A razão deslumbrada
A humanidade parece uma lebre encadeada
pelo farol de um automóvel apocalíptico.
De um lado, sombra, do outro lado, sombra,
e no meio da estrada, inexorável, o mortal foco de luz.
Nada que guie, esclareça, ilumine.
Apenas um clarão paralisador, que só dura
até que as rodas esmaguem a razão deslumbrada.
Comunicado
Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.
Dois poemas de Miguel Torga (1907-1995)
Foto: Banho de sol, de Owen Kanzler. Clique na foto para aumentá-la.
2 comentários:
Que fotografia boa, cara! E os poemas idem!
É "encandeado", não?
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