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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A questão hondurenha provoca banzo na mídia brasileira





FMI reconhece Zelaya como presidente de Honduras

O Fundo Monetário Internacional anunciou ontem que, após consultar os países-membros, decidiu reconhecer Manuel Zelaya como presidente legítimo de Honduras. No início do mês, o FMI bloqueou o acesso do governo hondurenho a 163 milhões de dólares, que seriam liberados como Direitos Especiais de Giro.

No entanto, o governo de fato do golpista Roberto Micheletti não poderia usar o dinheiro enquanto o órgão não decidisse como iria lidar com a situação. Ontem, centenas de pessoas organizadas pelos golpistas protestaram contra o presidente Zelaya em frente à embaixada brasileira, onde está alojado. A informação é da Agência Chasque.

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Cada vez mais se evidencia a correção do governo brasileiro no tratamento da questão hondurenha. O Brasil não está a favor exatamente do indivíduo Manuel Zelaya ou dos seus interesses subjetivos presumidos (o cavalo-de-batalha ilógico da direita brasileira), mas a favor da democracia formal que foi violentada pelo braço armado das oligarquias locais.

Como já observou o Azenha, o caso hondurenho está servindo para revelar o quanto é "democrata" parte da mídia brasuca. Há dois dias, o sabichão Alexandre Garcia, da Globo, chegou a comparar a situação de Zelaya na embaixada do Brasil com o MST. "Zelaya e seus amigos parecem os invasores do MST quando ocupam a sede de uma fazenda, deitam na sala como se estivessem em suas casas" - reclamou o ex-porta-voz do ditador-presidente João Figueiredo.

Se adotarmos o "indicador Honduras" para medir o grau de progressismo-regressismo da imprensa brasileira, veremos que hoje o jornal Zero Hora alcança os níveis mais salientes de regressismo e os mais achatados de progressismo. Quando o diário da RBS afirma que o "Brasil se torna alvo de protestos em Honduras", está implicitamente ratificando a manifestação de alguns hondurenhos. E quem são estes que protestam contra o Brasil? São os partidários do golpe contra a democracia, os representantes das oligarquias locais, temerosos de perderem seus privilégios tradicionais. Zero Hora escolheu apoiar essa gente, corrompida e decadente.

Já os principais diários do Rio e São Paulo, preferiram um enfoque menos bolorento, menos divorciado dos fatos e da consciência cívica da comunidade internacional, incluindo o FMI, quem diria!

A Folha - os mesmos que há poucos meses classificaram a ditadura civil-militar brasileira de "ditabranda" - não hesita em apontar os "golpistas" de Honduras. E o Estadão e O Globo não dão grande destaque editorial para o desenrolar dos acontecimentos centro-americanos, em que pese, não acontecer o mesmo com seus colunistas mais notórios, todos empenhados em criticar o Itamaraty, Chávez, o MST, Lula/Dilma, o Zezinho dos Anzóis... menos os golpistas hondurenhos.

Sintoma de uma incontrolável nostalgia, um banzo mesmo, da ditadura 1964-85, um tempo e um território em que eles eram felizes. E sabiam.

Essa gente olha para 2010 e pressente um futuro no qual não se reconhecem. Por isso, preferem olhar para a Honduras de Micheletti. Lá, eles se sentem em casa.

12 comentários:

Milton Ribeiro disse...

Essa manchete é uma pérola. Banzo! Mas é isso mesmo!

Anônimo disse...

Da constituição hondurenha:
"ARTICULO 3.- Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador ni a quienes asuman funciones o empleos públicos por la fuerza de las armas o usando medios o procedimientos que quebranten o desconozcan lo que esta Constitución y las leyes establecen. Los actos verificados por tales autoridades son nulos. el pueblo tiene derecho a recurrir a la insurrección en defensa del orden constitucional."
Esses juizes e deputados golpistas deveriam perder seus cargos e aposentadorias.
A imprensa brasileira mostrou que vibra com o golpe e desejaria que fosse aqui no Brasil.
A carapuça serve !!!

Anônimo disse...

Muito bom Feil.

Realmente eles sabem que na base do voto o "sapo barbudo" dá de dez a zero neles. Na parte de comunicação o "sapo barbudo" é muito melhor que os "profissionais" , os diplomados e pagos pelo PIG.

Só resta para eles o sonho do golpe. Aliás as fortunas destes negociantes de notícias começa e se completa dentro dos golpes.

O golpe que é pesadêlo para todos, é um sonho para eles.

Não conseguiram derrubar o Chavez, estão se reconstruindo em Honduras.

Isto, como disse o companheiro, é o tal do Jornalixo.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Antes que me esqueça, do Golpe do Uribe para mudar a constituição estavam quietinhos.

Para o Uribe narco-fascista colocar a America Latina sob os coturnos dos norte americanos vale-tudo.

Claudio Dode

Anônimo disse...

O jornal do bispo tratava o governo golpista como "atual gorverno". O Correio também não brinca em serviço...

Bruno

xuviskovic disse...

ZHora prospera com o golpe de 64 no Brasil e não hesita agora, por que traz no DNA a genética da conspiração de direita !

graciliano disse...

Já passou da hora do presidente Lula ou do ministro Celso Amorim usarem rede nacional de rádio e TV para denunciar as mentiras que a mídia cartelizada usa neste caso, como em tantos outros. O Brasil tomou uma decisão soberana e responsável, de país-líder no continente. Não é possível que brasileiros e concessionários de comunicações boicotem o País num momento como este. São traidores, e precisam ser execrados publicamente.

Unknown disse...

Faces do golpismo

Há duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.
Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o “chavismo” deve ser combatido a porrete.
A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não “consegue” perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.
Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.
É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.

Anônimo disse...

Não é somente a Zero Hora que implicitmente defende os golpistas, mas todo o grupo RBS. Hoje a mesma manchete com o respectivo artigo ocupou página inteira no Jornal de Santa Catarina, do mesmo grupo.

Anônimo disse...

Graciliano

Pois é exatamente por isso, por essa covardia do Lula em requisitar uma rede nacional de rádio e tv (numa hora tão crítica como essa e por todo o seu significado) para esclarecer a população sobre a decisão soberana e solidária do Brasil no apoio ao Zelaya, que não se pode afirmar jamais, como fez o Claudio Dode, que na "parte de comunicação o "sapo barbudo" é muito melhor que os "profissionais" , os diplomados e pagos pelo PIG."
Em matéria de política de comunicação e utilização de mídia, o Lula e seu governo não dão nem pra saída.

Eugênio

Paulo Miranda disse...

"Essa gente olha para 2010 e pressente um futuro no qual não se reconhecem. Por isso, preferem olhar para a Honduras de Micheletti. Lá, eles se sentem em casa."

Simplesmente, fantástico!

Anônimo disse...

A imprensa no Brasil é esquizofrénica. Um governante pede a reeleição, fazem uma balbúrdia, taxam de tentativa de golpe, vontade de ser perpetuar no Poder.Outro faz a mesma coisa, e é tratado como normal. Lembram que o FHC conseguiu a reeleição,e na época do primeiro mandato do Lula havia uma cogitação de revogar esse instituto, e agora não vejo mais nada sobre esse assunto. Por-quê?

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