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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Agronegócio usa Ibope para fazer disputa com o IBGE


Comportamento do lulismo tem sido lamentável

No último 30 de setembro, portanto há 14 dias, o IBGE divulgava o Censo Agropecuário 2006. Ontem, a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), entidade patronal que organiza latifundiários e agronegociantes brasileiros, divulgou uma enquete onde foram ouvidas cerca de mil pessoas (eles dizem que são "famílias") pelo Ibope, para saber o que essas pessoas pensam sobre os assentamentos da reforma agrária.

Se configura aí, uma clara e indesmentível disputa entre o Ibope e o IBGE. Aquele, a soldo do latifúndio, este, um órgão estatal, reconhecido historicamente, idôneo, com um corpo profissional capacitado e experiente. Entretanto, a mídia oligárquica desde ontem tem feito divulgação cerrada dos números apresentados pelo Ibope, para tentar desconstituir e rebaixar as ações da reforma agrária nos assentamentos pelo Brasil afora. Nem é preciso chamar a atenção para o caráter ideológico e desqualificado da ação provocada pela CNA, dirigida pela algariada senadora Kátia Abreu (Dem-TO).

A política espetaculosa do CNA é legítima, o inadmissível é a mídia querer cotejar as duas instituições - IBGE e Ibope - em condições de igualdade e fazendo crer que ambos estão habilitados para a extração e análise de dados do mundo rural brasileiro. A qualificação do IBGE é indiscutível, já a do Ibope não se pode dizer o mesmo. O método de trabalho do IBGE é o recenseamento universal e científico dos dados recolhidos do campo de estudos. O método do Ibope é a enquete, com amostra reduzida, uma base de dados desconhecida e fundada em critérios adequados ao resultado que o cliente deseja divulgar, de preferência, da maneira mais espetaculosa possível. A tradição do Ibope é a pesquisa em segmentos de consumo de bens não duráveis e processos eleitorais - onde arrecada visibilidade e posição no trivial mercado de sondagens de consumo.

A todas essas, o governo do presidente Lula se comporta de forma lamentável diante das atuais tensões no campo. Prometeu a assinatura do decreto federal que atualiza os novos índices de produtividade na agropecuária e ainda não cumpriu, não se sabe o motivo. Semana passada, quando da desocupação judicial por parte de um contingente de sem-terra numa terra grilada pela transnacional de sucos Cutrale, vários ministros e o próprio Lula tiveram um comportamento reprovável, sob qualquer aspecto. Foram apressados em condenar os sem-terra, preferiam acreditar na farsa armada pela polícia paulista em combinação com os grileiros da Cutrale.

A submissão do governo federal à hegemonia do capital financeiro aliado ao agronegócio será uma marca indelével do lulismo de resultados. O capital político conquistado com a sua extraordinária popularidade de nada tem servido para modificar a estrutura de classes no Brasil - reconhecidamente a mais desigual do mundo. Por enquanto, só tem adornado o ego do próprio presidente Lula, fugaz compensação pessoal que a História jamais contabilizou.

5 comentários:

Juarez Prieb disse...

A foto de Cuba está muito boa, mostra que existem estradas boas, energia elétrica e boa irrigação. O carro velho demonstra o sucesso na inversão de prioridades do governo cubano.

Anônimo disse...

E porque não fazer uma pesquiza na declaração de renda desta viuva faceira.

Como as mulheres estão mal representada em certos setores: Yeda, Zila, Kátia Abreu.

Como diz o paulista: Porra meu!!!

Claudio Dode

Nelson Antônio Fazenda disse...

Por essas e outras é que os companheiros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra precisa cada vez mais do apoio dos trabalhadores urbanos para sua luta. Luta que, afinal de contas, não é somente sua, mas de toda a sociedade.
Vida longa ao MST!!!

Anônimo disse...

Voltou a censura no blog?

Alice Mann disse...

A Confederação Nacional da Agricultura monta mais uma farsa, para se comprapor ao MST.
Qualquer estudante de Ciências Sociais sabe diferenciar os censos do IBGE e os levantamentos amostrais do IBOP. Estes não tem representatividade nenhuma, o que impede de qualquer generalização. Caberia ao Ministério Público investigar, decodificar, julgar e punir essas peças de propaganda enganosa,de difação e calúnia que estão sendo feitas pelos "donos de terra", bancada ruralista no Congresso e PIG, com o objetivo de formar uma opinião pública desfavorável ao MST.
Está na hora de um seguidor do Dep Adão Pretto entrar com uma representação, por falta de decoro parlamentar, contra esses deputados e senadores, caiados e demos, por disseminarem o preconceito contra os Trabalhadores Sem Terra. Por que estes não tratam de aumentar a produtividade de suas terras, ao invés de tentar impedir o curso natural da história e a democratização no país?

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