O artigo do presidente da Assembléia
Trecho inicial do artigo do deputado Ivar Pavan (PT), presidente da Assembléia Legislativa/RS, publicado hoje no jornal Zero Hora:
"Mesmo que o Brasil esteja muito melhor preparado para as turbulências da economia mundial, estamos sentindo os reflexos da crise, manifesta na perda de empregos, encolhimento dos orçamentos de municípios, Estados e União e na redução da atividade produtiva em vários setores.
Mas temos que observar o seu simbolismo. Ela tem o mesmo caráter e significado da queda do Muro de Berlim, há duas décadas, que simbolizou a decadência de um modelo. O desmoronamento do estatismo total criou condições para o ressurgimento do modelo neoliberal, do mercado total como alternativa exclusiva de desenvolvimento". [...]
O deputado petista, agora presidente do legislativo estadual, precisa cuidar melhor o que diz e escreve, não pode ser tão superficial e impreciso no tratamento de temas importantes como a presente crise do sistema capitalista.
Não é verdade que a presente crise estrutural tenha o mesmo caráter e o mesmo significado que a queda do muro de Berlim – metáfora consagrada para a derrocada do chamado socialismo de Estado da URSS e seus satélites. Também é temerário afirmar que o “desmoronamento do estatismo total criou condições para o ressurgimento do modelo neoliberal”.
Vejam que existem equívocos dentro de equívocos, no texto do deputado petista, como aquelas bonequinhas babushkas do folclore russo. Como assim, “ressurgimento do modelo neoliberal”? Equívocos de segundo grau, de terceiro grau. Quando mesmo existiu outro modelo neoliberal, antes do atual ter chance de “ressurgir”, como assegura o presidente da AL?
Se o parlamentar petista deixasse um pouco a retórica de lado e estudasse mais, saberia que
a derrocada da URSS & satélites foi a primeira grande crise verdadeiramente estrutural do capitalismo, que chamam também de "sociedade do valor". O socialismo de Estado nada mais foi do que uma variante da sociedade do valor, portanto, galho frondoso da mesma árvore contaminada do capitalismo velho de guerra. O fim da Guerra Fria prenunciou o ocaso da concorrência entre os dois blocos (EUA versus URSS) da lógica do valor, porque a própria sociedade concorrencial também apresentava esgotamento sistêmico, face a crescente hegemonia globalitária do capital financeiro, depois cognominado de neoliberalismo.
A Guerra Fria já tinha servido como ponto de fuga para as crises fiscais e crises de legitimidade dos dois concorrenciais blocos hegemônicos, na segunda metade do século 20. Uma fuga desabalada para o futuro, fugindo do inferno das contradições. Quando o conflito se debilita, porque enfraqueceram seus pressupostos de sustentação e conveniência geoestratégica, o sistemão desliza para a solução neoliberal – com a grande mão generosa da ruína do Leste europeu. Portanto, não foi a chamada queda do muro que fomentou o neoliberalismo – não existe relação de causa e efeito entre esses processos históricos, como quer o petista, que mesmo passadas quase três décadas dos acontecimentos ainda não teve tempo de compreender os seus motivos e consequências.
Na “Questão do Método”, Sartre alertou para uma das grandes tragédias do nosso tempo, ele dizia que o grave é que muitas vezes os sujeitos que querem fazer história, comumente não a conhecem como deveriam.
Vamos ler/estudar mais, presidente Pavan!
Coisas da vida.
Trecho inicial do artigo do deputado Ivar Pavan (PT), presidente da Assembléia Legislativa/RS, publicado hoje no jornal Zero Hora:
"Mesmo que o Brasil esteja muito melhor preparado para as turbulências da economia mundial, estamos sentindo os reflexos da crise, manifesta na perda de empregos, encolhimento dos orçamentos de municípios, Estados e União e na redução da atividade produtiva em vários setores.
Mas temos que observar o seu simbolismo. Ela tem o mesmo caráter e significado da queda do Muro de Berlim, há duas décadas, que simbolizou a decadência de um modelo. O desmoronamento do estatismo total criou condições para o ressurgimento do modelo neoliberal, do mercado total como alternativa exclusiva de desenvolvimento". [...]
O deputado petista, agora presidente do legislativo estadual, precisa cuidar melhor o que diz e escreve, não pode ser tão superficial e impreciso no tratamento de temas importantes como a presente crise do sistema capitalista.
