Ponta do Melo, refúgio de roedores e oportunistas
Ontem por volta das 16h cometi o erro de passar na avenida que conduz ao xópim (ou chópim?) Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. O lugar estava coalhado de carros. Quase a totalidade deles ia – ou queria ir – para o novo centro comercial ao lado do Hipódromo do Cristal. Um inferno.
À direita da pista, os escombros do antigo Estaleiro Só (foto), localizado na chamada Ponta do Melo, à beira do Guaíba. O lugar está – é visível – jogado aos roedores, parasitas e vetores oportunistas, há pasto alto e sujeira para todo o lado, as paredes dos antigos galpões do estaleiro estão em precaríssimas condições. É de temer que desabe a qualquer momento sobre lúmpens e os que buscam algum esconderijo ou abrigo naqueles destroços.
Observa-se que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre ignora a precária condição do local. Parece que querem chegar a um ponto de não-retorno. O local, por enquanto, é considerado privado, e não há a menor justificação para permanecer naquele abandono, sem que o poder público tome providências para notificar e multar os titulares da posse da área.
Fiquei imaginando, se forem construídas as torres comerciais e de moradia ali, o fluxo de veículos tornará aquela área congestionada de forma permanente. Um inferno permanente.
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Parado no engarrafamento defronte ao xópim Cristal, pude ver melhor a arquitetura do prédio. É funcionalidade pura. Um imenso cubo de concreto cego (não há abertura para a rua, a não ser, claro, os portais de recepção dos consumidores).
Um contrassenso total, construir um cubo cego em local dos mais pitorescos de Porto Alegre, à beira do Guaíbão, ontem iluminado pela luz coada do outono. O bloco de concreto desdenha e destoa da paisagem. Faz pouco caso da beleza natural daquele ponto de Porto Alegre. Pior: enfeia o local e o entope de automóveis arrogantes e indesejados.
Alguém já disse que os xópins são verdadeiros templos de consumo. Como as igrejas, esses locais de celebração religiosa da mercadoria, não têm janelas. Os templos dispensam as janelas. Por uma janela pode fugir o olho e a imaginação dos indivíduos. Toda a atenção deve se concentrar no objeto religioso. A fé não pode ser abalada pelo cenário natural, desviante e profano.
Uma janela, tanto em um xópim quanto numa igreja, é sinônimo de concupiscência e luxúria – desorganiza os sentidos e a razão. Não pode. A beleza natural está censurada.
Ontem por volta das 16h cometi o erro de passar na avenida que conduz ao xópim (ou chópim?) Cristal, na Zona Sul de Porto Alegre. O lugar estava coalhado de carros. Quase a totalidade deles ia – ou queria ir – para o novo centro comercial ao lado do Hipódromo do Cristal. Um inferno.
À direita da pista, os escombros do antigo Estaleiro Só (foto), localizado na chamada Ponta do Melo, à beira do Guaíba. O lugar está – é visível – jogado aos roedores, parasitas e vetores oportunistas, há pasto alto e sujeira para todo o lado, as paredes dos antigos galpões do estaleiro estão em precaríssimas condições. É de temer que desabe a qualquer momento sobre lúmpens e os que buscam algum esconderijo ou abrigo naqueles destroços.
Observa-se que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre ignora a precária condição do local. Parece que querem chegar a um ponto de não-retorno. O local, por enquanto, é considerado privado, e não há a menor justificação para permanecer naquele abandono, sem que o poder público tome providências para notificar e multar os titulares da posse da área.
Fiquei imaginando, se forem construídas as torres comerciais e de moradia ali, o fluxo de veículos tornará aquela área congestionada de forma permanente. Um inferno permanente.
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Parado no engarrafamento defronte ao xópim Cristal, pude ver melhor a arquitetura do prédio. É funcionalidade pura. Um imenso cubo de concreto cego (não há abertura para a rua, a não ser, claro, os portais de recepção dos consumidores).
Um contrassenso total, construir um cubo cego em local dos mais pitorescos de Porto Alegre, à beira do Guaíbão, ontem iluminado pela luz coada do outono. O bloco de concreto desdenha e destoa da paisagem. Faz pouco caso da beleza natural daquele ponto de Porto Alegre. Pior: enfeia o local e o entope de automóveis arrogantes e indesejados.
Alguém já disse que os xópins são verdadeiros templos de consumo. Como as igrejas, esses locais de celebração religiosa da mercadoria, não têm janelas. Os templos dispensam as janelas. Por uma janela pode fugir o olho e a imaginação dos indivíduos. Toda a atenção deve se concentrar no objeto religioso. A fé não pode ser abalada pelo cenário natural, desviante e profano.
Uma janela, tanto em um xópim quanto numa igreja, é sinônimo de concupiscência e luxúria – desorganiza os sentidos e a razão. Não pode. A beleza natural está censurada.
