento na internet, bobagens e correlatos variados.
Esse é o futuro da empresa dos Sirotskis e o Hermínio Fraga tomando conta da parte de mídia jornalística.

Anônimo disse...

Mas que estória é esta de que os interesses da Ulbra são os mesmos do povo que elegeu o JJ?

O JJ foi eleito prefeito de Canoas ou do Campus da Ulbra?

Os eleitores do JJ foram o povo de Canoas ou os estudantes (?) da Ulbra?

Carlos Eduardo da Maia disse...

Os interesses se mesclam, se misturam, se unem, se incorporam.

Anônimo disse...

Só se forem os interesses escusos!

E não são coletivos, são individuais.

Anônimo disse...

Interésses = Queijo

Anônimo disse...

E a Manu não vai revelar o acerto da reunião de ontem na Ulbra?

Anônimo disse...

E a Rosário, cujo marido trabalha no MEC, não vai divulgar o acerto de ontem na Ulbra?

Anônimo disse...

Mário Casado, quem é Hermínio Fraga?

Anônimo disse...

Fraga foi presidente do Bacen, quando o Brasil quebrou em 99, na gestão FHC e dono do banco de investimentos Gávea, que comprou 13% do grupo RBS, há dois meses. Tem um representante no Conselho de Administração da RBS.

Anônimo disse...

Arminio Fraga é proprietário do grupo Anhangera,universidade privada voraz e absolutamente mercantil com ações na Bolsa, comprou a alguns meses o grupo educacional Atlantico Sul mais presente em Rio Grande e Pelotas.Fez algumas tentativas de compra junto à Ritter e Fapa em Poa.Rato que migra do capital finaceiro para o mediático e educacional...

Anônimo disse...

Pelo jeito, Jairo Jorge sofrerá oposição à direita e à "esquerda".

Anônimo disse...

Uma entidade que investe em futebol profissional não pode ser filantrópica. Acho que deveria sim ter intervenção federal.

Anônimo disse...

Caracoles...caracolides....a cada dia me cai ainda mais as tranças...sabem quem tb perdeu a filantropia.....quem esta sem o certificado e pronta pra quebrar....A ASCAR-Emater....bom dai ninguem chia né pois quem vai sair perdendo não seram os 120 mil estudantes da clase merdia...mas sim umas 300 mil familias de agricultores familiares que como são muito promiscuos devem englobar algo como um milhão de pessoas ou mais, MAS QUE PRODUZEM COMIDA ALIMENTOS...ate que emfim feil vc acertou vamos federalizar, mas por que não federalizar a extenção rural tb....LUBUNO MALACARA (O VERDADEIRO)

Anônimo disse...

A Anhangüera tentou comprar a Uniritter de Canoas e não conseguiu, em função de resistência da comunidade... (os donos da Uniritter voltaram atrás depois de fechado o negócio em função de verdadeiro "clamor popular").

Anônimo disse...

Não é de estranhar que o predador Armínio Fraga coloque o nome de "Anhanguera" no seu complexo educacional. É o nome do sertanista Bartolomeu Bueno da Silva que no século XVII desbravou o interior brasileiro e começou o holocausto indígena por aqui.
Cada um homenageia os seus próprios heróis.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armínio Fraga não era presidente do Bacen quando o Brasil quebrou em 99. Ele assumiu depois e sua política está sendo seguida pelo governo do PT.

Anônimo disse...

Bravo mais uma vez, Cristóvão.

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