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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
A ideia de que estudar é suficiente para mudar a condição social de uma pessoa é um mito
Se o Brasil continuar com cerca de 10% de analfabetos, será um fracasso
O alto índice de analfabetismo no Brasil, que atualmente está em 9,8%, foi fortemente criticado durante debate no Fórum Social Mundial Temático da Bahia que teve início hoje, 29/1.
“Não importa se o Brasil vai ser a quinta economia do mundo. Se ele mantiver um índice de quase 10% de analfabetos como tem hoje, ele será um fracasso. Esse índice de analfabetismo é um fracasso do ponto de vista do desenvolvimento”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), professor Roberto Franklin Leão.
O professor questionou o modelo pedagógico adotado pelo Ministério da Educação e pelas secretarias estaduais de educação, a falta de infraestrutura das escolas e os baixos salários dos professores.
“Nós conseguimos aprovar no Congresso um piso nacional para os trabalhadores da educação e assim que o presidente sancionou, os três estados mais ricos do país – São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – começaram a se movimentar contra. Não é porque eles não possam pagar e, sim, porque fizeram uma opção política de estimular a disputa nas escolas e não os bons salários”, completou.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, ressaltou os avanços sociais alcançados nos últimos dez anos, desde o primeiro Fórum Social Mundial. Mas, segundo ele, ainda há muito o que ser feito na educação.
“Nós temos 14 milhões de analfabetos e uma população adulta que tem em média sete anos de escolaridade. Não chega a 30% o número de escolas que têm uma quadra poliesportiva, um laboratório de ciências. É uma péssima infraestrutura e professores com salários baixíssimos”, criticou.
O professor da Universidade de São Paulo (USP), Moacir Gadotti, questionou o papel da escola como instrumento de inclusão social. Na opinião dele, a ideia de que estudar é suficiente para mudar a condição social de uma pessoa é um mito.
“A escola não é capaz, sozinha, de mudar uma situação que vem muito antes de o aluno entrar nela. Em muitos momentos, ela funciona como um reforçador da exclusão social”, afirmou Gadotti. A informação é da Agência Brasil.
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Não podemos esquecer, igualmente, os altos índices de analfabetismo funcional (leitura mecânica de um texto mas sem capacidade de compreensão).
O analfabetismo funcional no Brasil alcança cerca de 68% dos brasileiros. Muitos graduados no terceiro grau - nível universitário - continuam sendo analfabetos funcionais, ou seja, incapazes de dominar plenamente a leitura, a escrita e as operações aritméticas.
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Um comentário:
A deterioração brutal da qualidade da educação no Brasil é mais um dado a comprovar o sucesso retumbante das políticas neoliberais.
Enquanto isso, os responsáveis por esse deterioramento seguem a repetir o que o professor Moacir Gadotti, acertadamente, refuta. Nossos políticos e governantes vivem a afirmar que a educação vai mudar a condição do povo brasileiro, apesar de pouco ou nada fazerem pela melhora da sua qualidade.
E há um óbice bastante sério ao necessário resgate da qualidade na educação pública brasileira. É a lógica neoliberal de transformar tudo em mercadoria, tudo em negócios passíveis de gerar lucros. Se o Estado passar a investir aquilo que precisa, e deve, em educação, vai, certamente, "roubar" mercado do ensino privado.
Está levantada a questão: qual governante tem real compromisso com a educação de seu povo e não com os financiadores de sua campanha eleitoral, dentre os quais já consta o lobby das escolas e universidades privadas deste país?
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