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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Movimentos sociais exigem auditoria da dívida externa


Medida inclui a retirada do G20

As organizações que discutem a dívida externa de países do Hemisfério Sul levaram para a assembléia final do Fórum Social Mundial 2009 uma convocação para que todos os governos entrem em processo de auditoria e, com base nas análises, declarem a ilegalidade das dívidas, suspendendo os pagamentos e exigindo reparação por processos abusivos de endividamento. O documento, assinado pela Campanha Jubileu Sul e pela Comissão Internacional pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, também reivindica que os governos dos países do Sul se retirem do G20. A informação é da Agência Brasil.

Os movimentos ainda condenaram o que chamam de campanha da imprensa contra auditores fiscais que participam dos processos de auditoria da dívida em países como o Equador. Foi aprovada uma moção de apoio à auditora fiscal Maria Lucia Fatorelli, cedida pelo Ministério da Fazenda para auxiliar o governo equatoriano na auditoria da dívida externa.

Os movimentos também declararam apoio à decisão do Paraguai de auditar a dívida externa com o Brasil e à criação da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a dívida externa no parlamento brasileiro.

“Todos os movimentos sociais devem se unir em torno da luta contra a dívida externa, especialmente neste momento de crise do capitalismo. Não devemos, não pagamos, não queremos pagar a crise dos ricos”, destacou, sob aplausos, Camille Chalmers, integrante da Campanha Jubileu Sul e relator da Assembléia sobre a Auditoria da Dívida Externa na assembléia geral do Fórum Social Mundial.

“A redução dos preços das matérias-primas e as novas condições de refinanciamento da dívida do Sul anunciam uma nova crise da dívida que vai afetar as classes exploradas e facilitar o retorno dos mecanismos que as classes dominantes usam para que os pobres paguem pela crise.”

De acordo com Chalmers, a resposta das “classes dominantes” à crise econômica é “vergonhosa” e mostra a capacidade que países como Estados Unidos, França e Alemanha têm para anular a dívida externa dos países do terceiro mundo.

“A abundância de liquidez para salvar os aparatos financeiros, com US$ 700 bilhões já liberados para o capital financeiro, mostra o escândalo da dívida externa, especialmente quando comparamos com o valor da dívida externa dos países do Sul e com os recursos necessários para resolver graves problemas da humanidade, como educação, saúde e fome”, disse Chalmers.

Com relação ao G20, as organizações que fizeram parte da Assembléia sobre a Auditoria da Dívida Externa consideram o grupo um novo mecanismo institucional para tentar “salvar o capitalismo” e exigem que os países do Sul não participem desse fórum de discussão. Para ressaltar essa posição, os movimentos reunidos no Fórum Social Mundial firmaram um pacto de ampla participação nos protestos programados para o final de março, durante a reunião do G20.

19 comentários:

Anônimo disse...

Pois os movimentos sociais demonstram não ter a mínima idéia sobre para que serve uma auditoria. Ao afirmarem que pretendem que os governos "com base nas análises, declarem a ilegalidade das dívidas, suspendendo os pagamentos e exigindo reparação por processos abusivos de endividamento" demonstram ter um julgamento prévio, o que dispensa por completo a necessidade de uma auditoria, já que esta serve, entre outras coisas, para subsidiar julgamentos, mas nunca para confirmá-los. Não se deve iniciar uma auditoria com opinião prévia a respeito do que se vai auditar.

Anônimo disse...

Paulo, sua visão de auditoria é positivista. Não consegue ver a auditoria como instrumento político que vai confirmar o que já se sabe _ as dívidas dos países periférios são uma fraude contábil. O capitalismo está desmoronando, pedindo água pros Estados nacionais, e os Joõezinhos do como o Paulo ainda concordam em pagar a dívida fraudulenta imposta ao Brasil e aos demais periférios.

Anônimo disse...

Joõezinhos do passo certo como o Paulo.... sorry

Anônimo disse...

Esse assunto sim é uma bomba. Ainda vai dar muito o que falar. Os governos sul-americanos deveriam se posicionar imediatamente sobre esse assunto em favor da África.

Anônimo disse...

Bomba? Bomba atômica.
É só juntar com o que diz o delegado Protógenes na "Caros Amigos" sobre o caso da dívida externa do Brasil. Um escândalo. Esquema bravo onte entrou até o FHC quando foi ministro da Fazenda + o Gustavo Franco com as contas CC5 do Bacen. Tudo mumunha pra banqueiro e rentista ganhar dinheiro sentado bebendo champã. Tudo bem, foi no tempo do FFHH, mas o ex metalúrgico ainda não fez nada pra modificar essa sangria do dinheiro público.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Quanta asneira e quanta demagogia e que bom que o FSM está bem longe de Porto Alegre. E que fique por lá....