Não é verdade que a presente crise estrutural tenha o mesmo caráter e o mesmo significado que a queda do muro de Berlim – metáfora consagrada para a derrocada do chamado socialismo de Estado da URSS e seus satélites. Também é temerário afirmar que o “desmoronamento do estatismo total criou condições para o ressurgimento do modelo neoliberal”.
Vejam que existem equívocos dentro de equívocos, no texto do deputado petista, como aquelas bonequinhas babushkas do folclore russo. Como assim, “ressurgimento do modelo neoliberal”? Equívocos de segundo grau, de terceiro grau. Quando mesmo existiu outro modelo neoliberal, antes do atual ter chance de “ressurgir”, como assegura o presidente da AL?
Se o parlamentar petista deixasse um pouco a retórica de lado e estudasse mais, saberia que
a derrocada da URSS & satélites foi a primeira grande crise verdadeiramente estrutural do capitalismo, que chamam também de "sociedade do valor". O socialismo de Estado nada mais foi do que uma variante da sociedade do valor, portanto, galho frondoso da mesma árvore contaminada do capitalismo velho de guerra. O fim da Guerra Fria prenunciou o ocaso da concorrência entre os dois blocos (EUA versus URSS) da lógica do valor, porque a própria sociedade concorrencial também apresentava esgotamento sistêmico, face a crescente hegemonia globalitária do capital financeiro, depois cognominado de neoliberalismo.
A Guerra Fria já tinha servido como ponto de fuga para as crises fiscais e crises de legitimidade dos dois concorrenciais blocos hegemônicos, na segunda metade do século 20. Uma fuga desabalada para o futuro, fugindo do inferno das contradições. Quando o conflito se debilita, porque enfraqueceram seus pressupostos de sustentação e conveniência geoestratégica, o sistemão desliza para a solução neoliberal – com a grande mão generosa da ruína do Leste europeu. Portanto, não foi a chamada queda do muro que fomentou o neoliberalismo – não existe relação de causa e efeito entre esses processos históricos, como quer o petista, que mesmo passadas quase três décadas dos acontecimentos ainda não teve tempo de compreender os seus motivos e consequências.
Na “Questão do Método”, Sartre alertou para uma das grandes tragédias do nosso tempo, ele dizia que o grave é que muitas vezes os sujeitos que querem fazer história, comumente não a conhecem como deveriam.
Vamos ler/estudar mais, presidente Pavan!
Coisas da vida.
12 comentários:
Em 1979 a URSS tinha praticamente toda a economia na mão do Estado. Era o estado, através dos dirigentes e militantes do partido único que traçava as metas e diretrizes da economia. Tais metas e diretrizes estavam além e muitas vezes revogaram uma outra lei chamada da oferta e da procura, por determinações políticas do partido único. Não foi o capitalismo de Estado que causou a derrocada da extinta URSS, mas o próprio socialismo estatista, uma vez que o modelo implantado não conseguiu sobreviver às necessárias e úteis flexibilizações. O modelo socialista estatal, baseado no ultrapassado fordismo, sucumbiu á Revolução Técnico Científica (RTC) e ao modelo toyotista de produção. Pergunta-se aqui, que caminhos deveria ter seguido à antiga URSS, manter aquele mesmo padrão de produção estatal fordista que era absolutamente impopular ou fazer mudanças? Se a antiga URSS sucumbiu ao capitalismo é porque não havia mesmo outra alternativa.... E havia também uma vontade popular para que isso ocorresse.
É um verdadeiro Çábio esse Maia. Ele interpreta até a vontade popular do povo russo. Impressionante!!!!!!!!!!!!
E não fica nem corado!!!!!
Ainda bem que temos um "Maia" para corrigir as imprecisões da história e do Cristovão. Diario Gauche é um blog de sorte!
A vaidade é o pecado preferido do diabo. O texto, embora correto, é agressivo. Sugerir ao deputado que estude mais, que leia mais, é o fim da picada. De uma infelicidade total, em minha opinião.
Prib, quem é que derrubou o muro de Berlim? Foi o povo unido que jamais será vencido que ressurgiu daquela sociedade fria, cinzenta, repressora, estagnada, sem opções e que foi construída pelo socialismo real. Como choram as viúvas do passado tirano.
Ary, deputado é um ser sagrado por acaso?
Não tem que se instruir como qualquer mortal?
Sendo deputado está liberado para dizer os maiores disparates históricos?
