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quarta-feira, 20 de maio de 2009

BNDES pode investir na nova empresa formada pela fusão entre Sadia e Perdigão


Lulismo de resultados rende-se mais uma vez à pura lógica de mercado

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá investir na nova empresa criada com a fusão das gigantes do mercado de alimentação no Brasil, a Sadia e a Perdigão. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse hoje (19) que a instituição poderá comprar papéis da Brasil Foods. A informação é da Agência Brasil (controlada pelo lulismo de resultados).

“A nossa compreensão é que a empresa resultante precise fazer uma chamada de capital e nós podemos participar. Mas em que escala e em que condições, ainda vamos analisar”, disse Coutinho, após palestra no 21o Fórum Nacional, realizado na sede do BNDES.

Para Coutinho, o BNDES poderá participar da oferta pública que a Brasil Foods deverá fazer nas próximas semanas ao mercado. “Provavelmente participará porque o projeto parece ter mérito. Estamos criando uma empresa de porte global, que poderá multiplicar as oportunidades de exportação e desenvolvimento. Nós consideramos lícito, em uma oportunidade de mercado, participar dela”, disse.

Apesar de apoiar a nova empresa, Coutinho defende a necessidade de se preservar a competição no setor, evitando o domínio do mercado por apenas uma empresa. "No mercado interno, é fundamental olhar o consumidor brasileiro, preservar condições mínimas de concorrência", afirmou.

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A fusão entre Sadia e Perdigão é um escândalo, porque vai na contramão da tendência mundial do consumo de alimentos saudáveis. O objetivo desta nova megaempresa não é produzir alimentos saudáveis, mas criar condições negociais, logísticas e sobretudo bancário-financeiras para ganhar mercados globais e aumentar o faturamento de maneira exponencial.

A recente pandemia de gripe A é um exemplo cruel do descontrole sanitário que representa a produção de alimentos em larguíssima escala e por megamonopólios globais.

Os monopólios de alimentos industrializados só são possíveis quando encontram condições ideais a montante e a jusante dos seus núcleos fabris de processamento, a saber: 1) a montante, processos verticais de produção agrícola, sementes transgênicas, agricultura intensiva e mecanizada, produção integrada com hiperexploração do pequeno produtor, grãos, adubos e agroquímicos sob monopólio global, etc. 2) a jusante, mercado consumidor do tipo fast-food, seja na rua ou nos domicílios, hábitos alimentares deformados, pobres, padronizados e gordurosos, alimentos que obedecem a uma lógica exclusivamente mercadológica divorciada das dimensões humanas e orgânicas da vida, etc.

Assim, o governo Lula ao invés de desmobilizar a formação desses monopólios prejudiciais ao interesse público, estimula-os, seja com os recursos estatais do BNDES, seja com a leniência do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), hoje, uma autarquia federal que apenas homologa as fusões e aquisições monopolísticas que tantos danos causam à cidadania.

9 comentários:

Prieb disse...

muito bom, Feil, o lulismo é o paraíso dos monopólios, não vê o caso da fusão da Brasil Telecom com a OI?

O consumidor não ganha nada com isso, não aumenta a concorrência, ao contrário, ficam menos empresas no mercado e o acerto entre eles passa a ser inevitável.
Pimba no pobre consumidor, é a regra meu velho blogueiro.

Fabrício Nunes disse...

FHC não faria melhor. Há um detalhe emblemático no "negócio": o presidente de uma das empresas, Furlan, até há pouco ocupou cargo estratégico no desgoverno Lula.
É pouco?

Anônimo disse...

Teve gente que levou cinco milhões da Brasil Telecon pela fusão com a OI. Quanto será que levaram com essa?
O interesse da população que se lixe.

gustavo disse...

o tal de CADE é uma piada pronta, uma avacalhação completa do Estado que se coloca de joelhos diante da força do capital monopolista contra o qual Lula nem te ligo pra bandalheira

Noiram disse...

Não só o CADE, mas também a ANATEL, ANAC, AGERGS, as agências reguladoras em geral são uma piada. Herança maldida da política neoliberal do governo FHC.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Realmente, no governo do PT ocorreram diversas fusões e incorporações. Isso é ruim para os consumidores e para o mercado. Na verdade, não está havendo fusão, mas incorporação da Sadia (que não vinha bem das pernas) na Perdigão. É a Perdigão que está colocando dinheiro para adquirir a Sadia e formar uma empresa que vai praticamente ter o monopólio (CADE do PT onde está você? ) do setor de presuntos, apresuntados, mortadelas, frangos e peitos de peru. E tudo isso incentivado com o patrocínio de dinheiro público do governo do PT. O mesmo ocorreu com a incorporação da BrT na Oi, quando o governo do PT foi além, porque mudou a lei de concessões (da época de FHC) e que impedia que duas empresas de telefonia fixa atuassem em regiões diferentes. E depois FHC que era neoliberal....

Noiram disse...

Para pôr ordem nesta bagunça, somente com um Hugo Chávez tupiniquim. Stédile neles!
Aí quero ver se o a Brasil vai ser a casa da mãe Joana.

Nelson Antônio Fazenda disse...

É isto mesmo, Feil. É o tal do produtivismo, implantado na União Soviética com o objetivo de recuperar o atraso em relação ao ocidente capitalista, e que legou aos povos daquele extinto país uma destruição ambiental de proporções gigantescas.
A grande maioria dos integrantes petistas do atual governo, senão a totalidade, vivia a tecer críticas acerbas contra essa lógica implantada pela revolução soviética. Agora, estão a fazer a mesma coisa. Preocupação com a preservação ambiental: nenhuma.

Para terminar: Cadê o Cade?

Ary disse...

Que imagem horrível! Por mim, toda a cadeia (im)produtiva e cruel, da carne, poderia falir irremediavelmente. O mundo não suporta mais esse tipo de consumo.

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