Anônimo disse...

Excelente resumo do FSM (poderia FSN: fórum dos sem noção) publicado no blog do Maia:


"(...)Frases dos cartazes da passeata de inauguração do FSM em Belém.

- Aqui tem verde.
- Lula, cadê a garantia do emprego?
- Viva a Resistência do Povo Palestino.
- Eu vim para trabalhar, não para morrer.
- Un mondo diverso è possible.
- PT contra a guerra.
- Não às barragens de Belo Monte e do Xingu.
- Vamos Amazonizar o mundo.
- Regularização das terras quilombolas.
- Trabalho escravo: vamos abolir de vez.
- Sindicato pelo trabalho decente.
- Abaixo a rede Globo.
- Palestina Livre.
- Samba, índios, samba.
- Apresentação do documentário Mataram Irmã Dorothy.
- Sem Intolerância.
- Presença anglicana no Fórum.
- Marcha da Maconha.
- Trabalhadores não podem pagar pela crise.
- Por espaços mais justos e sociedades mais humanas.
- Italianos carregam bandeira da Palestina.
- Pra lutar contra Lula e os patrões: construir uma nova central sindical.
- Conlutas: todo apoio ao povo palestino.
- Intoxicados da FUNASA – lutar pela vida é lutar pelos direitos humanos.
- Economia Solidária: outra economia acontece.
- Reforma Urbana.
- Não à corrupção.
- Povo na Rua, trabalho escravo nem pensar.
- Caravana carbono neutro.
- Movimento agroecológico América Latina e Caribe.
- Coletivo contra Naturas: radicalidade lesbiana.
- Virgem de Nazaré, na terra de direitos onde não está a justiça.
- Rede da juventude pelo meio ambiente sustentável.
- Respeitabilidade religiosa.www.rosalux.de
- Los Derechos Humanos son para todas las personas.
- Aldeia da paz.
- Visión para um nuevo mundo.
- A violência é apenas uma consequência da desigualdade social.
- Sim, um outro mundo é possível, sem usinas termelétricas: não à U.T.E. da Vale.
- Todo dia é dia de luta pela saúde.
- Um mundo de direitos.www.amisrael.com.br
Resistentes e Teimosos na construção de outro mundo possível.
- Movimento Nacional pela Moradia Popular.
- The right to know, the right to live, government money is our money.
- SOS Saúde Mental (bordado sobre pano verde).
- Pela saúde pública e universal para todos os povos.
- Crítica Radical: Fora Política, não vote.“Capitalismo é para morrer, não adianta o estado socorrer”.
- Que crise é essa?
- Não às fundações de direito privado.
- VEM= Vegetarianos em Movimento.
- Apocalipse 3:20.
- AHE Belo Monte: energia para nossa gente.
- Palestina livre e soberana.
- Aborto é um direito.
- MaMuMu.
- Igualdade.
- Chega de massacre e genocídio.
- Liberdade de amar é um direito.
- Kizomba: nosso planeta não está à venda.
- Queremos o título definitivo.
- Saneamento básico e segurança.
- Escola de samba planetária.
- Não à redução da maioridade penal.
- Cachorro quente + suco = 1,50.
- Socializar a riqueza para combater a desigualdade.
- Por outra imagem da mulher na tevê.
- Feministas contra o capital.
- Feministas contra o racismo.
- Pela vida das mulheres.
- Direito ao nosso corpo, legalizar o aborto.
- Cuidado, racismo mata.
- Povos da bacia do rio Madeira no FSM 2009, não às empresas na amazônia.
- Não há direitos humanos sem as mulheres.
- São culpados pela crise: BID, Banco Mundial, FMI.
- O mundo discute suas diversidades – Conselho Municipal de Saúde de Manaus.
- Outro mundo amazônico é possível.
- O Maranhão exige respeito. Sarney Nunca Mais.
- “Ni guerra que nos destruya, ni paz que nos oprima”.
- “Segura, segura imperialista, a América Latina vai ser toda socialista!”

Carlos Eduardo da Maia disse...

Importante destacar que quem anotou todas essas frases do FSM foi a Katarina Peixoto em artigo publicado no Carta Maior.

Anônimo disse...

