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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

terça-feira, 25 de setembro de 2007


Venezuela vive efervescência revolucionária

Por um lado, os seguidores de Chávez se manifestam a favor da reforma constitucional para um socialismo do século 21. Por outro, uma oposição dividida se mobiliza e realiza fóruns. A iniciativa propõe, entre outros pontos, a criação de novas formas de propriedade. A matéria é do jornal argentino Página/12, de ontem.

Os bairros e praças de Caracas respiram a efervescência das assembléias públicas. Ainda que pareça mentira, chavistas e antichavistas discutem publicamente a reforma constituinte que terá um referendo em dezembro. A redução da jornada de trabalho, a eliminação do latifúndio, dos monopólios e a criação de novas formas de propriedade são alguns dos 33 artigos a serem modificados com os quais os governo ganhou as ruas e a iniciativa política. Mesmo que a oposição esteja dividida, quer recuperar terreno perdido e alguns setores se mobilizaram sábado contra a reforma, enquanto a situação fazia um ato multitudinário. No entanto, a principal central sindical do país, a União Nacional de Trabalhadores (UNT), procura aprofundar o processo político aberto rumo ao “socialismo”.

“Não vamos permitir a desestabilização. Que não venham dizer que o governo de Chávez não aceita protestos! Não. Protestem. Mas esta Constituição eles não respeitam um pingo. Votaram contra ela em 1999. Como é que agora esta Constituição é boa e dizem que não é necessário aprovar a reforma?”, disse o ministro do Poder Popular para as Relações Interiores e Justiça, Pedro Carreño, segundo a situacionista Rádio Nacional da Venezuela (RNV).

Diante de uma onda vermelha, integrada por trabalhadores do ministério, conselhos comunais e comunidades organizadas, Carreño liderou o ato de juramentação dos Comitês de Defesa do projeto de Reforma Constitucional (RC) realizado na praça La Candelaria, em Caracas. “Temos uma Constituição e existem inimigos históricos dos processos libertadores dos povos”, disse Carreño, denunciando a oposição que, segundo ele, busca provocar o caos para evitar o referendo mediante protestos sobre serviços públicos ou a insegurança, informou a RNV.

As palavras do ministro faziam referência aos grupos de oposição, como o Comando Nacional da Resistência (CNR), associado à direita que governou a Venezuela durante a chamada Quarta República, e a Aliança Bravo Povo (ABP), que anteontem marchou com um pingo de gente rumo à sede do Ministério de Carreño para rechaçar a reforma e a insegurança, informou o jornal da oposição El Universal. No entanto, uma ordem municipal e um cordão de efetivos da Polícia Metropolitana impediram que chegassem ao ministério.

A oposição já não é a mesma desde que perdeu a capacidade de mobilização que tinha em 2002 e 2003, em grande parte pelo forte apoio de que goza o presidente venezuelano Hugo Chávez. Por isso, agora a oposição realiza fóruns e mantém um perfil baixo nos espaços públicos. “Não está posta uma mobilização”, garantiu ao Página/12 uma fonte da Fedecámaras, a associação empresarial mais importante da Venezuela que apoiou a golpe militar que derrubou Chávez em 11 de abril de 2002.

Segundo uma pesquisa publicada domingo pelo Instituto Venezuelano de Análise de Dados (IVAD), 40,6% das 1.200 pessoas consultadas disse que votará a favor da modificação da atual Constituição, frente a 22,5% que a rechaçará nas urnas. Das 33 mudanças propostas por Chávez à Carta Magna de 350 artigos que ele próprio impulsionou e conseguiu aprovar após chegar ao poder em 1999, o direito à Segurança Social para trabalhadores como taxistas, serviço doméstico e vendedores informais é respaldado por 90,8% da população, seguido da redução da jornada de trabalho para seis horas, apoiada por 70,6%.

Entre os principais atores sociais que apóiam parte das reformas destaca-se a UNT, a central sindical que conta hoje com mais de 1,2 milhão de filiados e que defendeu o líder bolivariano quando sofreu o efêmero golpe de 2002 e em seguida a greve petroleira patronal organizada pela Fedecámaras e a outra central, a CTV, que terminou em fevereiro de 2003. “A reforma que o presidente faz demonstra que estamos num processo de mudanças, uma situação revolucionária cada vez mais profunda, em que ele recolhe, à sua maneira, o que o povo e os trabalhadores vêm desenvolvendo através de lutas e mobilizações para acabar com a exploração e o imperialismo”, disse ao Página/12 Orlando Chirino, coordenador nacional da UNT e dirigente da principal corrente sindical, Ccura, de esquerda.

No entanto, Chirino se manifestou contrário ao método usado para reformar a Constituição reivindicando a necessidade de que todo o povo discuta o conteúdo em sua totalidade – não apenas 33 artigos – através de mecanismos mais democráticos que o chamado “parlamentarismo de rua”. “Se vamos para o socialismo, deveríamos ir a uma assembléia popular livre e soberana com delegados de trabalhadores, camponeses, comunidades, estudantes, integrantes das forças armadas, que supere a assembléia constituinte que se fundamenta em uma pessoa um voto”, propôs o sindicalista de 58 anos e com mais de quatro décadas de experiência sindical, solicitado por diferentes regiões do país para atividades e conflitos.