17 comentários:
É isso aí, CF. O Praia de Belas já seguiu essa lógica há anos. De dentro, mal se vê o lugar privilegiasíssimo em que está. Um caixão de concreto para sepultar o humano.
Aliás, lógica seguida pelo museu Iberê, uma caixa cercada pelo Guaíba e um morro com uma mata linda. Quem chega de ônibus do centro tem que entrar pelo estacionamento. Já me disseram que "o museu é para ver as obras, e não a paisagem", mas então poderiam ter feito em outro lugar. Acrescento o tal Multipalco: apesar das instalações culturais, a maior parte da obra é estacionamento, e uma parede de concreto enorme para a Riachuelo esconde o lindo prédio do arquivo histórico. É a opção pelo carro privado.
Interessante. O DG é contra a construção de qualquer empreendimento no Estaleiro Só. FAz campanha para que não se construa um empreendimento no local com acesso público ao lago, com calçadão, bares e marina e depois se queixa de que a área está abandonada. Ora, se não houvessem certas gritarias por ai essa área estaria totalmente em obras. Outra coisa, Todos os restaurantes -- são 5 ou 6 -- do xopim barra têm vista para o lago. Só não sabe quem nunca foi ou é mal informado.
os porta-vozes da chantagem não demoram... Não quer centro de compras? então toma rato, não tem meio-termo, muito menos fiscalização da prefeitura, que só seria cumprir a lei. Ah, é, pode-se pagar nos restaurantes caros e ruins (já fui) pra ver o Guaíba, legal.
Hilariante ver o gauche reclamando de engarrafamento de "automóveis arrogantes e indesejados".
Reclamar de tranqueira não era uma prerrogativa da RBS na cobertura de protestos de "movimentos sociais"?
Chico Bento
Gostaria de ver comentário do gauche sobre isto:
RIO - O próximo alvo da anunciada revolução socialista do presidente venezuelano, Hugo Chávez, são as organizações não governamentais que recebem financiamento do exterior. Segundo reportagem publicada na edição desta segunda-feira do jornal O Globo, a Assembleia Nacional, totalmente controlada pelo governo, está para aprovar um projeto de lei que faria com que o Palácio de Miraflores administre e distribua sozinho todos os recursos vindos de outros países.
Será que querias colunas gregas, jardins parisienses, cascatas e jogos de luzes como Las Vegas. Acho que este blogue está ficando elitista.
Brincadeirinha.
Janelas trazem as pessoas de volta à realidade. Especialmente bingos e cassinos sao construidos sem janelas pra fazer com que os jogadores percam a nocao de tempo.
O DC Navegantes é interessante neste aspecto.
É que o DC foi adaptado pra Xhopingue. Era a antiga fábrica da Renner Textil.
O DC Navegantes fracassou e uma causa apontada é esta: ter áreas ao ar livre, mas era uma bela proposta. Pena.
Qual o preconceito c/ shoppings? Se vou neles é pela insegurança no Centro e toda parte, fruto de vários governos que relegaram a segurança, educação etc!
Acho que eu fui num shopping diferente do que tu foi. No que eu fui, almocei de frente pro Guaíba, sentindo a brisa.
porto alegrense medio: shopping, carro, zero hora, carro, puc, carro, direito, carro, progresso, carro, padre-chagas, carro, gre-nal, carro, cidreira, carro, tia carmem, carro, reclamar do ipva, carro, reclamar do governo, carro, mcdonalds, carro, balada, carro...
...ou filhinho de papai de classe alta?
É isso aí, Jordi. Também já me perguntei porque o Iberê está ali. Aquele "bunker" também poderia estar no Centro ou entre alguns dos muitos espigões da cidade...
Lagerfeld.
Lagerfeld: não entendeu o prédio da fundação Ibere.
Anonimo das 20h05min: acho que o porto-alegrense médio não frequenta a Padre Chagas. Até porque nem caberia tanta gente numa rua tão pequena.
Anonimo das 20:05. Esse não é porto-alegrense médio, mas o medíocre. O médio anda de ônibus e não tem grana pra PUC nem vai na Pe. Chagas, que aliás é apertada. Melhor ir na cidade baixa. Comer no Mcdonalds? Aí é masoquismo!
Então não se pode mais desenvolver a cidade, afinal toda construção gera algum tipo de fluxo. Ao invés de ser propotivista e progressista defendendo, por exemplo, a melhora do transporte público, prefere CONSERVAR até o lixo e o entulho que afastam a população do Guaíba!
Os caras confundem anti-capitalismo com anti-desenvolvimento ou simples melhorias urbanas para a cidade.
O engraçado é que eu moro na Zona Sul, passo por ali todos os dias e não vejo esse caos todo no trânsito... Paciência.
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