Maia e papagaio do Maia (o anômimo das 15:38): que desânimo dá quando se constata que ainda existe tanta gente incapaz de lançar um olhar não preconceituoso sobre aquilo que não entendem. Pessoas incapazes de pensar fora da lógica a que foram condicionadas.

As pessoas e os movimentos presentes no FSM, não é preciso concordar com eles, eles inclusive freqüentemente não concordam entre si, mas é indispensável que o mundo os ouça e perceba as possibilidades que estão colocando. Eles até parecem vozes isoladas, mas não são, eles são uma amostra do profundo descontentamento que domina nove em cada dez habitantes do planeta.

Somos hoje quase sete bilhões de seres humanos. Quantos desses, na avaliação de vocês, estão contentes e satisfeitos com o rumo pelo qual a sociedade planetária enveredou?
E vocês acham mesmo que os senhores de Davos, como um conjunto, seriam capazes de gerar um modelo melhor do que esse que está se esfacelando? O Soros,por exemplo. Por que raios uma pessoa precisa de tanto dinheiro, ainda mais quando ela, teoricamente, está habilitada a compreender o quanto esse acúmulo insensato representa de morte, sofrimento e aniquilamento? Ou será que o dinheiro que ele acumulou, vicariamente, não chega a fazer falta para o restante da humanidade? Para o conjunto da humanidade, que valor ele agrega? Que valor agrega a indústria automobilística, com seus pátios entupidos de sucatas poluidoras focadas no transporte individual? Que valor podem agregar sistemas que concentram capital dessa maneira e que, quando dão com os burros n'água, como se previu que dariam, na maior cara de pau passam o pires para nova coleta, querendo o socorro daqueles com quem nunca se importaram?

Quais são teus valores? Quais são teus métodos? Quando se faz essas indagações é que se compreende quem são, realmente, os sem noção.

Rita

Carlos Eduardo da Maia disse...

Rita, você que conseguiu se desalienar dos fetiches da mercadoria me explique uma coisa: o FSM -- que se diz de vanguarda -- fez uma homenagem aos 50 anos de uma dinastia que mantém seu povo na eterna miséria.... Como isso é possível?

Carlos Eduardo da Maia disse...

A Rita é do tempo em que se imaginava que a riqueza de uns significa a miséria de outros, como se o capital fosse um bem limitado. Não é. O capital se capitaliza, ele tem condições de ir além da simples soma, pois ele se multiplica. E a Rita ainda não entendeu isso. A riqueza de uns não significa, necessariamente, a pobreza de outros.

Anônimo disse...

Que existam alguns mais ricos que outros considero normal, às vezes isso expressa de fato uma maior capacidade inventiva e de dedicação ao trabalho. E a riqueza é multiplicável, sim, desde que ela tenha em estrita conta a base material que a sustenta, os limites da natureza, especialmente. De toda forma, ela não é multiplicável ao nível feérico de hoje, onde meia dúzia de dinastias planetárias se julgam no direito de sugar até o essencial à sobrevivência da maioria.
Eu não sou de um tempo, sou da categoria dos seres racionais para quem é óbvio que o mundo inteiro ainda poderia viver uma boa vida se alguns não concentrassem demais. Ainda,no caso, porque a espécie humana está descontrolada também no seu crescimento quantitativo, a natureza não costuma dar suporte a qualquer espécie que extrapole dessa maneira.
De resto, são exatamente os concentradores de riqueza que fazem surgir regimes ditadoriais.

Rita

Carlos Eduardo da Maia disse...

Rita, concordo - quase que integralmente - com o que você disse. O consenso é sim possível. Nesses tempos de fóruns sociais e econômicos a melhor manifestação foi do primeiro ministro Gordon Brown, um dos 41 chefes de Estado/governo que estiveram em Davos: "Precisamos criar uma moldura para governança internacional que no momento falta. Devemos considerar o déficit regulatório no nível global. O atual arranjo é inadequado". Este é o caminho que a humanidade deve seguir.

Anônimo disse...

Bueno,
Rita, sou o anônimo que colou a lista feita pelo Maia. Já achei bonito tudo isso, colecionei a Caros Amigos nos primeiros cinco anos de circulação dela, fiz festa com a vitória do Olívio em 1998, sempre votei no Lula, sempre acreditei no PT. Mas, o tempo, a gente vê que o que os idealistas falam eles não fazem, que para alcançar a igualdade entre todos, alguns petistas são mais iguais do que os outros, etc etc. Por essas e outras que essa lista que essas frases do FSM soam como coisa de gente sem noção, como fui um dia e ainda sou. Não por acreditar que o mundo deve ser socialista ou capitalista, mas por ver que essa linha política conduz à divergência radical, que não ajuda em nada a fazer um outro mundo.