O conteúdo do projeto governamental, assinalou o líder sindical, também apresenta limites. “Não se inscreve numa perspectiva socialista. Absolutamente não se questiona a propriedade capitalista. O fruto do trabalho e os excedentes produzidos pelos trabalhadores e trabalhadoras continuarão sendo apropriados por uma minoria de empresários ou, no melhor dos casos, por um Estado capitalista”, indicou em referência ao artigo 115 que cria quatro novas formas de propriedade, entre elas a mista, deixando intacta a privada. Outro problema, disse Chirino, é que a nova normativa permitiria de agora em diante que as multinacionais tenham soberania sobre o solo, o subsolo, áreas marítimas e todos os recursos naturais mediante as empresas mistas.

Por trás da reforma, o coordenador da UNT percebe o apoio de setores empresariais a alguns artigos. Segundo Chirino, o presidente da Fedecámaras, José Manuel González, agradeceu ao vice-presidente da República, Jorge Rodríguez, por se comprometer em respeitar a propriedade privada sobre os meios de produção. Assim mesmo, José Agustín Campos, presidente da Confederação de Agricultores e Pecuaristas da Venezuela (Confagan), pronunciou-se em entrevista coletiva concedida em agosto a favor da reforma apresentada nesse mês pelo mandatário venezuelano, informou o canal da situação Vive TV, da Venezuela. Elementos importantes a respaldar, assinalou Campos, são os que dizem respeito ao reordenamento territorial, ao estabelecimento de segurança social para os trabalhadores independentes e à redução da jornada de trabalho para seis horas.

Entre as suas preocupações, a UNT teme que a criação do fundo de estabilidade social e a diminuição do tempo de trabalho – duas medidas que a central apóia – tenham efeitos contraproducentes. “Assim se pode estar legitimando a exclusão de milhões de compatriotas que não gozam de emprego digno e que agora vão ter o benefício de um subsídio, quando na verdade se trata de o Estado e a Constituição garantirem pleno emprego em condições dignas”, alertou Chirino ao explicar que o seguro social não implicará uma previsão social completa. “Não se esclarece que a redução da jornada não implica redução salarial nem aumento da exploração. Espero que não signifique concessões aos empresários em matéria de impostos e responsabilidade social como aconteceu, infelizmente, na França”, advertiu.


16 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Em qualquer país do mundo qualquer população vai votar a favor da diminuição da jornada de trabalho, contra reformas previdenciárias etc. No conjunto, no pacotão de reformas constitucionais existem medidas absurdas como a possibilidade de eterna reeleição do presidente. Mas a população venezuelana vai votar sim ou não. Não existem outras opções além do sim ou do não. Ou seja, se aprova ou não todo o pacote constitucional, no qual estão inseridas medidas boas e, também, antidemocráticas e totalitárias, alimentando e concentrando cada vez mais o poder no executivo. A Venezuela chavista se aprofunda como uma repúbliqueta de bananas.

Anônimo disse...

O da Mala não consegue perceber que o imperialismo norte-americano está com os dias contados... Aliás, por falar em republiqueta de bananas, por que o facistinha não vai para embora para NY? Se ele conhecesse o teor das propostas para a Constituição Bolivariana, talvez não pagasse o mico de falar em medidas antidemocráticas... O que há de mais democrático que a re-eleição pelo voto popular e livre?
Viva a América Latina!
Viva a República de Bananas!
Viva o Povo Latino-americano!

Anônimo disse...

Um dia virão à luz os motivos pelos quais Maia elegeu Cristóvão para Cristo. Dentre tantos blogs, seguramente este é o seu favorito. Seria ele um filho bastardo, não reconhecido pelo maldoso pai dono de um blog bem-sucedido ? Um noivo traído, abandonado no altar em troca de um gauche qualquer ? Um discípulo invejoso, querendo provar ser maior que o mestre ? Ou um cãozinho sem dono, à procura de carinho ? Que males afligem Maia ? O que teria feito Cristóvão para merecer tal desdita ? Tchan tchararan ...

Carlos Eduardo da Maia disse...

Espero sim que qualquer tipo de imperialismo esteja com os dias contados, inclusive o americano e, também, o bolivariano. Chávez é um centralizador de poderes, é um obstruídor de fluxos, é um censor da crítica, é um populista do século XIX. Chávez está longe de ser moderno e seu modelo ideal para um mundo melhor e possível é o do totalitarismo, por isso que ele tanto admira e defende o caduco do Fidel.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Como disse o dono deste blog: "Diante de uma onda vermelha, integrada por trabalhadores do ministério, conselhos comunais e comunidades organizadas". Esta é a típica onda vermelha da revolução bolivariana formada por militantes empregados nos ministérios, militantes dos conselhos comunais (todo poder a eles, portanto) e militantes das comunidades organizadas. Todos esses militantes se acham legítimos representantes da senzala que querem atirar pedras na casa grande do império, da elite e da mídia oligárquica e todos eles silenciam quando uma mala de 800 mil dólares da PDVSA é encontrada em Ezeiza. A revolução bolivariana a serviço do rei e fortalecendo seus poderes.

