O enfraquecimento do poder da imprensa tradicional
Tiragens reduzidas, fragmentação do mercado de mídia, distanciamento entre veículos e público, são várias as razões para o enfraquecimento do poder da imprensa tradicional, fato que não ocorre apenas no Brasil. Em julho, o The New York Times publicou um editorial defendendo a saída das tropas americanas do Iraque. Mas, como disse Paul Harris dias depois no britânico The Observer, o impacto do editorial foi mínimo, como se governo e sociedade americanos pouco ligassem hoje para o que pensa o mais importante jornal do país. "O poder dos jornais de influenciar políticas de governo é muito menor numa era em que pressões políticas parecem vir de canais de notícias de TV a cabo e da internet, via blogs ou o YouTube", escreveu Harris. Nesta semana, os senadores republicanos reafirmaram apoio à política de George W. Bush no Iraque, e o editorial do NYT segue no esquecimento.
Na Grã-Bretanha, a imprensa popular (os chamados "tablóides") ainda goza de influência significativa. Muitos creditam parte do sucesso de Tony Blair em seus dez anos como premiê ao apoio do conservador The Sun, de Rupert Murdoch. Mas o The Sun, com seus 3 milhões de cópias diárias, pode ser visto como exceção. A força de títulos da chamada "imprensa de qualidade" é muito limitada, como bem sabe Blair, que sobreviveu a pressões em vários momentos.
Com a imprensa mais fraca e o leitor cada vez mais cético em relação à política, governantes podem se achar imunes a ataques. Mas é bom lembrar que jornalismo e informação são maiores do que os veículos que os transmitem e sempre serão capazes de influenciar políticas públicas, em qualquer país. Se o poder de pressão não está mais nas mãos dos jornais e revistas, isso não significa que ele desapareceu. Blogs pessoais? Salas de discussão na internet? Não importa. Esse poder estará sempre vivo onde for gerado debate, onde houver questionamento e onde estiver a informação.
Pescado daqui (Blog dos Editores, da BBC).
Foto: os cães que me perdoem...
2 comentários:
Hoje nasceu uma nova mídia de esquerda na Espanha para fazer frente ao El País. É o diário chamado "Publico" que pode ser acessado no www.publico.es. Na verdade, quando se diz esquerda na Europa está se falando em social democracia, como se alinhou o PSOE. Dizem as más línguas que o diário público é bem afinadinho com o PSOE de Zapatero. Dei uma olhadinha no Público e achei muito bom o nível de jornalismo. Por que a esquerda brasileira não se espelha no exemplo espanhol?
O Carlos Eremildo Maia diz:
"Dei uma olhadinha no Público e achei muito bom o nível de jornalismo"
Muito sábio!!!
Mais ou menos assim:
"Olhei o nivel dos eleitores (latifundiários e caterva) e achei muito bom o nivel do governo Yeda Pantalhuda"
Agora tenha dó que esquerda, brasileira ou não, pode alinhar com o Zapatero? ou o Bill o Bonzinho?
Tenha dó
Vai... Naia vai...
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