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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


Barraco de perfumados na Casa-Grande paulistana

Deu na coluna da Mônica Bergamo, na Folha, hoje.

Os Jardins, bairro em que vivem algumas das famílias mais abastadas do país, está às voltas com uma confusão que já chegou à Justiça. O empresário Mauro Baccan acusa Fábio Saboya, diretor da Ame Jardins, associação de moradores do bairro [mapa], de cobrar "ingresso" de R$ 400 mil para que sua empresa, a EME, pudesse implantar um sistema de comunicação que integraria vigilantes, câmeras e viaturas da região. Em e-mail enviado a moradores, Baccan relata a cobrança e afirma: "Não é possível ter um personagem tão desqualificado como esse [Fábio Saboya] falando em nome de João Doria Jr. [do Lide e do movimento Cansei], Daniel Feffer [do grupo Suzano], Fábio Barbosa [da Febraban] e outros e vendendo os Jardins, ou melhor, vendendo seus nobres moradores".


Fábio Saboya diz que o empresário "é desequilibrado", informa que já enviou a ele uma notificação extrajudicial e diz que vai abrir uma queixa-crime por "difamação, calúnia e injúria" devido às "barbaridades que ele falou a meu respeito".


Em meados do ano, os dois estavam juntos num projeto de "zeladoria urbana" que previa que rádios seriam distribuídos a moradores, vigilantes e viaturas. As ocorrências seriam comunicadas a uma central que as repassaria à polícia ou à prefeitura. Moradores de 1.800 residências contribuiriam com R$ 250 mensais, que custeariam o sistema. A história, a partir daí, ganha duas versões.


Baccan diz que Saboya pediu então o tal "ingresso" de R$ 400 mil. "Ele disse que a Ame Jardins é dele e que qualquer um que quisesse ter acesso [à entidade] teria que dar essa entrada. Ele pediu, claramente". Baccan afirma que chegou a pagar R$ 140 mil. A coisa teria degringolado quando, passados três meses, a empresa de Baccan não recebeu o pagamento de moradores do bairro.


Saboya diz que a história é outra. "O rapaz é desequilibrado, entendeu?". Ele diz que sua idéia, na verdade, era virar sócio da empresa. "Se desse certo [a experiência de zeladoria nos Jardins], a idéia era aplicar zeladoria urbana na cidade inteira. Achei que é um negócio bacana. Eu disse: "Vou me associar a essa empresa"." Para isso, ele teria que fazer um "aporte de R$ 150 mil". Como não tinha o dinheiro, um sócio de Baccan faria a ele "um empréstimo, por conta de lucros futuros".


Saboya afirma que o empréstimo não foi feito, já que o negócio não foi concretizado. De acordo com ele, o "stress" se deve ao fato de Baccan ter feito inúmeras despesas antes de o projeto ser aprovado definitivamente pelo poder público.

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Resumo da ópera: escroques brancos querem extorquir a oligarquia branca dos Jardins, fazendo uma espécie de “laboratório” de espertezas para ganhar dinheiro fácil com serviços de zeladoria e apetrechos de segurança pública bancada e explorada por interesses privados. Se der certo, a idéia é tornar cativa a Capital paulista toda com a tal zeladoria de segurança privada.

Chamem o ladrão!


3 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de morarem aqui, são esssspertos.
Enquanto isso, S. Paulo continua parada com carros saindo pelo ladrão. Até quando abusarão de nossa paciência?

Anônimo disse...

Caro Feil, e os mestres acorrentados aí na frente do Palácio da dona Yeda? Bela recompensa por tanto esforço.

Aqui, descobrimos hoje que os professores do Acre ganham bem mais e com um custo de vida bem mais baixo...

Claudinha disse...

Essa gente enlouqueceu mesmo. Não entendem que o fruto de suas escolhas políticas são os responspaveis pelas mazelas de todos, inclusive de sua própria "insegurança". Vivem a ilusão de que podem se proteger dentro de seus bairros privados com aparato tecnológico. É o mundo cão mesmo!

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