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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lulismo concentrou mais ainda a terra no Brasil


Movimentos sociais já vinham alertando para o fenômeno da desigualdade no campo

O Censo Agropecuário, que visitou mais de cinco milhões de propriedades rurais em 2006 e foi divulgado ontem pelo IBGE, mostrou que há muita terra na mão de poucos. O Índice de Gini do uso do solo no Brasil é de 0,872, muito próximo de um, o que indicaria o nível máximo de concentração.

Em 1996, quando foi feito o último censo, a taxa era de 0,856. A concentração na terra é 67% superior à da renda no país, que já apresenta um grau de desigualdade entre os maiores do mundo. Em outra comparação, o Brasil tem uma concentração de terra pior que a Namíbia na distribuição de renda. No país africano, o Gini da renda é de 0,72. Entre os estados, os mais concentradores são Alagoas (0,871) e Mato Grosso (0,865).

"É uma concentração gigantesca, é imoral. Esse dado dá força para a reforma agrária, o único programa que faz redistribuição de patrimônio" - afirmou a socióloga Brancolina Ferreira, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na área de desenvolvimento rural.

Diante dessa concentração, o número de trabalhadores no campo vem diminuindo ano a ano. Em dez anos, deixaram de trabalhar nas lavouras 1,3 milhão de pessoas. As informações foram compiladas de diversos jornais de hoje.

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Os movimentos sociais ligados ao mundo rural, o MST, MPA e a Via Campesina, já vinham alertando há anos sobre os fenômenos da concentração da terra no Brasil e suas consequências funestas para os trabalhadores do campo. Sempre foi frisado, pelos movimentos, que a política agrária do governo Lula era insuficiente e anêmica para deter as flagrantes desigualdades no campo brasileiro.

Chama a atenção a obtusidade e o filistinismo do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, entrismo do agronegócio no lulismo de resultados. Stephanes, que foi Geisel-boy, por ter ocupado o ministério da Previdência Social durante a ditadura civil militar, ficou contrariado porque o IBGE colocou destaque na obtenção de dados sobre a agricultura familiar, já que os censos agropecuários oficiais anteriores nunca se preocuparam em saber da realidade dos que produzem cerca de 70% dos alimentos da cesta básica.

O Censo Agropecuário 2006 do IBGE é a prova oficial empírica contra a farsa do agronegócio parasitário. Cada vez mais fica evidente a necessidade de uma política de reforma agrária mais forte por parte do governo federal, bem como a adoção dos novos índices de produtividade da terra, entre outras políticas estratégicas para a produção sustentável de alimentos.

O fenômeno da concentração da terra nos últimos dez anos no País - agora comprovado pelo IBGE - demonstra que o governo Lula tem promovido políticas e incentivos que só beneficiam o agronegócio de exportação, em detrimento do mercado interno, da agricultura familiar e da cidadania camponesa.

A pré-candidata Dilma Rousseff terá que pautar esse tema espinhoso (para o lulismo) se quiser conquistar os corações e mentes dos verdadeiros protagonistas da produção de alimentos no mundo rural brasileiro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Geisel boy ninguém merece

Anônimo disse...

A constituição fala no imposto sobre grandes fortunas. Isto posto, 10% da terra dos latifúndios maiores de que o padrão regional, sejam imediatamente entregues para a Reforma Agrária terra também é capital! Vamos deixar o MST sem motivo para invasões...VAMOS FAZER A REFORMA AGRÁRIA!

Marcelo Eichler disse...

Não, Cristovão, sua manchhete é equivocada. Entendo que o adequado seria dizer que "Lula não impediu o aumento da concentração de Terra no Brasil". A política pode ser considerada laissez-faire em relação à divisão de Terra, mas não é exatamente pró-ativa no sentido de ser responsabilizado pelo aumento da concentração.

Remindo disse...

Concordo com o Exler. A reforma agrária o Lula está nos devendo, mas no resto ele levou o Brasil ao século 21. Reforma agrária já, Dilma 2010, Lula 2014 e 2018.

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