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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

MEC simplesmente manda arquivar o caso Uniban


E perde oportunidade de fazer uma devassa nas picaretagens do ensino particular de terceiro grau

O Ministério da Educação vai arquivar o pedido de informações que seria enviado à Universidade Bandeirantes (Uniban) após a instituição desistir de expulsar a estudante Geisy Arruda. No dia 22 de outubro, ela foi humilhada e xingada por outros alunos por usar um vestido curto. Segunda-feira (9), a instituição anunciou que não vai mais expulsar a universitária. A informação é da Agência Brasil.

Para o MEC, o episódio foi superado com a decisão da reitoria de voltar atrás na expulsão. Ainda assim, a Secretaria de Educação Superior do ministério pretende acompanhar com atenção o processo de reinserção da aluna na instituição.

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O grave episódio da Uniban é sintoma. Mostra o quanto é crítica a situação das novíssimas Universidades particulares no Brasil. São falsas instituições de ensino superior, exclusivamente voltadas para faturar, em troca da concessão de um diploma ao cabo de alguns semestres de aulas formais, magras de conhecimento e gordas de boçalidade e estupidez.

Vejam que essa tal Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban), com campi no ABC paulista, no Paraná e Santa Catarina, é considerada a quarta Universidade brasileira, em número de matrículas, no entanto, está em 159o lugar entre as 175 avaliadas pelo MEC. Pode-se concluir, então, que a Uniban é a 16a pior Universidade do Brasil. Mais: que a qualidade de seu "ensino" está na razão inversa do número de alunos que abriga, ou do número de vítimas que seduz em troca de um aprendizado nulo, com a difusão de "valores" que ficaram vergonhosamente escancarados no recente incidente da moça de vestido curto.

O caso Uniban foi manchete nos principais jornais do mundo, pelo caráter regressivo/reacionário dos elementos subjetivos que expôs, em contraste com a imagem internacional do Brasil que é o inverso disso, a imagem de liberalidade nos costumes, destravamento, leveza existencial, tolerância étnica, aceitação da diferença, isolamento da misoginia, etc. A Uniban é uma vergonha internacional a que todos os brasileiros estão submetidos, motivo de chacota e piadas cruéis.

Face a esse coquetel de questões perturbadoras e sintomáticas que suscita, nem assim o MEC se sensibilizou com o alcance e a profundidade do caso Uniban. O MEC simplesmente manda arquivar o caso.

Lamentável. Com tantos avanços e conquistas nestes últimos sete anos, o MEC perde oportunidade de começar uma devassa nessas "Universidades" e cursos de mentirinha, mas que constituem verdadeiras casas da moeda para seus investidores inescrupulosos e gananciosos. Mais um ponto negativo para a coluna de débitos do lulismo de resultados.

8 comentários:

Anônimo disse...

muito bom!

Anônimo disse...

Num pais de muito sol e calor, costumes abertos o que vimos foi o a volta a idade negra onde tudo podia levar a fogueira. è uma pena que uma Universidade se preste a este papel e permita que o falso moralismo de seus academicos orientem suas decisões.

Anônimo disse...

Essa universidade (?!) tem como um dos fundadores e protetor (?!) o bicheiro e contraventor Ivo Noal. Noves fora, trata-se de um lixo de escola com uma boa parte dos alunos formados pela matéria prima do lixo.

armando

Anônimo disse...

Feil, comente as eleições pro DCE da UFRGS, o PT, o PSTU e o PSOL lançaram cada um uma chapa. Esse ano a outra chapa, apartidária de direita, ganha

Anônimo disse...

Esse MEC é muito tímido e o LULA não o merece...Não é o primeiro episódio de covardia...Meu abraço, Lúcia Medeiros

Anônimo disse...

O Min. Haddad estará em Porto Alegre no dia 28/11. Creio ser uma oportunidade para pedido de esclarecimentos sobre o caso.

Anônimo disse...

perguntinha básica aos empregadores: vc contrataria um "profissional" formado por essa faculdadezinha caça-níqueis?

Anônimo disse...

Concordo quanto à absoluta falta de qualidade dessas "universidades" e com o restante do discurso. Agora, vamos ser honestos: a responsabilidade por esta situação não é só dos sucessivos governos e dos empresários gananciosos e picaretas. É preciso reconhecer que essa massa é jogada nessas instituições, em primeiro lugar, pela ABSOLUTA FALTA DE VAGAS NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO. E o que fizeram, historicamente, os movimentos docente (principalmente) e estudantil? Até onde sei, nada. Nunca se preocuparam com a insuficiência de vagas no ensino público superior no Brasil (preocupados demais que estavam com os seus próprios umbigos, como foi dito no blog a respeito dos estudantes da Uniban). Não bastasse isso, quando o "lulismo de resultados" resolveu abrir mais vagas no ensino público superior, através do REUNI, ou muito me engano ou não contou com o apoio da maior parte dos docentes. Como se sabe, boa parte dos professores, em alguns cursos, simplesmente se recusa a ministrar aulas de noite (embora muitos deles tenham dito seus doutorados e/ou pós-doutorados no exterior pagos com o dinheiro público). Por essas e outras, não dá para colocar a culpa por esse estado de coisas apenas nos sucessivos governos, no MEC, etc. Uma auto-crítica de parte da esquerda (que domina, há muito tempo, esses dois movimentos que citei), não viria mal ...
Carlos

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