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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007


As queixas de um predador social e ambiental

Maior fabricante mundial de celulose de eucalipto, a papeleira brasileira Aracruz sofreu revés em agosto. O ministro da Justiça, Tarso Genro, declarou que 11 mil hectares de terras da empresa no Espírito Santo passarão para as mãos de índios que reivindicam a área. O presidente da empresa papeleira, Carlos Aguiar se queixa da situação em entrevista publicada na revista Exame (grupo Abril), desta semana.

Perguntado sobre quanto do seu tempo é dedicado a resolver questões envolvendo índios e quilombolas, ele responde: “Eu diria que uns 40% da minha jornada. Eu preciso fazer palestras para empresários, tenho de falar com vários políticos, ir diversas vezes a Brasília”.

Em outro trecho na entrevista, o presidente da Aracruz reclama da ação dos movimentos sociais. “Nossos concorrentes nos Estados Unidos, no Canadá e na Suécia não têm de lidar com esse tipo de conflito social. Aqui, ora você é invadido pelo MST, ora pela Via Campesina, ora pelo índio, ora pelo quilombola”.

A respeito da decisão da justiça comenta, “vamos ter de investir numa nova terra para substituir o que estamos perdendo. Isso significa gastar algo em torno de 50 milhões de dólares”.

Como se vê, para mentalidades deste tipo, o mundo deve parar, os movimentos sociais congelarem suas legítimas reivindicações e o ambiente natural deve ficar inteiramente submetido à vontade e à ação deletéria, contaminante, arrogante e exterminante a fim de que gente assim possa lucrar e engordar as suas burras de dinheiro mal havido.

Parem o mundo, a Aracruz quer ganhar dinheiro! – parece ser essa a leitura do hipertexto do xerife da papeleira.




5 comentários:

Anônimo disse...

Ele só não conta que o dinheiro que a empresa 'investe' é de financiamento do BNDES, ou seja, dinheiro estatal e público.

Jean Scharlau disse...

Ora, mas convenhamos! O que é mais importante: um pé de eucalipto ou um pé-de-chinelo qualquer?

Anônimo disse...

Sem esquecer nunca, o idolatrado e respeitado Antonio Ermirio, capaz de usar mão de obra infantil e escravo em suas fábricas e fazendas.

E a Klabin no Paraná? Estão devastando enormes regiões com a porcaria do pinus, sem falar da poluição criminosa, no ar e nos rios (vide a morte do Rio Tibagi).

Agente 65 disse...

Boa.

Omar disse...

O que não consigo entender é o seguinte: essas terras que foram DEVOLVIDAS para os índios foram anteriormente COMPRADAS pela Aracruz? Se sim, de quem? Por quanto? Se não foram compradas, foram invadidas pela Aracruz?

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