Ou um mero catálogo comercial?
Aos nobres cavalheiros e às distintas damas, leitores deste blog, eu pergunto: vocês acham que o jornal Zero Hora faz jornalismo quando veicula matéria sobre um novíssimo megaempreendimento imobiliário em Porto Alegre?
A referida matéria – supostamente jornalística (seja lá o que isso signifique em nossos dias), e de cunho informativo – foi publicada na edição de ontem, no principal diário da RBS (ver fac-símile acima).
Pois, hoje o jornal ZH estampa anúncio latifundiário de quatro páginas integrais sobre o tal megaempreendimento de conhecido grupo de investidores imobiliários (ver acima).
Ontem, os leitores souberam através da “informação neutra, apolítica e isenta de interesses do jornalismo da RBS” (como alardeia o discurso promocional das empresas da família Sirotsky) que a avenida Ipiranga estava recebendo um projeto imobiliário deveras supimpa. Hoje, os leitores (consumidores) são convidados a investirem em um imóvel do tal projeto imobiliário deveras supimpa.
Quer dizer, ZH é um desavergonhado letter shop, um mero catálogo de mercadorias de consumo travestido de jornalismo e “informação neutra, apolítica e isenta de interesses”, blablablablá.
Um pouco mais que isso: ZH é também um pretencioso e militante boletim político-eleitoral do trepidante – quase sempre, tempestuoso – mundo da direita guasca. Só que não admite essa condição.
Aos nobres cavalheiros e às distintas damas, leitores deste blog, eu pergunto: vocês acham que o jornal Zero Hora faz jornalismo quando veicula matéria sobre um novíssimo megaempreendimento imobiliário em Porto Alegre?
A referida matéria – supostamente jornalística (seja lá o que isso signifique em nossos dias), e de cunho informativo – foi publicada na edição de ontem, no principal diário da RBS (ver fac-símile acima).
Pois, hoje o jornal ZH estampa anúncio latifundiário de quatro páginas integrais sobre o tal megaempreendimento de conhecido grupo de investidores imobiliários (ver acima).
Ontem, os leitores souberam através da “informação neutra, apolítica e isenta de interesses do jornalismo da RBS” (como alardeia o discurso promocional das empresas da família Sirotsky) que a avenida Ipiranga estava recebendo um projeto imobiliário deveras supimpa. Hoje, os leitores (consumidores) são convidados a investirem em um imóvel do tal projeto imobiliário deveras supimpa.
Quer dizer, ZH é um desavergonhado letter shop, um mero catálogo de mercadorias de consumo travestido de jornalismo e “informação neutra, apolítica e isenta de interesses”, blablablablá.
Um pouco mais que isso: ZH é também um pretencioso e militante boletim político-eleitoral do trepidante – quase sempre, tempestuoso – mundo da direita guasca. Só que não admite essa condição.
12 comentários:
esse jornaleco não passa de um panfletinho publicitário muito feio e chinelão pra uma elite de muito mal gosto e sem qualqur contato com a realidade...
"jornalismo" de resultados... resultados financeiros!!!
Um curiosidade é o nome, Central Parque, numa tentativa de seduzir os estadunidófilos, mas meio corruptela, em vez de Parque Central, que soa português demais e, portanto, feio. Mas as bestas merecem pagar preço de Central Park pelo Central Parque.
Isso é jornalismo sim. Qual o problema da ZH anunciar um empreendimento imobiliário que vai modificar a paisagem de trecho da Av. Ipiranga com a construção de diversos prédios residenciais e comerciais e um mini mall? É um empreendimento que vai modificar o status quo daquela região. E isso tem que ser festejado, porque é assim que a cidade cresce e evolui e faz a necessária inserção social. Não se trata de projeto excludente, mas de inclusão.
Não sou fã de ZH, gosto de alguns colunistas como o David Coimbra, que é um grande cronista dos nossos tempos, mas não considero o jornal como militante boletim político do mini mundo da direita guasca. Isso é pura pixação panfletária com overdoses de inveja.
Não tem problema anunciar, mas anunciar disfarçado de matéria jornalística, plantando o - agora sim - anúncio do dia seguinte, é pura safadeza, coisa pra leitor otário ou mal-intencionado.
e que esses leitores considerem o David Coimbra "um grande cronista de nossos tempos" hahahahahaha!!!!!!!!!!!! não me supreende.
O "Parque Central" vai ter "mini mall"? Não diga...
Eu tinha visto essa barbaridade. No local do crime, a publicidade diz algo assim: "Vc quer um mundo melhor. A Rossi constroi pra vc" haehaeaeh soh um publicitario seria capaz de pensar uma imbecilidade dessas.
Achei ótima a observação. Não é jornalismo, é propaganda! Dessas que são distribuídas em sinal de trânsito. Se fosse jornalismo falaria não só das qualidades positivas do empreendimento, mas questionaria outras questões interessantes, como a forma como vai "modificar o status quo daquela regiãÕ" (MAIA, 2009). Será melhorando a melhoria na qualidade de vida das pessoas ou colocando ali imóveis que a classe média alta (e olha lá)tem condições de pagar? É promovendo o desenvolvimento (e não crescimento econômico) ou excluindo e aumentando as fraturas sociais? Enfim: Porto Alegre, na minha opinião, continua sendo território livre para a especulação imobiliária (a qualquer custo), e a mídia só propagandeia.
"E isso tem que ser festejado, porque é assim que a cidade cresce e evolui e faz a necessária inserção social. Não se trata de projeto excludente, mas de inclusão."
EM QUE MUNDO ESTE CARA VIVE??? Acho que ele pode ser mandando embora do estado junto com a yoda!!
faz algum tempo que tenho observado isso. claro que mais ligado a minha realidade interiorana, no diário de santa maria, filhote sem graça e de péssima qualidade da zero hora, aqui no centro do estado.
o cumulo foi anunciar, inclusive no jornal do almoço, que uma empresa está construindo um condomínio fechado e para promover as pessoas tinham direito a dar uma volta de balão. não sei como vivi sem tal informação!
Há que se lembrar que o pres. da Câmara Sebastião Mello iniciou o ano dizendo que 2009 seria o ano das mudanças no Plano Diretor.Isto é.Fogaça e a construção civil, mais a maioria da Câmara sabem o que querem. Muitas obras verticalizando a cidade, privatização da Orla do Rio Guaíba, acabar com o que resta de vegetação nativa entre a Lomba do Pinheiro e Belém Novo.Que festa!
To com Gabriel Tarde (1843-1904), quando ele diz: "Pode-se lamentar, de pleno direito, a história do jornalismo, que não criou públicos críticos. Porque públicos críticos teriam criado melhores jornalistas; mas públicos mal informados criaram jornalistas levianos, medíocres, irresponsáveis, desonestos. Seja como for, já não há como mudar o jornalismo e, cada dia, o jornalismo será mais leviano, mais medíocre, mais irresponsável, mais desonesto, para atender aos públicos cada dia mais mal informados e menos críticos."
E esse é o jornalismo que temos no Brasil, e aqui, no RS, feito pelo grupo RBS, chama-se 'jornalismo de encomenda'. Essa é a primeira natureza do des-jornalismo gaúcho: ENCOMENDA.
Não, não é jornalismo. É caso pra ser estudado nas faculdades (quem sabe o "profissão repórter"?) como forma de não fazer jornalismo. Lamentável.
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