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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Forças brasileiras no Haiti vigiam bancos e mansões de magnatas


Haiti, muito além do horror

A dor do povo haitiano é inimaginável e imensurável.

Sobre a dramática situação do Haiti, é desumano ficar refém da cobertura das grandes redes de tv brasileiras. Primeiro, porque o relato falado pelos enviados não bate com as imagens geradas pela mídia internacional. Já no primeiro dia, ficaram batendo na tecla que o governo haitiano era incompetente em gerar estatísticas, número de mortos, os números se reiificam e são mais importantes que a dor.

Certamente, o Haiti não tem governo, tem uma tutela do imperialismo via ONU e, se tivesse, será que produzir estatísticas era o fundamental naquele momento?

Desesperados, âncoras do jornalismo brasileiro tentam arrancar, literalmente, dos enviados, via telefone, informações sobre a violência e a insegurança instaladas, enquanto as imagens reproduzidas mostravam a população chorando, vagando, cantando seu canto de tristeza, as pessoas não praticavam nenhuma violência, elas eram as próprias vítimas da violência. No telejornal, desesperada, a âncora da rede Globo não queria saber sobre o sofrimento daquele povo e enfatizava que existiam relatos de saques e roubos a supermercados, quando, outra vez, as imagens mostravam os destroços de supermercados, os adultos removendo os escombros, numa operação arriscada, para ter acesso à água e alimentos para crianças e mulheres grávidas.

Para a jornalista, seria melhor que os alimentos apodrecessem sem que a população pudesse ter esse acesso num momento de desespero?

Nos dois primeiros dias, só se via a população negra perambulando pelas ruas e não se viam os soldados das Forças de Paz, pois foi omitido que estas, inclusive a brasileira, estavam vigiando os bancos e as mansões dos magnatas brancos haitianos e estrangeiros, para evitar “violência dos negros bárbaros”. Só faltou dar-lhes, literalmente, este conceito. Esta não é uma manipulação da mídia brasileira, excepcionalmente, ela só reflete uma prática cotidiana, de como a população brasileira recebe o viés das notícias.

Outra cena que dá para envergonhar os brasileiros, é o ridículo e patético Ministro da Defesa (dos ricos) Nelson Jobim fardado, fazer uma visita de menos de 24 horas ao Haiti, aliás, ficou mais tempo dentro do avião, que em solo haitiano, foi fazer o quê?

O Brasil é uma força de ocupação a mando dos Estados Unidos, sua função não é garantir a paz ou reerguer o país, mas sim, garantir a exploração e subjugação do povo haitiano. É necessária a ajuda humanitária, mas isso não se faz com soldados que são treinados para a guerra. São necessários médicos, enfermeiros, agentes sociais, como os que mandou Cuba.

É preciso deixar que os haitianos sejam donos de seu próprio destino, é necessária a saída das tropas de ocupação do Haiti. Não se escuta nos noticiários que boa parte dos bancos de sangue dos EUA são de sangue de jovens haitianos trocados por centavos de dólar, esta é uma exploração garantida pelas tropas brasileiras subservientes ao Pentágono, e este, para seguir garantindo a mão de obra barata, manda 10.000 soldados para garantir a “ordem” capitalista e sua exploração direta. Há muito cinismo nesta “dor” da mídia brasileira.

Artigo do professor José Ernesto Alves Grisa, mestre em Sociologia Ufrgs/IFF.

Foto: Força militar brasileira no Haiti: nostalgia de 1964, agora com os capacetes azuis da ONU.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sim, numa hora dramática como essa (parece coisa do Rio) o problema é falta de polícia! Antes dos desidratados e famélicos - vem o pau. Depois, é preciso deixar claro uma quantidade incrível de pequenas guerrilhas globais, acompanhadas da evangelização dos diferentes: no Haiti é a força do Vudu, na África é dividida em religiões tribais e corão, nas ilhas poli-mela-indonésias é o corão. O Brasil já está em 50%. O apoio ONU é sempre pro lado cristão. Isso é a liberdade religiosa? Guerra por Jesus, que nunca falou nesses termos?

Zé Bronquinha disse...

Grande texto do Grisa.A ajuda humanitária é um acerto a intervenção armada não. O que me incomoda é que meus amigos do PT parece que não enxergam essas coisas, pois que não tomam vergonha na cara para romper com esse tipo de governo, que por justificativa de uma grande e "acertada" coalisão jogam todos os princíos humanistas, socialistas e comunistas para a lata do lixo da história. Ficar refém, por exemplo, desse crápula neo-tucano Nelson Jobim, deveria ser demais para os estômagos de homens e mulheres petistas de boa vontade. Todavia...o tempo vai passando...Os bons empregos no governo vão rendendo...E lá se foi a utopia e tudo mais!

Oscar T. disse...

Deixar o Haiti a propria sorte nessa hora? Ou é ingenuidade deste mestre ou é burrice mesmo. Neste momento qualquer apoio é util, seja p/ reprimir, sim, saques etc ou ajudar a reconstruir, até mesmo as instituições.
Faz parte, nada melhor que um texto contra-corrente pra chamar atenção, soldado do passo-certo...

Anônimo disse...

http://video.google.com/videoplay?docid=-6353604084333423510&ei=9b_ZSJCpM5mSrAKp8pCnCw&q=O+que+se+passa+no+Haiti#

video produzido por uma TV dos EUA sobre a ação das forças de "paz" no Haiti

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