ZéMané

Anônimo disse...

Cuba, que foi homenageada no Forum dos Movimentos Sociais, e que era paralelo ao Forum Social Mundial, inclusive em outro local, e que tinha uma barraca, montada por organizações que simpatizam com o "sonho" Cubano,no Forum Social, recebeu a homenagem pois do milhões de crianças que morrem pelas ruas do mundo nenhuma é Cubana; recebeu a homenagem porque tem mais médicos "plantando" saude espalhado no mundo do que soldados americanos assassinando milhares de pessoas para assaltar paises que possuem reservas de petróleo; foi homenageada não é porque porque é pobre, é porque a pobreza é fruto do embrago assassino dos norteamericanos.

Maia, miserável é aquele que acha que só a riqueza e a pecúnia tem valor.

A riqueza de Cuba está na dignidade de seu povo e a capacidade de resistência ao dinheiro sujo de sangue.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Ô Maia,

O ultimo consenso que passou por um primeiro ministro ingles foi esta merda toda que está aí.

E não é com este bando de "falcatruas" que estava em Davos que vai realinhar as coisas. Quando muito estão preparando novo butim.

Felizmente a humanidade já sabe que por este caminho (consenso!? Ops) vai dar é em lambança, como deu e o Forum Social Mundial vinha denunciando a anos.

Pena que o Rio Grande do Sul perdeu. Esta sim uma perda brutal e irreparável.

Claudio Dode

Anônimo disse...

Zé Mané,

temos, então, algumas similaridades. Nunca colecionei revista alguma, também nunca me liguei a qualquer orientação partidária, mas eu também sempre votei no Olívio, do que não me arrependo, e no Lula, de quem eu esperava coisa muito melhor.

Agora, por que permites que aquilo que chamas de falta de idealismo de alguns te contamine a ponto de colocar em risco o teu próprio idealismo? Por que subscrever esse amontoado de bobagens que os sem noção dizem sobre quem se propõe a viver a diversidade? Claro que, como em qualquer parte, tem gente equivocada (no meu ponto de vista!)num FSM. Mas eles estão lá, se expondo, dando a cara a tapa, e dificilmente se poderia dizer deles que seus equívocos se devem à ganância e à falta de interesse pela comunidade planetária.
Foi numa oficina do FSM, que estava a cargo de um europeu cujo nome nem recordo, que me liguei na possibilidade de não esperar pelo sucesso de qualquer revolução para começar a revolucionar. Pena, grande pena, que tantos porto-alegrenses tenham desperdiçado e continuem a desprezar essa oportunidade única de abrir sua visão de mundo. Concordo com o Dode: uma grande perda.

Rita

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não existe miséria em Cuba? Então leia a trilogia suja de Havana (livro censurado em Cuba) do Pablo Juan Guterrez que vive numa "cobertura" na Frente do Malecón, onde ele conta o dia a dia dos cubanos. A vida é conseguir dinheiro a qualquer custo, vendendo o que é possível vender, inclusive se prostituindo. Essa história de que não existem crianças miseráveis em Cuba é uma grande mentira. Existem e existem muitas. A "cobertura" de Gutierrez é um pequeno quarto com vistas para o mar do século XXI, onde ele compartilha o banheiro com outras 50 pessoas que moram no mesmo apartamento, num edifício, estilo Boston, construido antes da revolução, o elevador não funciona e o prédio nunca mais foi reformado, porque o proprietário é a dinastia Castro. E tem gente que defende e comemora o sistema, pelamordedeus!

Anônimo disse...

Ser pobre não significa ser miserável como o que acontece nas ruas da outrora "pensante " Porto Alegre.

Hoje, somente hoje, deve ter morrido mais crianças de desnutrição e outras doenças correlatas doque nos 50 anos da revolução cubana.

Hoje, somente hoje, tem mais crianças abandonadas pelas ruas de Porto Alegre do que nos 50 anos da Revolução Cubana.

As crianças de Porto Alegre não chegam nem aos dos niveis de educação das crianças da Revolução Cubana.

Os adultos gauchos que possuissem os nivel de leitura dos Cubanos não teriam tempo para perder e desaprender com a RBS. Nem tampouco o Pablo Guterres.

Claudio Dode

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