Agrocombustíveis trazem de volta velhos problemas brasileiros
Infeliz coincidência. Enquanto o presidente Lula visitava os países nórdicos para divulgar o álcool como a salvação para eliminar a polução dos combustíveis fósseis, a Pastoral dos Migrantes noticiava, no dia 11 de setembro, a morte da quinta vítima por exaustão nos canaviais brasileiros, só este ano. Desde 2004, já são 21 vítimas.
Mesmo sem estar no Brasil, o presidente Lula não escapou de ser confrontado com as contradições da produção do álcool combustível. Poucos dias antes da viagem, a equipe da rede estatal sueca, Sveriges Television (STV), a maior rede televisão deste país, esteve no Brasil e fez entrevistas com trabalhadores rurais, cortadores de cana-de-açúcar – produto base do etanol – e pesquisadores
A reportagem foi exibida em rede nacional e levou para conhecimento dos suecos o real custo social a que vem se desenvolvendo a indústria dos chamados biocombustíveis no Brasil. A Suécia, um dos países visitados ao lado da Dinamarca, Finlândia e Noruega , é um dos maiores pesquisadores dos agrocombustíveis e está entre os maiores importadores do álcool brasileiro A rede de televisão entrevistou o presidente brasileiro e o questionou sobre a situação precária dos canavieiros. Lula respondeu que o Brasil vai criar uma espécie de "Certificado Social", para tentar evitar este tipo de trabalho que, muitas vezes, é análogo ao escravo.
Ainda por ocasião desta visita do presidente Lula, João Pedro Stédile, do MST, e Dom Tomás Balduíno, da CPT, produziram um artigo que trata das silenciadas conseqüências da expansão da cana-de-açúcar e da produção do etanol. O texto atenta para vários efeitos que já podem ser vistos, como: a degradação do meio ambiente. Segundo os autores, a expansão vai "ampliar a área de fronteira agrícola para a Amazônia e o cerrado (savana) — duas das regiões mais ricas em biodiversidade e berço dos principais rios do país, além de impedir que a sonhada reforma agrária seja realizada no Brasil".
Outro fator agravado pela indústria da cana é a precarização do trabalho nos canaviais, pois ainda segundo Stédile e Dom Tomás, "A meta de cada trabalhador é cortar entre 10 e 15 toneladas de cana por dia, o que tem causado problemas de saúde e no Estado de São Paulo (maior produtor do país), foram contabilizadas entre 2005 e 2006, 17 mortes por exaustão, dado o excesso de fadiga. O Ministério do Trabalho estima que 1.383 cortadores de cana morreram entre 2002 e 2006, no mesmo estado, por diversos problemas de saúde, ligados ao trabalho". As informações são do jornal Brasil de Fato.
5 comentários:
"..o presidente Lula não escapou de ser confrontado com as contradições da produção do álcool combustível." Observem com que delicadeza, na pontinha dos dedos, o dono do site critica o governo central. É o máximo que ele consegue ver no governo revolucionário do Lula. Viva a Velhinha de Taubaté.
Até o início do século 20 o Brasil era dependente dos ciclos de exploração econômica (pau-brasil, açucar, ouro e café, acho que são esses), quanto, então, lentamente começou um processo de diversificação da economia a par com o processo de urbanização. A partir de 1930 esse processo se aprofunda e culmina com os grandes projetos dos militares dos anos 1970, o que tornou o Brasil, em dado momento, a oitava economia do mundo. Ou seja, o Brasil tornou-se uma sociedade complexa e setorizada. O problema é que na atualidade estamos em um impasse, não temos política industrial e o sistema de infra-estrutura está fragilizado, o que pode estar nos reconduzindo para o ciclo, agora do biocombustível. Enfim a tal gloablização e desmonte do Estado, no limite, pode trazer um salto para o passado. Em resumo, o Brasil pode estar perdendo o bonde da história. Para aqueles que discordam sugiro a leitura, da parte final, do relançamento da Crítica da Razão Dualista do Chico de Oliveira.
Essa violência praticada contra bóias frias no corte de cana, provoca a "birôla" - morte pelo esforço excessivo, igual ao "karoshi" do Japão. E os hipócritas dos usineiros e latifundiários continuam ganhando muito dinheiro às custas de vidas e da dignidades dos interioranos.
Dificil esquecer que há poucos meses passados Lula chamou os usineiros de herois enão deu nem uma palavra sôbre os boias frias
João!
Lula é o Presidente da República.
Acredito que não sou ingênua.
Queres mais conflito?
Quem segura?
Somos muitos/muitas...mas...
Cabe a quem: denunciar e fazer pressão?
Quem sacode as oligarquias?
Em tempo: está mais sólida do que nunca.
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