Anônimo disse...

Maia tu também adora o totalitarismo, afimal por que no teu, silencioso, blog colocastes link`s para o TERNUMA e o Verdade Sufocada? Ambos defensores do regime militar brasileiro e não-leitos pelo voto popular, o Chavez ao menos tem isto.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Anônimo,meu blog tem link para tudo que é gosto, inclusive os textos do Fidel -- que adoro ler. Fidel escreve muito bem. Meu (argh) depósito nunca teve link do Ternuma, que consultei apenas uma vez para saber os detalhes do assassinato que Diógenes de Oliveira, amigo íntimo do Olívio, cometeu. Quanto ao verdade sufocada não é exatamente um blog de direita, mas um blog que faz críticas (algumas exageradas e outras não) do governo petista. O Chávez, anônimo, quer saber do poder e permanecer no poder, tanto que tentou pela via golpista.

Anônimo disse...

Realmente o Maia é um analfabeto institucional, lê o Verdade Sufocada e acha que não é um blog de direita, quer dizer, leu e não entendeu nada. O Verdade Sufocada é uma das fontes de inspirações para discurso o vazio que pratica aqui neste blog, desrespeintando o esforço do Cristóvão em oferecer idéias para debate.

Anônimo disse...

Realmente o Maia é um analfabeto institucional, lê o Verdade Sufocada e acha que não é um blog de direita, quer dizer, leu e não entendeu nada. O Verdade Sufocada é uma das fontes de inspirações para discurso o vazio que pratica aqui neste blog, desrespeintando o esforço do Cristóvão em oferecer idéias para debate.

Guga Türck disse...

Realmente isso é um saco.
Este é um belo blog - referência! - e o pessoal, ao invés de discutir os artigos, fica se degladiando com um zé mané.
Deixem-no no silêncio!!!
Por favor, dessa forma, eu não lerei mais a parte de comentários do Diário Gauche, uma pena.
Pois aqui seria o fórum adequado para evoluir na opinião sobre as temáticas elencadas.
Quando se clica nesta seção, imagino eu - e eu o faço para isso -, as pessoas estão procurando mais informações, mais pontos-de-vista.
E, podem apostar, um cara como este, que parasita blogs, adora isso, essa repercussão toda em cima dele.
Perde-se, caro Cristóvão, o foco do Diário Gauche, e o espaço dos comentários não é mais teu...
Está, infeliz e definitivamente, infectado!
Sério, não quero ser mais audiência desse cara.
Já li coisas muito interessantes por aqui de colaboradores que têm muito a acrescentar, pessoas inteligentíssimas, mas que também acabaram caindo na lorota de argumentar e contra-argumentar em direção a um falacioso personagem.
Me perderam, caros.
Vou ficar pela leitura dos artigos e só.
Mandarei e-mail para o companheiro Feil no caso de algum comentário...

Abraço a todos.

Cristóvão Feil disse...

Pois, então, de amanhã em diante o senhor Maia pode contribuir com apenas um e singular comentário, em cada post.

Peço que ele seja compreensivo, caso contrário serei obrigado a apagar seus comentários excedentes e que estão inibindo o livre debate que todos buscam aqui.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Tudo bem, Feil, é que tem gente aqui que fica ingressando em assuntos impertinentes de que eu simpatizo com o Ternuma. O que isso interessa ao debate? O importante é que o debate tenha fluxo e que esse fluxo não seja interrompido pelos Gugas da vida.

Anônimo disse...

O Carlos Eremildo Maia " o administrador modêlo" já que ele gosta tanto de "Fluxos", discorrer aqui sobre o Fluxo de Caixa dirigido pelo presidente do PSDB, bem como o Fluxo do Caixa do Gabinete da Yeda Pantalha, principalmente na conta dos selos.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Como hoje, ainda, não é amanhã eu gostaria que o dono do blog chamasse atenção dos claudio dode da vida que querem entrar em assuntos que nada tem a ver com o post do Blog que trata sobre a polêmica revolução bolivariana do rei da Venezuela. Apenas para aproveitar a ocasião, recomendo a todos ver o filme Santiago do Joãozinho Moreira Sales, sobre uma figuraça, o mordomo da família que não é o culpado.

Anônimo disse...

O Mala é de uma cara-de-pau incrível. Atravessador dos temas lançados, pautador e agora se fazendo de vítima. O que tem haver o filme com o post em questão?

Anônimo disse...

Eremildo Maia,
N�o tem mais fora do blog que tu.
Embora te aches "o administrador modelo", etc., me parece que pelo pessoal que quer ler ou participar da discuss�o com seriedade n�o engole muito o teu reacionarismo sect�rio ante-ontem.

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

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