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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

De como os grandes anunciantes da mídia regulam as notícias veiculadas



A promiscuidade que achata a credibilidade de um jornal

Impacta e preocupa a notícia do jornal Zero Hora de ontem sobre a sonegação fiscal quase generalizada no setor supermercadista dos três estados do Sul. Cerca de 650 grandes varejistas estão implicados em fraude contra o ICMS, sendo que 190, só no Rio Grande do Sul. Segundo ZH, "a suspeita de fraude foi descoberta com o cruzamento de informações entre órgãos dos três Estados. O MP e as secretarias estaduais da Fazenda apuraram R$ 8,2 milhões em sonegação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos últimos cinco anos".

O fato é gravíssimo. Mas tem um agravante. Procurado pelo principal veículo da RBS, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, jogou a responsabilidade dos crimes cometidos por muitos dos seus associados nas costas do consumidor e na figura incógnita do que ele chamou de "receptador":

– O problema é o receptador. A compra sem nota e a falta de exigência da nota pelo consumidor fazem com que processos como esse continuem existindo – disse o presidente da Agas ao ZH.

A decisão editorial de ZH em noticiar o fato é meritória, porque necessária, mas a matéria fica pela metade. Não precisa e nem nomina quem são os fraudadores do ICMS no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Não esclarece que figura é essa denominada "receptador", apontado pelo presidente da Agas. A palavra do líder dos supermercadistas mais confunde do que esclarece, além de desabar a culpa por crimes de fraude fiscal, que alcançam mais 8 milhões de reais, sobre o inocente consumidor que não estaria exigindo a nota na hora da compra. Um argumento frágil, desviante e mal intencionado.

Assim, uma matéria que começou bem - informando um crime contra o Estado e a economia popular - acaba amesquinhando-se nas explicações confusas e infantis de um líder empresarial do setor que mais anuncia nas páginas de ZH, os grandes varejistas supermercadistas. Uma prova evidente que a linha editorial de ZH é modulada pelo interesse dos seus maiores anunciantes - mesmo que estes estejam enredados numa trama de crime/castigo.

Fac-símiles parciais da edição de ontem de ZH.

9 comentários:

Dr. André disse...

Apenas por uma questão de justiça e clareza. A mesma matéria e a mesma explicação saiu, ontem, no Correio do Povo. Acredito que o Ministério Público não divulgou o nome dos supermercados envolvidos pela fraude que, segundo a matéria do Correio, foi armada e lidera por um grande atacadista de Chapecó.

Juarez Prieb disse...

Dr. André, o senhor que é Doutor deveria saber ou intuir que um jornal como ZH deveria fazer uma reportagem investigativa mais completa sobre o grave caso. Como foi divulgado é apenas cópia de release emitido pela Receita Estadual e um rápido telefonema pro cara da AGAS. O repórter não levantou a bunda da cadeira, copiou o release oficial e deu uma ligada rápida pro xerife dos supermercados. Maravilha, deu a notícia que não poderia ignorar e fico tudo em paz com o anunciante. Belezinha!!!!!!!!!!!

jorge disse...

Um atacadista de Chapecó armou tudo isso? Reuniu 650 supermercados e deu um beiço no ICMS de 3 estados por 5 anos seguidos? Tá bom.

Faça-me rir doutor?

Dr. André disse...

Bueno. Esta foi a notícia divulgada. Antes de me criticarem leiam as matérias. Não estou fazendo juízo de valor, apenas esclarecendo um ponto. Fraudes fiscais ocorrem todo o dia, durante muito tempo, com diveras empresas atuando. É exatamente isso o que ocorreu no caso. Se acredito que o jornal deva "pesquisar", averiguar, buscar complementar as informações relacionando as empresas envolvidas? Sim, acredito. Mas não foi sobre isso que eu escrevi antes.

Anônimo disse...

Fazem todos os contorcionismos possíveis para desviar os olhos de Walmart, BIG, Nacional e Zaffari da vida, que sendo os maiores, provavelmente são os capitães da coisa toda.

jukão disse...

o cara que se apresenta como Doutor eu já fico com o pé atrás

já arranca dando carteiraço de sabichão

Marcelo Sperling disse...

Mais confuso do que esclarecido... é exatamente a sensacao com que eu saio toda a vez que eu resolvo ler o PIG.

claudia cardoso disse...

As compras, que realizo em qualquer supermercado, são acompanhadas de nota fiscal. Creio que o Pres. da Agas pode ter sido maldoso, ao tentar responsabilizar a população por não exigir nota da dona maria, proprietária do mercado da esquina.

Agora, deveria saber bem do assunto, ao responsabilizar a figura do "receptador", ou algo semelhante, como presidente da associação dos supermercados. A Dona da Daslu que o diga, né????

DANIEL disse...

É O EMBUSTE DA MÍDIA QUE NÃO PODEMOS TOLERAR !! CHEGA DE MENTIRAS E ARMAÇÕES DE CONLUIO SARCÁSTICO CONTRA OS CONSUMIDORES !!

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