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quarta-feira, 17 de outubro de 2007


Venezuela no Mercosul

Com a proximidade da votação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul pela Câmara, dirigentes de entidades que representam empresas com comércio entre o País e o Brasil foram ao Congresso fazer pressão pela aprovação da proposta. O presidente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria, José Francisco Marcondes Neto, apresentou o resultado favorável de uma pesquisa feita entre empresários que, principalmente, exportam para a Venezuela e defendeu a entrada do país vizinho no Mercosul como forma de atender as regiões Norte e Nordeste do Brasil. A informação está no Estadão, de hoje.

“O Mercosul tem beneficiado o bloco Sul e Sudeste. Para que o Norte e o Nordeste se insiram no Mercosul, é necessário o ingresso da Venezuela e, posteriormente, dos demais países andinos”, argumentou Marcondes Neto, após encontro com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e interino do Senado, Tião Viana (PT-AC). Segundo ele, a distância dos Estados do Norte e do Nordeste com o Uruguai, a Argentina e o Paraguai dificultam a integração dessa região com o Mercosul.

O presidente da entidade disse que o ingresso da Venezuela no Mercosul vai diminuir a burocracia e aumentar o comércio entre os dois países - atualmente na ordem de US$ 4,5 bilhões por ano, em grande parte, de exportações brasileiras.

A votação do protocolo está marcada para o dia 24 na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Depois, terá de ser votado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário, antes de seguir ao Senado.

O relator da proposta, deputado Doutor Rosinha (PT-PR), disse que a resistência ideológica contra a entrada da Venezuela já foi superada. “O PSDB tinha esquecido de falar com os empresários brasileiros”, provocou Rosinha, referindo-se à resistência dos tucanos.

“Os empresários têm preocupações com seus negócios, mas acima disso está o interesse nacional. É esse interesse nacional que pauta a preocupação dos tucanos”, reagiu o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP). “Reconhecemos que existe interesse comercial dos países, mas não podemos ignorar que a Venezuela é fator de desestabilização da política na América do Sul.”

Pannunzio lembrou as recentes declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que enviaria tropas para Bolívia na hipótese de a crise política no país vizinho criar dificuldades para o presidente boliviano, Evo Morales. “Na história, vimos Adolf Hitler usar esse tipo de justificativa para fazer intervenções da Alemanha nos outros países. Deu no que todos conhecem.”

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que acompanhou os dirigentes empresariais, disse que não vê dificuldades na aprovação do ingresso da Venezuela no Mercosul, porque se trata de assunto de interesse dos dois países. “A integração é de dois povos, e não de dois presidentes.”

Para Aldo e Rosinha, a aprovação sairá ainda neste ano.


Um comentário:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Chávez é um centralizador e não vai admitir -- NUNCA -- que qualquer parceiro do Mercosul celebre tratados de livre comércio com outros países, sobretudo com os EUA. Esse é o motivo pelo qual, o Chile namora com o Mercosul e jamais casa. Tá certo o Chile que tem tratado de livre comércio com zilhões de países deste mundo afora, onde vende e compra diversos produtos sem ter de prestar contas aos outros sócios. Será um retrocesso imenso ao Brasil ter Chávez como parceiro. Retrocesso, porque este país já é emperrado pelo lenga lenga ideológico que atrasa nosso desenvolvimento e com Chávez esse lenga lenga vai emperrar muito mais. É claro que alguns empresários querem que a Venezuela entre no Mercosul, porque vão ter o seu salutar lucrinho. Mas o Brasil tem que ter a sagrada liberdade de escolher os parceiros que quiser negociar, sem ter o crivo, a opinião e o aval de um sócio ideológico. E tem também a cláusula democrática e a Venezuela bolivariana que centraliza todos os poderes na pessoa, no rei que toma conta do executivo, está longe de ser um país republicano e democrático.

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