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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

sábado, 29 de setembro de 2012

A luta de classes na China


Fotografia da revolução cultural chinesa? Não é bem isso. São protestos de rua na China, contra o Japão, que reivindica uma ilha que seria da China. Foto de 16 de setembro último.

Contudo, não é de se descartar a possibilidade de haver manifestações de massa na rua motivado pela luta interna no PC chinês. O protesto contra o Japão seria um biombo da luta real no seio do Partido Comunista, que conta com 80 milhões de militantes. Como sabemos, a chamada “revolução cultural proletária” (de 1966 a 1969) foi a expressão externa da vasta luta interna no PC entre o dirigente Mao Tse-tung e seus adversários, que o responsabilizavam pelos desastres provocados pelo plano econômico chamado Grande Salto Adiante (1958-61).

De “revolução” e de “cultural” não teve nada. Mao, de forma sagaz, externalizou a luta de classes interna ao PC para as ruas, Universidades, fábricas, agrovilas e em todos os lugares. Com isso, ele teve que aprofundar os elementos do culto à personalidade, já que as manifestações de rua ocorriam sempre como um confronto entre os que estavam a favor de Mao, e os que estavam contra Mao, contra a revolução, a favor do Ocidente, a favor da URSS, por um intelectualismo pequeno-burguês, etc. A rigor, a "revolução cultural" só terminou com a morte de Mao, em setembro de 1976.

Hoje, o PC está novamente mudando sua alta burocracia (é a quarta geração de dirigentes, desde a revolução de 1949), que corresponde à alta direção da própria China. Deve sair Hu Jintao, e entrar Xi Jinping, que está designado, pelo menos, desde 2007, mas a cúpula de poder ainda não se sentiu segura para fazer a troca dos dirigentes.

Há uma grande especulação sobre o destino do poder na China, e as repercussões disso na economia internacional, face à crescente influência da economia chinesa no mundo atual. Tudo se agravou, quando há alguns dias, Xi Jinping desapareceu por duas semanas, tendo aparecido depois sem qualquer explicação das autoridades. Agora, essas grandes manifestações de rua, que podem remeter aos acontecimentos da segunda metade da década de 60, embora ainda estejam encobertas pela motivação anti-japonesa.

Da China tudo se pode esperar, menos o fim da luta de classes. Fotografia da AP.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lembra a Argentina com as Malvinas.
O que a China quer incomodando os vizinhos, fazendo demandas ao Vietnam, e ao Japão?
Não ganhou o mundo pelo comércio?
Não está mandando gente para o espaço, não pretende estabelecer uma base na Lua em 2017?
Não abastece o mundo com produtos bons e baratos?
Os chineses não são ricos e não lotam os hotéis e museus da Europa?
Ou ela é um caldeirão prestes a explodir e precisando urgente de uma válvula de escape?
De um bode expiatório?
O capitalismo ocidental tinha achado a fórmula para liquidar com a esquerda, o sindicalismo e o marxismo, que foi mandar os empregos fabris para longe e abastecer seu mercado com produtos baratos.
Deram para a China todas as fábricas e o know-how que tanto nos faz falta e custa tanto para desenvolvermos.
E o Brasil, a vaquinha de presépio bem comportada, ficou à margem.
Achávamos que éramos os candidatos óbvios para sermos sócios e receber aqui todas essas fábricas.
Pela língua, pelo parentesco e pela proximidade, a China deveria ter acontecido aqui.
Toda fórmula capitalista de driblar suas contradições encontra um limite em algum lugar.
Pode ser que infusionar a maior nação da terra, que sempre foi rica em gente, dotada de excelente logística e muita gente educada e capaz, um povo que venera sua civilização e seu modo de ser,com tecnologia atual, poderio fabril de primeira, artificialmente tranplantado, e ambições de consumo ocidentais embasadas em condições de trabalho pré-industriais, traga "algum probleminha" ali adiante.

Unknown disse...

Veja este texto, de 1967:

http://classiques.uqac.ca/contemporains/debord_guy/point_explosion_ideologie_chine/explosion_ideologie_chine_texte.html

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