Sendo assim na próxima encarnação quero vir deputado..... e do PT.
Brincadeira, gente, acho que não pode haver ninguém especial, ninguém que sabe por osmose ou imune de críticas. O Pavan pisou na bola sim. A complexidade de um processo ele explica de forma simplista e ainda errada. Acho que os blogs prestam um serviço ao criticar esses que se julgam acima de qualquer suspeita ou crítica. Não estamos no Vaticano, onde os críticos são excomungados ou sofrem as rejeições que haviam na Inquisição. Nem estamos no terror stalinista onde qualquer crítica ao partido e ao Politburo era punido com Sibéria, cadeia ou execução sumária.
- MAIA MALA!!! SERÁ QUE VOU CONTINUAR A TER DAR DICAS PARA QUE POSSAS FAZER TEU PROCESSO BINÁRIO FUNCIONAR??? MAIS UMA VEZ VAI LÁ : SE NÃO TENS OUTRO CAMINHO, TENS OUTRAS MANEIRAS DE CAMINHAR" ENTENDEU, ESTRUPÍCIO??? ESTÁS TORNANDO O BLOG FÉTIDO.
Padre Ary, o eterno porta-voz do petismo de resultados.
Em 2009 a Yeda, pela confissão do Busatto ( depois da confissão voluntário do Obama) tinha não só a economia do estado, como boa percentagem, na mão.
O Maia esuqece que é a Yeda e o PRBS quem determina as metas do estado.
É ao PRBS e a Yeda que estão deternminando a derrocada do Rio GRandendo Sul.
É o confesso esquema, confessado pelo Busatto, e executado pelos Culau's, Fernandes, Macalão's, e pelo deficit zero criminoso executado pelo Aod CUnha que estão levando o estado ao regime de falência.
Yeda - Aero- Corrupta.
Claudio Dode
A Rússia era capitalista, então? Questão básica, com quem estavam os meios de produção, pq os capitalista fugiram todos do país?
O resto é verborragia pseudo-intelectual. Quer dizer, se cria um fetiche: o socialismo nunca existiu! O que ocorreram foram deturpações do sonho.
Essa é apenas a faceta do argumento liberal que o capitalismo não funcionam pq o estado está sempre intervindo na alocação perfeita que o mercado seria capaz de realizar.
O SOCIALISMO EXISTIU, SIM, COM SEUS ERROS E ACERTOS, INFELIZMENTE COM MAIS DETURPAÇÕES QUE COM VIRTUDES!!!!
Agora ficar atacando textos que, por mais "possíveis erros" possam carregar, mas que se propõe a discutir e levantar visão contrária a do partido RBS, serve apenas para uma autofagia política na esquerda sem sentido.
O texto apenas é a expressão da vontade de vir a ser do nosso pseudo-bloguista-intelectual: o cara capaz de ensinar, como se o mundo assim se desenvolvesse, através das suas leituras de botões!!
Me parece que apenas quer posar de bacana, o corajoso que passa pito até em deputado.
E, daí????
Deputado do PT só podia ser isso aí!
- Alô, Tropeçando no Balde!
- Alôôô, tem alguém aí?
- "Esse cérebro está fora da área e não pode receber hilações".
- Ãhn? Ah, tá bom, agora entendi. De tanto mergulhar no balde debalde resolveu chutá-lo com alarde.
Meu caro amigo do Balde, mudando de assunto mas continuando na mesma água, não sei se pegaste o espírito da coisa. Os grandes defeitos ou qualidades (depende do ponto de vista e dos interesses em jogo) do estado e de tudo que é estatal, são as "incômodas" ferramentas de controle das contas públicas (transparência), incluindo o dogma do lucro privado de sentido público, que também pode ser delatado e identificado na análise da execução de uma obra pública realizada por uma empreiteira privada (com pedágio) ou pelo setor público (sem pedágio). A obra continua sendo pública (rodovia, universidade ou trem-bala), mas o seu valor intrínseco, quanta diferença.
Já no outro lado do que é de interesse público, o lado da privada (a iniciativa), ninguém sabe ou nunca viu o tamanho do lucro (ai como era graaande, lembra desse bordão do Paulo Silvino). E continuar assim é um dogma sagrado, inquestionável. Onde já se viu levantar a saia da nossa liberdade de empresa e revelar o absorvente interno da nossa liberdade de imprensa, esse inconveniente ciclo mestrual de esquerda.
Postar um comentário